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Lobo

Foi tudo rápido, primeiro escutei o tiro, depois escutei Analu sussurrar meu nome e depois vi ela cair.

Lobo: Analu! - gritei.

Não tive resposta.

A gente tava só, ela tinha caindo na linha de fogo, eu tava sem colete, eu não podia arriscar, se não seria nós dois no chão.

Tirei o rádio da cintura e acionei.

Preciso de ajuda aqui no beco do flipper, Analu foi atingida, preciso de ajuda agora!

Lobo: Analu, fala comigo. - atravessei o fuzil no ombro, me agachei e fui me arrastando até perto dela, peguei o braço dela e puxei, tirando ela da travessa.

Arrastei ela até a parede de uma casa, encostei ela lá.

O tiro tinha pegado no ombro, mas ela tava apagada, dei os tapas de leve no rosto dela.

Lobo: Analu? - chamei

Escutei ela resmungar, e abrir os lentamente.

Soltei um suspiro de alívio.

Lobo: caralho pretinha, eu preciso te tirar daqui. - olhei de um lado para o outro.

Ninguém ainda não tinha aparecido para ajudar.

Xxx: ei, psiu! - olhei pra onde chamava. — vem, entra com ela, é mais seguro aqui - falou a senhora que tava só com a cabeça para o lado de fora da casa.

Concordei.

Peguei Analu no colo e entrei pra casa da senhora.

Xxx: pode bota a menina no sofá. - assim fiz.

Lobo: valeu tia, vai ser por pouco tempo.

Xxx: não se preocupar meu filho. Ela vai ficar bem?

Olhei pra Analu que tinha apagado de novo.

Lobo: espero que sim. - tirei a camisa e fiz compressa a onde sangrava.

[...]

O tiroteio tinha acalmado, mas não acabado.

Analu tava no postinho, por pouco não perdia minha pretinha.

Júlia: cê pode ir lobo, daqui a pouco ela vai ser liberada e eu levo ela pra casa.

Neguei.

Lobo: só saio daqui com ela.

Bufou.

Júlia: meu amigo, cê tá um velho ranzinza, tá ligado né?

Dei ombros.

Lobo: só saio daqui com ela, já falei.

Analu: ce pode ir lobo, já to novinha de novo - me virei, ela tava saindo da ala médica, com o ombro e o braço enfaixado.

Me aproximei dela.

Lobo: cê tá bem pretinha?

Analu: é Analu, e sim, eu já falei que tô bem, não precisa tu ir.

Lobo: mais eu vou, a gente precisa terminar aquela parada.

Concordou.

[...]

Júlia: eu vou subir, vou deixar vocês conversar.

ela tinha vindo junto, como Analu pediu.

Lobo: precisa subir não, pode ficar.

Júlia: eu não vou ficar no meio da conversa de vocês. - se virou e ia indo na direção a escada.

Lobo: fica Júlia! - ela parou e se virou. — é melhor tu ficar.

Ela franziu o cenho.

Mas voltou e se sentou no sofá.

Respirei fundo e olhei pra Analu que me olhava com uma certa estranheza.

Lobo: pretinha, eu não sei se eu sou a melhor pessoa pra te da essa notícia e eu também nem sei como você vai receber ela.

Analu: ce vai já mesmo saber, agora desembucha.

Concordei.

Era agora ou nunca.

Lobo: eu fiz o que fiz por um motivo, que era de proteger de uma pessoa...

Analu: que pessoa?

Lobo: teu pai. Teu pai tá vivo, analu!

Analu 3Onde histórias criam vida. Descubra agora