Como Fogo e Pólvora | SASUSAKU

Capítulo 7

ANTES

(HÁ 5 ANOS)

SAKURA HARUNO 

Não vi Sasuke durante os próximos dois dias desde que o peguei me encarando através da janela, contudo, encontrei com Ino, e ela começou a se despedir de mim um pouquinho a cada tarde. Meu coração foi ficando bem pequeno, porque havia uma parte dele que era só dela.

— Queria ficar um pouco mais na cidade — Ino me confessou com um sussurro

— Queria que você ficasse um pouco mais — assim, eu poderia ter mais tempo para tentar esquecer ele com você.

Embora soubesse que isso era uma coisa cruel para se fazer, o fato de pensar que poderia ser muito possível, fazia com que eu não me importasse de ser coisa de gente baixa.

— Não acredito que hoje é a última vez — ela se aproximou um pouco e me beijou na boca.

Nós estávamos deitadas no sofá da casa de sua mãe, que trabalhava durante o dia num escritório de advocacia no centro da cidade. Ela era secretária ou alguma coisa assim. Eu imaginava que deveria ser uma vida solitária, já que a filha mora com o pai, mas Ino disse que as coisas eram melhores desse jeito, então acreditei nela.

Apesar de termos pensado que nosso verão se estenderia por mais algum tempo, ligaram para Ino na noite retrasada. Sua madrasta havia dado à luz, e estava internada com o filho. Ela mal tinha entrado no oitavo mês de gestação, por isso, precisavam de Ino em casa.

— A última vez desse verão — eu a corrigi.

— Tem razão... ainda terão um monte deles. Mas eu vou pra faculdade, você sabe.

Engenharia Biológica. É, eu sabia, embora não fizesse ideia do que significasse esse curso.

— Em algum momento terá que visitar sua mãe, certo?

— Sim. Certo. — ela sorriu, encaixando sua cabeça próximo ao meu pescoço. — Além do mais, se eu não fosse embora agora, você enjoaria de mim. Enjoaria muito fácil.

— Não. Definitivamente. Mas aposto que você não suportaria a vida ao lado de uma bailarina. Agora é legal, eu tenho tempo de sobra, mas se você morasse aqui e tivesse que ver o que eu passo todos os dias para dançar, ia desistir de nós duas no final do segundo mês.

— Isso foi tão específico.

— É que acontece muito. — ela revirou os olhos.

— Você é maravilhosa. Se dependesse de mim, isso aqui não ia ser uma coisa de verão.

Ino estava tão errada. Embora dissesse que nossa relação pudesse dar certo além daquela estação, ela não entendia que o que nos fez vingar foi a data de validade dos nossos beijos.

E a ausência dele.

Mesmo eu gostando dela, uma hora seus pensamentos sobre como eu nunca tinha tempo para nós duas iria acabar tomando conta de sua racionalidade. Se Ino ficasse na cidade ela não seria especial. Nós não seríamos nada. Mas ela estava indo embora, então, naquele momento, eu lamentava muito sua partida, porque ela foi uma paixão que me deixou louca.

— Queria que você pelo menos pudesse me ligar.

— Sabe que não tem como — subi minha mão pelas suas costas, bem por debaixo da camisa, sentindo sua pele arrepiar.

— Mesmo assim — ela se contorceu toda para enfiar a mão no próprio bolso, entregando-me um recorte do tamanho de sua palma. — Espero que guarde. — Ino murmurou contra minha bochecha. — Espero que coloque em cima da sua cama e que pense em mim por meses. Por meses, Sakura.