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Lobo

Sair correndo da casa da Analu sem tá ligado do que tava pegando no morro.

Entrei pica-pau no meio do caminho.

Lobo: o que tá pegando?

Pica-pau: milícia, tava com um tempo que eles não botava as caras por aqui.

Fumaça: já tem dois mortos e um ferido. - se aproximou.

Lobo: nossos ou morador?

Fumaça: o ferido é morador, os outros dois não sei.

Pica-pau: a milícia não vem pra brincar...

Interrompi.

Lobo: a gente também não.

[...]

Já tinha se passado 9horas desde a primeira hora que o confronto tinha começado.

A bala tava comendo solta. A polícia ja tinha chegando, reforçou os acessos do morro.

Era um beco sem saída pra nós.

Passei um rádio pra ver se alguém sabia da Analu e ninguém sabia.

Vi Luizinho vim correndo na minha direção.

Luizinho: achei ela cuzão, ela tá lá perto da entrada do morro, aquela porra ainda vai achar uma bala por aí, eu falei pra ela não ficar ali.

Lobo: eu vou lá.

Luizinho: vai porra nenhuma, a gente tá precisando de tu aqui, deixa ela lá.

Lobo: ce acabou de dizer que...

Luizinho: eu não disse nada. Vamo focar aqui.

Concordei.

[...]

A madrugada tinha passado rápido, o confronto continuava.

Eu e o fumaça estavam em cima de uma laje daqui de cima a gente tinha uma vista melhor do pé do morro.

Acionaram o rádio.

Menor: Aé, ficam atento aí, chegou mais polícia.

Fumaça: se melhorar estraga. - neguei rindo. — e aí irmão, deu pra matar a saudade?

Abrir a boca pra responder.

Acionaram o rádio de novo.

Analu: preciso de reformo aqui!

Me levantei da laje na mesma hora e sair descendo.

Fumaça: vai com calma porra. - gritou. — se alguém tiver, já era.




Analu 🌸

Os vapor que tavam comigo não sobrou um pra contar história.

Pedi ajuda, porquê só eu não daria conta, minhas munições estavam acabando, o pente tava ficando vazio.

Minha cabeça doía, tava cansada de correr de um lado para o outro, e pra completar a conversa mal acabada que eu tive com o lobo mais cedo não saia da minha cabeça.

Atravessei o fuzil no ombro e joguei pra trás, nas costas. Fiquei apenas com a pistola.

Lobo: Analu? - virei de uma vez com a arma apontada pra ele. — relaxa!

Analu: tu não chega assim não porra, tá querendo morrer?

Lobo: foi mal, fica mec aí. - voltei minha atenção pra onde vinha os tiros. — cadê os vapor que tavam contigo?

Analu: dois becos atras cê encontra eles - atirei.

Lobo: mortos? - revirei os olhos.

Analu: se eles forem que nem tu, é capaz de estarem vivo.

Ficou em silêncio.

Olhei de relance pra ele. Ele se posicionado do outro lado da rua.

Analu: já que cê tá aqui, a gente poderia terminar aquela conversa. - falei um pouco mais alto em meio ao tiroteio.

Lobo: é sério Ana Luísa, agora? No meio de um confronto?

Analu: por isso mesmo que eu quero terminar essa conversa agora, se eu morrer quero pelo menos saber a verdadeira história por trás dessa farsa de merda.

Lobo: Ana Luísa, para! E eu não vou falar disso aqui com você.

Analu: tu começou e agora tu vai terminar. - me ignorou.

Travei a pistola e botei na cintura.

Lobo: quê que cê tá fazendo? - me olhou de relance.

Analu: vou aí falar contigo.

Lobo: tá querendo morrer porra, não vem não, fica aí.

Ignorei o que ele disse, olhei bem antes de atravessar para o outro lado.

Analu: Lucas, que se dane esse morro, eu tenho vapor suficiente pra resolver esse problema, agora vai conversar.

Lobo: Analu, volta para teu lugar, vamo acabar morrendo aqui caralho.

Neguei.

Analu: cê me deve isso, lobo.

Desviou o olhar e respirou fundo, abaixou o fuzil.

Lobo: pretinha, eu vou conta, mais deixa isso acabar, eu te garanto, depois tu vai me agradecer por não ter de contando isso agora. Agora, volta pro teu posto.

Concordei contra gosto, dei as costas e sair andando para meu posto.

No meio do caminho, sentir uma ardência, algo queimar como brasa.

Analu: lobo? - sussurrei.

Minhas pernas enfraqueceram e eu cair no chão.

Analu 3Onde histórias criam vida. Descubra agora