Capítulo 25

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PASSADO

(Há 3 anos)

SASUKE UCHIHA

Passei meses pensando em como iria livrar Sakura dos primos sem comprometê-la. Sabia que se envolvesse ela na situação, iria ser mais doloroso. Sakura sequer contava para mim o que acontecia com ela. Ela sequer me dizia o que fazia aos finais de semana, dançando com aqueles doentes olhando para ela, então eu sabia que isso não poderia vir à tona, por isso escolhi fazer tudo no silêncio.

A depender dela, sabia que seus primos nunca seriam punidos. Susana tinha mais receio do desconhecido do que sobre o que era corriqueiro, e eu sabia exatamente a hesitação que se vive uma vítima, porque, apesar de tudo que Danzou me fez, eu nunca o denunciei. Nós fugimos; eu, minha mãe e meus irmãos. Mas jamais tive coragem de levá-lo a justiça. Sei que é difícil dizer algo, principalmente quando os abusadores fazem parte da família. Denunciar um abuso é se expor, e nem sempre estamos preparados. Por isso, eu decidi que jamais iria comentar o que acontecia com ela, com ninguém. Para seu próprio bem.

Gai tinha um irmão. Ele era Comissário de Polícia. Sempre via-o na borracharia enquanto eu ainda trabalhava lá.

Mesmo Gai se mudando, seu número continuava gravado no meu telefone, e, depois de muito pensar, liguei pra ele e implorei por ajuda. Fui tão sincero... acho que nunca me expus de tal forma. Estava perdido, e queria vingança por Sakura como se quem sofresse fosse eu.

Ele ouviu tudo calado. Não sabia o que dizer no final. Perguntou se foi por isso que não aceitei ir embora com ele, e eu respondi: também.

Depois de um suspiro longo, enquanto meu coração batia no peito como uma marreta estrelando o concreto, ele falou que iria conversar com Asuna, seu irmão.

Alguns dias depois, Asuna me ligou.

— Você tem provas? — ele me perguntou.

— Tenho. — Mentira.

— Trás o que tiver pra mim, que vejo se dá para abrir uma investigação.

— E se eu não tiver provas o suficiente.

— Se quer ajudar sua namorada é melhor que tenha algo. Sem nada concreto e sem flagrante não dá pra deter ele. Só consigo prender se for dessa forma.

— Flagrante? Então se tiver os dois, é melhor?

— Se tiver os dois, ele vai ter que arrumar um bom advogado se não quiser continuar preso depois dos quarenta.

Então, eu comecei a reunir evidências da sujeira de Hidan, e Sakura quem me concedia as melhores informações, mesmo sem saber.

Sabia quando ele saía, quando ele ia para o bar, quando ele pegava mais drogas na outra cidade, quando ele ia para casa e quando aparecia no bairro ao lado atrás de meninas para trabalharem no seu negócio de merda.

Vendi a televisão do meu quarto para comprar uma câmera. Tirei fotos de Hidan indo buscar drogas na outra cidade, fotos da placa do carro, fotos dele chegando furtivamente para deixar as drogas no bar, fotos dele no bairro vizinho chamando garotinhas para fazer parte do seu clube, e ostentando com prostitutas na varanda da frente de sua casa...

Eu até mesmo voltei no bar e gravei com a péssima qualidade do meu celular como as pessoas cheiravam livremente no Darx, a forma como as pessoas se sentavam na mesa suja, tomabavam a cabeça e se esbaldavam com as porras que ele vendia.

Eu sabia que na próxima terça-feira ele ia chegar com mais carga. Perguntei a Sakura se ela sabia qual a próxima vez que Hidan ia se ausentar, e disse que era para colocar nosso plano de fuga em prática. Ela falou que seria no domingo. Normalmente, ele ia de madrugada e voltava dois dias depois. Se eu tivesse sorte, era isso que aconteceria dessa vez também.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora