dangerous | abel ferreira

TRINTA E CINCO

Dê tudo de si para mim
Eu vou dar tudo de mim para você
Você é o meu fim e o meu começo
Mesmo quando eu perco, estou ganhando
Porque eu te dou tudo de mim
E você me dá tudo de você, oh-oh
(All of me - John  Legend)

ANA LUIZA

Acordei e a primeira coisa que eu fiz, foi colocar a mão na barriga, fazia dois dias que eu havia descoberto e essa era a minha reação a toda hora, era engraçado, era possível existir um instinto de proteção tão cedo? Me sentia uma leoa protegendo meu bebê.

Passei os dois últimos dias praticamente trancada no quarto, não era por nada, mas eu estava com tanto medo de que alguma coisa acontecesse que eu queria ficar quietinha, pensando em quais seriam os meus próximos passos, tentar ficar calma, e não pensar tanto nos últimos acontecimentos.

E com esse tempo, eu resolvi que a melhor forma de contar pro Abel que eu estava grávida, era por meio de uma carta, eu provavelmente olharia pra ele e choraria na primeira palavra, então elaborei essa carta com tudo que estava sentindo, e tudo que eu queria que ele sentisse, e mandei uma mensagem pra ele a alguns minutos, perguntando se podíamos conversar, depois de ignora-lo praticamente por três dias.

– Eu sei que você está ai nessa vibe retiro espiritual, mas preciso te contar uma coisa. – Minha mãe fala entrando no quarto e eu fecho a caixinha que eu tinha preparado com o sapatinho, e o teste de gravidez para entregar depois da carta pra ele, além disso tinha comprado um perfuminho de bebê pra deixar a caixa bem cheirosinha.

– Não quero saber de nenhuma bomba.

– Filha...

– O que você acha de eu lançar uma linha baby na The 1? – Tento mudar de assunto pois pela a cara dela eu sabia que viria bomba.

– Me ouve!

– Ok.

– O seu pai me ligou, e disse que o Abel pediu pra encontrar ele e acabou com a vida dele. – Ela fala e eu arregalo os olhos. – ele estava super bravo, dizendo que preferia o Abel de longe e que você é tão desaforenta que foi pegar logo o ídolo dele pra ele passar a odiar até isso.

Ela fala e eu mordo os lábios segurando o riso.

– Karma's gonna track you down, step by step, from town to town. – Canto a música da Taylor e minha mãe começa a rir.

– Você não tem jeito.

– Na verdade mãe, eu estou tão feliz com isso. – Aponto pra minha barriga. – Que meu pai não me afeta mais, não fui eu que falei pro Abel ir até ele, mas de certa forma eu fico em paz em saber que, ele não é absolutamente nada do que meu pai pensa.

– No fundo seu pai sabe, ele só quer te afetar.

– Eu já te falei que não tem motivos pra você voltar pra ele mamãe, olha, modesta parte meu apartamento é bem lindo e chique, eu ia amar a senhora aqui, não sei qual vai ser meu futuro com o Abel, mas eu queria tanto que você estivesse pertinho de mim na minha gestação, eu não quero me sentir sozinha.

Ela da um sorriso, e eu a conhecia pra saber o que aquilo significava, ela também não aguentava mais meu pai, e isso que ele fez comigo foi a gota da água.

– Conversamos sobre isso depois, acho que você tem coisas pra resolver hoje, não é?

Ela fala e eu concordo com a cabeça pegando a caixa na mão e colocando a carta por cima.

– Eu estou com medo da reação dele. – Falo sentindo meu coração disparando, e minha mãe balança a cabeça negativamente.

– Bobeira, eu tenho certeza que vai ser ótima.