Como Fogo e Pólvora | SASUSAKU

Capítulo 5

ANTES

(HÁ 5 ANOS)

SAKURA HARUNO 

Descobri que Sasuke tocava piano depois de quase um ano desde nossa aproximação, bem quando o cara que chamava ele de meu bem parou de ir até sua casa.

Eu meio que fiquei agradecida por isso. Sentia tanto ciúmes que meu peito se contorcia a ponto de eu pensar que daria algum tipo de nó.

Naquela tarde fazia um calor quase insuportável. Era verão, e eu estava de férias da escola e do balé. Meus primos haviam ido todos os três para Rivera, uma cidade não muito longe da nossa, para "resolver questões do Darx". Isso implicava que eu não iria para o bar aquela noite, porque para que eu subisse no palco, um dos três deveria estar lá.

Minha tia estava preocupada com os filhos, ela sabia o que aquela viagem significava: acordo de drogas. O traficante com quem eles pegavam cocaína e um monte de pílulas, foi pego pela polícia na semana retrasada junto com Zetsu, um dos amigos de Hidan, que estava no lugar só para pegar mais "suprimentos" para o bar. Kakuzu e Hidan decidiram que ficariam com as portas fechadas por um tempo até que a poeira baixasse, porque o fato de Zetsu ter sido pego chamou muita atenção.

Eu fiquei aliviada quando soube que não teria que trabalhar nos finais de semana — pelo menos não tão cedo. Porém, como a grana vinda do bar que colocava comida na nossa mesa, tudo ficou muito mais difícil, e pouco dinheiro era sinônimo de irritabilidade na minha família. Por isso estava evitando Tsunade. Ela passou a resmungar muito mais que o normal, andando pela casa de um lado para o outro, sem parar.

Aproveitando minha pequena liberdade, saí sem pedir permissão e fui direto para um parque que havia no bairro. Era um lugar cercado por arbustos e coberto por grama. Tudo ali era muito mal cuidado, porque normalmente não tinha ninguém por perto num raio de dois quilômetros. As pessoas do bairro não deixavam os filhos ficarem no parque porque aquela área da cidade era perigosa, e nenhuma mãe confiava o suficiente. Eu, claro, nunca me preocupei com essas merdas. As más companhias da cidade moravam comigo.

Haveria um festival de outono, em setembro, pouco depois do balé voltar das férias. Aproveitei para repassar a coreografia em minha própria cabeça, temendo esquecê-la por não praticar devidamente. Passo por passo, de olhos fechados e deitada sobre a grama já grandinha do parque, me imaginei dançando, vestida com o figurino, um coque bonito, sobre um palco ornamentado e luzes chamativas. Todos olhavam para mim; a atenção estava nos meus movimentos, na minha respiração. Então eu girei e-

Uma mão pesada foi de encontro aos meus olhos no meio da minha fantasia adolecente, e antes que eu pudesse gritar, uma outra tapou minha boca de tal modo que não conseguia nem abrir os lábios.

Havia um joelho entre os meus e algum peso sobre meu peito. A pessoa em cima de mim deixava claro que eu estava cativa a ela.

Caralho.

Conseguia ouvir meu coração com clareza e ele gritava, desesperado. Estava tão apavorada que nem me debati, só fiquei ali, engolindo meu pavor e minha respiração conforme sentia claramente em minha pele o ar que saía das narinas do desconhecido que me prendia.

— Está com medo?

Meu sangue congelado voltou a correr quando ouvi a voz dele.

Sasuke, desgraçado.

Minha mão foi direto para seu pulso, e eu o apertei bem ali, mas não o tirei de cima de mim.

— Estava com medo, certo? Porque agora que ouviu minha voz não está mais.