Capítulo 14

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ANTES

(HÁ 4 ANOS)

SAKURA HARUNO

— Nunca mais vi sua mãe. Ela arrumou um emprego ou algo assim? — perguntei a Sasuke e ele me olhou de esguelha.

Era domingo de manhã, não havia nem passado das nove. Eu, Sasuke e seus irmãos fomos ao parque municipal do bairro. Shisui e Itachi chutavam uma bola de futebol de um lado para o outro. Sasuke e eu, por outro lado, contentamo-nos a assisti-los.

Estava cansada. Havia trabalhado na noite anterior, no Darx, como sempre. Meu tornozelo ainda não estava cem por cento, mas a partir do momento que voltei para o balé, e Hidan retorno a cidade, ele me deu o ultimato para retornar ao seu buraco; seu bar de merda.

— Algo assim — Sasuke me respondeu.

Vago.

Falar sobre sua família era como falar da minha. Mantinhamos nossas merdas para nós mesmos.

Suspirei, deitando sobre a grama. Já entrávamos em novembro, e o clima estava ficando mais frio. Mesmo sob duas camadas de blusas, que me embrulhavam do pulso até o pescoço, ainda sim parecia bem gelado para mim. Entretanto, já haviam dito no jornal que a neve só chegaria em janeiro. Mais um natal sem nenhuma neve.

Não que para mim fosse importante nevar no feriado, mas é que quando nevava, eu não trabalhava, porque o aquecedor do Darx era uma merda, e ninguém queria me ver com roupas de inverno.

Não que Hidan ligasse sobre o fato de eu passar frio, mas no primeiro ano em que estive trabalhando para ele e não parei quando o frio começou, fiquei doente, com febre, ânsia e dor de garganta, uma gripe que nunca sarava. Para ele era mais vantajoso preservar minha saúde, porque, como eu era menor, alguém sempre tinha que me levar ao médico ou comprar coisas para minha doença, e ninguém naquela casa gostava de ser babá.

Sasuke deitou ao meu lado. Eu virei a cabeça para encará-lo. Já havia algum tempo que seu semblante parecia mais preocupado que o normal; mais incerto.

— O que há com você? — sussurrei, mas ele não me encarou.

— Já teve a sensação de que os problemas nunca acabam? E que quando você acha que vence um, ele retorna e te prova que ainda é tão forte quanto da última vez que apareceu?

— Já. — Nem precisei pensar para respondê-lo.

— Sempre estou sobrevivendo a guerras, Sakura. Uma luta atrás da outra. Ainda sim, até hoje não venci nenhuma delas. — Sua voz soava como um lamento. Eu observava seu peito subir e descer, combinado com a profundidade das palavras dolorosas e reais que deixavam sua boca. — Você sente como se já tivesse feito mais do que sobreviver todo esse tempo? Sente, Sakura?

— Não. — Seu silêncio tinha algo compreensível nele. — Mal tenho sobrevivido. Vencer é quase irreal, um sonho de criança que tenho dentro de mim.

— Um sonho de criança... — ele repete. — Parece com algo assim mesmo. Inalcançável e fantasioso.

— Exatamente assim.

— Eu fico pensando se será desse jeito a vida inteira. Sabe, essa luta.

— Acho que vai depender das nossas escolhas.

— Bom, não depende das nossas escolhas agora. Não é escolha sua estar na casa da tia e ter ficado lá durante grande parte da sua vida, assim como muita coisa não foi escolha minha também. O máximo que podemos fazer é abraçar as oportunidades que aparecem, ainda sim, tudo é muito difícil.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora