VINTE E TRÊS

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Vou deixar bilhetes para você
Por baixo da sua porta
Sob a Lua que canta
Bem perto do lugar onde seus pés passam
Escondido nos tempos difíceis de inverno
E quando estivermos sozinhos por um instante
( Je te laisserai des mots - Patrick Watson)

ANA LUIZA

– O que é isso? – Abel pergunta sorrindo assim que eu chego em sua casa com um buquê de flores na mão, ele tinha um sorriso tão grande nos lábios que faz eu pensar que era uma das primeiras se não a primeira vez que isso acontecia.

– Eu sempre me pergunto porque homem não ganha flores igual mulher, só quando morrem, isso é errado né? – Ele pega o buquê em sua mão e me dá um selinho demorado.

– Eu amei muito, obrigada linda.

Eu sorrio entrando no seu apartamento com a minha mochila que conhecia mais do que nunca aquele lugar.

– A Laura ficou com o Chico, mas acho que a bondade dela não vai durar muito tempo. – Brinco enquanto ele escolhe um vinho pra gente tomar.

– Vamos comprar algumas coisas pra deixar aqui pra ele. – Ele fala e eu me surpreendo com as respostas, e apenas concordo. – Eu nunca pensei com essa rotina louca ter um cachorro.

– Nem um filho. – Brinco me referindo ao cachorro e ele me olha assustado. – Estou me referindo ao cachorro.

– Eu sei, mas sim, totalmente sim.

Concordo com a cabeça tomando o vinho e vendo-o com uma carinha de cansado do meu lado.

– Estão sendo dias difíceis?

– Muitos jogos um em seguida do outro, pelo menos os jornalistas me deram uma trégua.

– Eu acho que tenho uma amostra do novo creme corporal da The 1 que é de canela, poderia fazer uma massagem em você se você quiser.

– E você sabe fazer massagem?

– Posso ser melhor do que você imagina.

Ele joga as mãos para o alto com quem pede desculpa e sorri.

– Vamos jantar, e depois eu aceito sim.

Eu concordo empolgada, amava fazer massagem nas pessoas, elas normalmente ficavam outras pessoas.

– Falando em jantar, preciso te mostrar uma coisa. – Eu entrego pra ele o mesmo envelope que havia mostrado pra Laura e ele olha de forma estranha pra mim e abre, assim que ele começa a ler as primeiras palavras, ele joga o envelope longe e me abraça forte, me tirando do chão.

– Eu falei pra você Ana Luiza, você é foda pra caramba, olha isso... Parabéns Linda, estou orgulhoso demais de você. – Ele me dá um selinho demorado e eu sorrio com a sua felicidade.

– Ainda parece um sonho.

– Você é merecedora de tudo.

– Preciso te contar outra coisa. – Falo me sentando na mesa depois de pegarmos as coisas.

– Eu também preciso.

– Quer contar primeiro?

– Conta você.

– A Gucci me chamou pra participar do desfile deles na SPFW, eu não sei desfilar mas a Laura disse que eu vou ter aulas, é daqui um mês.

– A Gucci? Caramba Luli, olha aonde você está chegando, essas marcas vindo até você.

– Isso faz a minha mente sonhadora pensar em uma colab com eles, sei lá, alguns produtos vindo dentro de bolsinha deles? É um custo alto, não poderia obviamente vender em qualquer lugar, mas seria coisa de outro mundo.

dangerous | abel ferreira Onde histórias criam vida. Descubra agora