Como Fogo e Pólvora | SASUSAKU

Capítulo 21

Oii, não sei se alguém tem acompanhado a história por essa plataforma, mas espero que estejam curtindo. <3 

AGORA

SAKURA HARUNO

Cheguei no apartamento já era tarde. Saí com Naruto depois do expediente.

Fui deixando as coisas pelo chão, entrando meio sem jeito conforme tirava os sapatos, pensando que teria que acordar no mesmo horário de sempre para dar uma arrumada ali. Tentei ao máximo não pensar em Sasuke e no fato de que estava no apartamento ao lado, depois de tudo que aconteceu.

Estava totalmente consciente de nossa proximidade. Totalmente consciente de que agora éramos mais uma vez, vizinhos. Totalmente consciente do seu beijo, seu toque, sua língua e sua promessa de me comer.

Suspirei pesado, coçando minha cabeça dolorida, ainda de coque.

Suigetsu havia me mandado mensagem de tarde, perguntando se eu tinha lembrado de pegar outra sapatilha para usar na aula de balé contemporâneo. A minha havia enganchado no zíper da minha bolsa e abriu inteira.

A verdade é que não lembrei. Mandei três pontinhos para ele, que me respondeu com um monte de carinhas sorridentes. Suigetsu, na maior parte do tempo, se comunicava com emojis. Quando não era isso, falava por frases escritas pela metade, como se isso fosse lhe poupar tempo para escrever direito.

Karin estava de costas para mim, na bancada da cozinha, cortando um abacate ao que me parecia de longe. Se não estivéssemos em guerra desde a terceira semana que nos conhecemos eu teria pedido para que fizesse o que estava preparando para mim também.

Quando eu chegava perto dela, prendia até a respiração. Não gostei de como agi da última vez que discutimos, e, menos ainda, de como ela agiu comigo. Era como se Karin, do jeito que era, despertasse meu pior lado. Como se ela despertasse a verdade escondida debaixo da minha pele.

Sempre fui inconsequente, vingativa, e boca suja. Mas não em Maurice Beauvoir. Não com Naruto e Hinata, que eram pessoas muito boas. Ao me mudar para Sartre, prometi deixar o passado, e todas as coisas ruins, inclusive partes minhas. Partes que eu não gostava mais. Partes que me faziam lembrar de Sasuke.

Que estava com sua lingua na minha boca na noite anterior.

Abri a geladeira e quase me debrucei para dentro dela. Tinha um pouco de iogurte ainda, e eu sabia que podia pegar um pacote de morangos no congelador.

Assim que estendi a mão para pegar o iogurte escutei um fungado. Uma coisa baixinha e contida, como se estivesse sendo disfarçada com muita dificuldade. Mal deu para ouvir, e por um momento, cheguei a pensar que era coisa da minha cabeça.

Então, mais um, ainda mais baixo que o outro.

De cenho franzido e ouvidos atentos, peguei o que precisava e fui para ao lado de Karin, ligando o liquidificador para bater os morangos e jogando um bocado de iogurte também. Um suspiro profundo me deixou mais ligada, contudo, mantive uma expressão plácida no rosto.

Liguei o aparelho em alta velocidade para que o barulho distraísse Karin da minha encarada nada sutil. Estávamos a pouco menos de quarenta centímetros uma da outra. Sobre os ombros, eu a observei quieta. Sequer ousei respirar.

Ela estava com os olhos fixos no que fazia, picando um tomate por cima do abacate que já estava no potinho a sua frente. Não sei se soa como uma bobagem, mas eu conseguia sentir sua angústia, mesmo que não a tocasse, mesmo que só desse para ver seu peito subindo e descendo mais rapidamente.