Capítulo 22

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AGORA 

SAKURA HARUNO

Consegui uma posição no corpo de baile para as apresentações que a academia iria fazer no natal. Iriamos apresentar o quebra-nozes. Era de se esperar, já que as Companhias de dança amam grandes shows. Para os bailarinos clássicos, dançar o quebra nozes é sinônimo de férias. Sempre temos recesso após o Natal.

Quando a folha com os nomes dos bailarinos e suas posições no repertório foram coladas nas paredes dos corredores de Maurice, eu sequer fiquei ansiosa. Estava há pouco tempo na Companhia, e não imaginei que pegaria uma posição relevante, no entanto, fui designada para dois corpos de baile seletos. Tudo bem que a peça era enorme e tinha muitos atos. Tudo bem que dançaríamos por três horas, mas valia a pena, porque tudo era lindo, e a última vez que dancei isso eu tinha uns dezesseis ou dezessete.

Karin ficou mais uma vez fora dos holofotes, mas eu havia conversado com ela vezes o suficiente depois disso para saber que dessa vez ela não seria hostil comigo. Nem com Naruto, na verdade. Contudo, a vi desdenhando de Hinata na semana passada.

Eu não me meti. Ninguém se meteu. Parecia que a história se repetia, mas a pirraça de Karin era diretamente com Hinata, e, quando a perguntei sobre, ela me disse: Você não entenderia.

Talvez eu realmente não entendesse, então deixei que elas se resolvessem sozinhas, porque, embora Hinata nunca tenha falado diretamente de Karin para mim, um dia, depois de um dos meus ensaios eu as ouvi discutir no vestiário, e Hinata parecia muito diferente do que era na minha frente. Ela gritou com Karin, e eu a escutei falar que chupando pau ou não, havia conseguido chegar onde chegou, ainda disse que, se Karin quisesse, podia arrumar um pau premiado para ela também. Karin chamou Hinata de piranha, disse que ela não imaginava onde se metia. Hinata respondeu que escolheu sua profissão, e que faria o necessário.

Quando elas me viram na porta, encarando-as em silêncio, cada uma foi para um lado. Eu não contei para ninguém. Achei que Hinata era minha amiga o suficiente para chegar em mim e me falar sobre isso sem que eu a pressionasse, mas estava tão enganada. No entanto, eu também guardava segredos dela, então, como poderia julgá-la?

Não estava na melhor fase da nossa amizade recente. Naruto viu o nome dela colado na parede como a bailarina escalada para fazer a Fada Açucarada. Era um papel importante demais pelo tempo que ela tinha de casa, mas Hinata não foi até nós para contar sobre isso. Ela agiu como se não fosse muita coisa, e nós a assistimos se afastar, um pouco de cada vez.

— Desculpe a demora. — Reconheci a voz sem ter que me virar para olhar quem era. — Fui pegar o violão com o Juugo.

Estávamos no terraço do prédio em que morávamos. Eu sequer me surpreendi com sua chegada. Havia visto seu carro estacionar no meio fio.

— Juugo? — Virei em sua direção. Sasuke estava escorado na parede ao lado da porta que dava acesso às escadas. Ele sorriu para mim, e eu sorri de volta.

— O cara que canta na minha banda.

— Ah, claro. De qualquer forma, foi bom. Tive tempo de montar as coisas aqui.

— Ficou ótimo, de verdade.

Olhei em volta, dando uma avaliada no lugar. Tive uma ideia de última hora para o nosso próximo vídeo do concurso: Peter Pan.

Sasuke achou meio infantil de início, principalmente porque o tema era Como Fogo e Pólvora, mas eu o convenci bem rapidamente quando comecei a falar sobre o egoísmo que envolvia a história. Sobre amadurecimento e comprometimento. Sobre o amor que nunca foi.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora