Capítulo 11

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ANTES

(HÁ 4 ANOS)

SASUKE UCHIHA

Eu estava do lado de fora de casa, com Shisui nos braços. Ele tinha cinco anos, havia feito em maio, mas ainda era um bebêzão, e sempre que chorava, só acalmava com colo.

Ele estava mais tranquilo há algum tempo, mas o ar de nossa casa começou a pesar de novo, há alguns dias e, bem, crianças pequenas sentem esse tipo de coisa. Elas sentem quando não estão mais seguras.

E ele não estava.

— Tá tudo bem, gordinho, você ficou chateado, eu entendo, mas não precisa chorar assim. Não pode comer bolo agora, mas amanhã de manhã vai poder, assim como eu te disse. Agora é hora de dormir.

— Mas eu quero — fungou.

— Sei que quer. Amanhã posso te dar — apertei seu pequeno corpinho contra o meu, sentindo o ombro molhar com suas lágrimas.

Hoje eu havia ido para a Academia Merveilleux Danse na parte da manhã. Ao que parece, a noite o pianista principal da academia ensaiaria com os bailarinos mais importantes, então eu fiquei com a música para os pirralhinhos mais novos. A maioria deles pareciam pequenos robozinhos programados. Prestavam atenção na aula, eram educados e silenciosos. Senti dó quando vi, porque toda aquela rigidez não parecia ser boa.

Estava agora, aguardando. Não sabia o quê exatamente, mas esperava algo. Enquanto tentava tranquilizar Shisui, vi o otáriotristedo Hidan, primo de Sakura, saindo de sua casa com um sorriso estranho nos lábios. Um sorriso de vitória.

Por isso, continuei ali, tomando algum sereno, com Shisui vestindo minha blusa de frio — o que, para ele, assemelhava-se mais como uma coberta. Queria saber o que Hidan aprontava, porque ao invés de ir embora, ele continuou onde estava, dentro do seu carro, parado como uma estátua, no escuro total.

Sabia que ele trabalhava num bar com a mãe e os dois irmãos babacas. Sabia também que Sakura trabalhava nesse mesmo bar nos finais de semana. O que eu não entendia, é que ele nunca se preocupou com seu horário.

A bicicleta dela estava na entrada da casa, o que significava que Sakura estava ali. Eu já a vi perder carona com seus primos e ir a pé por conta disso, com uma mochila enorme nas costas, então, o que havia mudado?

Shisui havia se acalmado em meu colo. Sua pequena mão enroscava-se nos cabelos da minha nuca, segurando-me com força bem ali. Sabia que ele não demoraria a dormir.

Vi as luzes logo à minha frente se apagando cômodo por cômodo, e as janelas ficando como um breu. A porta da frente abriu devagar, e de lá saiu Sakura, vestida como se fosse para o balé, de collant cor-de-rosa e saia transparente, meia-calça e sapatilhas na mão. Só o cabelo que não parecia usual de quando a vi pronta para o balé. Estava solto, cheio com seus cachos grandes enrolados uns nos outros.

Ela parecia... aérea. Olhando para o chão, com as pernas bambas, e inquieta com os dedos das mãos. Caso tivesse olhado uma única vez para o lado, teria me visto. Mas ela não olhou. Continuou seu caminho, sem nenhuma blusa de frio para cobri-la, então, entrou no banco do carona do carro do primo, batendo a porta com força.

— O que? — Vi aquilo um tanto confuso.

Fiquei ali, parado, observando o carro se afastar depressa, cantando pneu e tudo mais.

Apertei meu irmão mais firme em meus braços. Se ele não estivesse comigo eu teria ido atrás dela. Se minha mãe estivesse em casa, eu iria atrás dela.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora