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Eu não sei se a conversa com o lobo adiantou de muita coisa, acabou que ele não conseguiu responder as minha dúvidas.

Eu preciso saber se meu pai sabe que eu sou a dona do morro, ou se acha que não moro mais aqui, se ele invadiu o morro só com o propósito de se apossar, ou tinha um interesse a mais.

Tudo isso eram dúvidas que eu mesma teria que descobrir por conta própria.

Lobo: tu não vai fazer isso

Gl: ele tá certo, tu não vai fazer isso. - cruzou os braços.

Levantei o olhar por cima da xícara.

Analu: primeiro de tudo... - coloquei a xícara em cima da mesa. — quem deu permissão pra vocês invadirem a minha casa desse jeito?

Lobo: Analu...

Analu: cala a boca que ainda não terminei. Segundo, vocês não me dão ordens, quem dita as ordens aqui sou eu e ninguém mais. Terceiro, saiam da minha casa!

Gl: Ana Luísa, o que tu tá pensando em fazer, é loucura.

Soltei um sorriso.

Analu: se vocês acham isso loucura, imagina se vocês soubessem o que eu penso em fazer com vocês dois.

Lobo: Analu, eu não tô pra brincadeira.

Analu: olha pra minha cara e ver se eu tô brincando. - respirei fundo. — saiam da minha casa, quero tomar o meu café sem ter que olhar pra cara de vocês dois.

Gl: não enquanto a gente não conversa sobre essa tua ideia.

Respirei bem fundo.

Levantei da cadeira, me apoiei na mesa e gritei.

Analu: SOCORROOOO!!!

Lobo: cê tá doida porra, te cala caralho...

Analu: SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDAAAAA!!!!

Gl: cê tá doida mulher?! - tentou se aproximar.

Analu: AAAAAÃH, SOCORRO

Escutei a porta da frente abrir de uma vez.

Xxx: o que pegando patroa?

Xxx2: a gente escutou tu gritar patroa!

Analu: tirem esses dois daqui, por favor!

Xxx: eles fizeram alguma coisa contigo patroa? - segurou o braço do gl.

Gl: colfoi caralho, tá me tirando - puxou o braço.

Lobo: Analu, para de graça, a gente não tocou em um fio de cabelo teu.

Analu: tirem eles daqui, eu já falei.

Os vapor apontaram os fuzis para eles.

Lobo: tá maluco porra, abaixa esse caralho aí cuzão.

Xxx: é pra levar eles para onde patroa?

Analu: pra salinha.

Lobo: analu.

Fiz sinal pra eles sairem. Os vapor levaram eles, escutei a porta fechar.

Gargalhei.

Analu: depois dessa eu posso começar o meu dia. - limpei as lágrimas que estavam escorrendo, chorei de tanto rir.

Tia rosa: minha filha, Deus tá vendo - escutei a voz dela atrás de mim.

Analu: por isso mesmo, vão ficar lá de castigo até a hora que decide tirar.

Me levantei e levei as louças da mesa pra pia.

Analu: não precisa fazer almoço, vou comer no boteco da dona Raimunda.

Tia rosa: vou poder ir pra casa mais cedo?

Analu: ih ala, nunca me perguntou isso antes. Pode mulher, agora deixa eu ir.

Tomei um copo de água e sair.

Fui descendo o morro na manha. Aviste Luizinho na esquina a frente.

Luizinho: já tô sabendo que cê fez. - negou rindo. — cê tá cutucando a onça com vara curta.

Dei ombros.

Analu: a onça aqui sou eu rapa, se liga Luizinho, euem.

Luizinho: o que cê vai fazer com eles?

Analu: eu mermo nada, quem vai fazer é tu, quero que cê pegue um pedaço de pau, e cacete eles no pau.

Arregalou os olhos.

Luizinho: cê ta doida Analu, vou não.

Prendi o riso.

Luizinho: manda outro mlk fazer isso, eu não vou fazer, lobo é meu irmão, tá maluca.

Analu: irmão, sei, cê tem é medo dele isso sim. - gargalhei.

Luizinho: ce tava tirando uma com a minha cara?

Analu: mais é muito idiota mesmo. - sair rindo.

Ele veio atras.

Luizinho: e o que ce vai fazer com eles?

Analu: não vou fazer nada sorriso, só vou deixar eles um pouquinho lá, aproveitando a salinha, cheirosa que só ela.

Luizinho: eles vão ficar puto.

Analu: que medo, pelo amor né... isso é pra eles aprenderem não dá pitaco na minha vida, euem.

Luizinho: Analu, analu.

Analu: ih, me deixa Luizinho, me deixa. - entrei pra boca

Continua....

Analu 3Onde histórias criam vida. Descubra agora