Capítulo XV

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Talin acelerou seus passos quando viu Amon vagando pelos corredores do castelo na manhã do casamento real. Não confiava nem um pouco no homem diante de si, mas estava ali por um propósito diferente dessa vez. Independente de suas desconfianças a respeito do sacerdote queria acreditar que ele ainda pudesse ter dentro de si o suficiente para ser o pai que sua filha precisava. Ele estava ali por Kiara, e apenas por ela.

— Amon. — Ele falou fazendo-o encará-lo com olhos confusos.

— Talin, a que devo a honra de tê-lo a minha procura?! — Amon disse afiado fazendo Talin rolar os olhos enquanto se aproximava.

— Quero falar com você a respeito da rainha.

— Minha filha? — Ele cruzou os braços. — O que você poderia ter para me dizer a respeito de minha filha?

— Eu tenho notado que vossa alteza Kiara anda muito quieta e até mesmo triste.

— Triste? — Amon riu. — Ela não teria por que estar triste.

— Se diz isso, devo supor que não está tão atento as necessidades de sua filha.

— Minha filha é a rainha, não há honra maior que esta. — Amon retrucou irritado. — Ela está radiante por estar cumprindo este papel ao lado de Dragon.

— É a mim que você quer enganar ou tenta enganar a si mesmo? — Talin franziu o cenho. — Conhece Dragon tão bem quanto eu, sabe que se há uma coisa que ele não é nem nunca foi é afetivo com suas mulheres, e sua filha é uma menina, ela está assustada e...

— Não me ensine a cuidar de minha filha, Talin. — Amon se inflou. — E aprenda a não meter seu nariz onde não foi chamado. — Ele disse deixando Talin para trás, mas este notou ele vagando com certa lentidão, como se dor irradiasse de seu corpo.

— Amon. — Ele chamou novamente fazendo-o encará-lo com olhos irritados. — Parece estar com dor em suas costas...

— Como eu disse, Talin, cuide de sua vida. — Ele falou partindo finalmente e deixando-o sozinho.

XxX

Kiara sentia as mãos grossas de Dragon lhe jogarem sobre a cama depois de mais uma manhã onde ele a requisitou para deitar-se com ele. Nas costas ela podia sentir a dor dos tapas que ele proferiu contra ela, na alma a dor que se acumulava toda vez que ele a tocava.

Toda vez que pelas contas de Amon ela estava propícia a engravidar para lhe dar finalmente seu herdeiro ele a procurava, e era sempre igual. Ele entrava em seu quarto bêbado, tirava a roupa, ia para cima dela com palavras cruéis sobre como ela era um mal necessário, que era bonita, mas muito chorona, tanto que o irritava e o obrigava a ter que bater nela.

Em partes, Kiara sabia que se segurasse o choro e parecesse fria diante daquele momento, que talvez ele não seria violento com ela, talvez fizesse o que tinha que fazer e iria embora deixando-a em paz, mas ela temia que se o fizesse ele se interessasse o suficiente para procurá-la mais dias. Ela não suportaria ter aquele porco em sua cama mais do que já suportava. Preferia chorar, gritar, reclamar tanto que mesmo que ele a maltratasse por isso, não tivesse qualquer desejo em tê-la além do necessário para ter um herdeiro.

Ela se sentia suja depois do ato, contando os segundos para que o marido bêbado conseguisse finalmente se vestir para deixá-la a sós para um banho quente. Dragon a encarou com olhos rudes.

— É bom que você valha a pena, garota! — Ele soluçou. — Estou ficando cansado de você. — Completou batendo a porta atrás de si.

Kiara deixou as lágrimas rolarem por seu rosto finalmente enquanto vestia suas roupas debaixo para se levantar e banhar-se, mas então a porta abriu de novo dando espaço a Amon. Ela evitava o pai desde a noite de seu casamento.

Sim, majestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora