dangerous | abel ferreira

QUARENTA E UM

Amor, você pode me encontrar debaixo das luzes
Diamantes debaixo dos meus olhos
Acelere o ritmo, você não quer simplesmente
Se juntar ao passeio?
(Dance  The Night - Dua Lipa)

ANA LUIZA

Estava passando e dobrando algumas roupinhas do Fe, eu amava esse momento, adorava pegar cada uma, lavar, eu mesma com todo o cuidado, passar e dobrar na malinha dele. Como iríamos mudar, o que tudo indicava no meu 8º mês, tudo que eu comprava do Fe, eu lavava e já deixava dobrado ou dentro de mala ou dentro da caixa, deixando ela aberta e sempre em uma temperatura boa para não pegar mofo, sabia que eu lavaria tudo de novo quando chegasse na casa nova, mas não me importava.

– Luli... – Maria Inês aparece na porta do quarto com uma cara de cachorro sem dono e eu olho pra menina já esperando que viria bomba, passamos o mês todo juntas, elas iriam embora em 3 dias, eu já as conhecia bem.!

– Vai pedir o que?

– Por favor Luli, me leva pelo menos num barzinho, eu sei que tem alguns barzinhos que nem pede identidade, lá em Portugal eu não tenho essa oportunidade.

– Eu vou falar com seu pai.

– Ele não vai deixar, ele não precisa ficar sabendo.

– Você quer fazer isso escondida dele, tá maluca?

– Por mim.

– E você já pensou se sua mãe descobrir? A responsabilidade que vai vir pra cima de mim?

– Tudo bem... – Ela fala com uma carinha triste e eu respiro fundo.

– Eu vou conversar com ele, eu vou ver o que consigo fazer.

Ela abre um sorriso enorme e vem me abraçar, retribuo sabendo que o pior estava por vir.

Vou até o escritório dele, ele estava trancado lá a umas duas horas em chamada de vídeos com a comissão técnica, tudo isso pra copa do Brasil, dou algumas batidas na porta e quando abro ele me dá um sorriso leve.

– Não acha que está na hora de parar de trabalhar um pouco?

– Não queremos perder de novo, mais alguns minutos eu finalizo.

– A Maria Inês está pedindo a dias pra eu levar ela pra algum lugar de "mocinha" aqui em São Paulo, ela veio me pedir hoje de novo.

– Claro que não.

– Abel, para de ser careta. Vai eu, ela e a Laura.

– A Mariana vai ficar reclamando na minha cabeça.

– Fala pra ela que a próxima é ela, eu até posso conversar com ela, eu já tive a idade da Maria Inês e eu queria muito que alguém legam me levasse na minha primeira festinha, você não prefere que ela vá na primeira festinha comigo, do que com uma amiga estranha?

Ele pensa, respira fundo, bufa e concorda.

– Tá, Ana Luiza, mas olha lá onde você vai levar a menina, ela tem 16 anos.

– Eu nunca fui em lugares ruins Abel, eu hein.

Ele concorda com a cabeça ainda com a carranca, e eu sabia que não tinha o pego no melhor momento, saio do escritório antes que ele mude de ideia e Maria Inês estava quase que na porta esperando minha reação, dou uma piscadela que começa a dar pulinhos.

Mando uma mensagem para Laura pedindo pra ela me ajudar, e ela logo lembrou de um lugar que o Menino ia direto que era um barzinho com karaokê, não era uma balada e não teria problema levá-la, expliquei pra ela que já foi logo perguntando se eu podia emprestar uma roupa legal pra ela, e eu achei o máximo isso.