Capítulo XVIII

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Yasmin e Alina.

Quando a carruagem avançou o suficiente pelos jardins das propriedade do castelo dando a Morrygan a visão dos altos muros de pedra com os quais tantas vezes sonhou em destruir para poder ver o que havia do outro lado, ela sentiu seu coração disparar. Conforme os portões de madeira do palácio se aproximavam, seus olhos ficavam mais atentos aos seus detalhes forjados em ouro, e sentia sua barriga doer pela ansiedade do que estava por vir.

Alaric a observava atento, mas ela não parecia perceber seus olhos sobre ela, ou talvez não se importasse, não agora conforme contava os segundos para finalmente realizar um sonho antigo que tantas vezes lhe tirou o sono, que tantas vezes lhe pareceu impossível. Ela nunca havia saído. Nem uma só vez. Nem mesmo por alguns míseros minutos. Ela não fazia ideia de como era a cidade, nunca havia visto nada além do que havia no interior da muralha de pedra que era o castelo de Thulemar. Ela não conhecia seu próprio povo, ela nunca havia falado com ninguém do outro lado, ela sequer sabia como essas pessoas pareciam. Nada agora lhe parecia mais importante que isso.

SUGESTÃO: OUVIR TOUCH THE SKY – JULIE FOWLIS

Quando o portão começou a baixar, ela sentiu o ar lhe deixar. A visão parcial que era aos poucos entregue a ela era de tirar o fôlego. Era enorme, amarelada e lotada. Uma enorme cidade feita de casas dos mais variados materiais, numa paleta de cores muito monocromática, mas cercada de montanhas com tons de verde que ela sequer sabia que existiam, algumas, com quedas de água que a faziam se questionar de onde vinham. No horizonte, um céu azul tão claro que quase fazia seus olhos castanhos arderem. Era empoeirado, havia muita areia pela longa faixa de chão que havia à sua frente, mas ela não se importava. O sol brilhava sobre sua cabeça, não havia nuvens aquele dia, talvez os deuses entendessem a necessidade dela em enxergar tudo. Ela se sentou sobre os próprios joelhos no assento da carruagem e colocou sua cabeça para fora da janela arrancando um sorriso sincero de Alaric que continuava observando o modo fascinado como ela observava tudo o que podia.

Havia tanto barulho, tantas vozes, tantos cheiros que ela nunca havia sentido, e cores, peles brancas e pretas, rostos de todos os formatos, pessoas sorrindo, cantando, cantarolando e correndo em seus próprios afazeres, que talvez jamais fossem dimensionar a importância que tinham para Morrygan agora. Conforme atravessavam o portão, percorrendo o caminho da trilha que os levaria até Quiméria, ela sentia lágrimas invadirem seus olhos, ela não podia contê-las. Fechou-os quando uma brisa suave bateu sobre seu rosto esvoaçando seus cabelos ruivos fazendo-a abrir a boca para respirar ao mesmo tempo em que sorria numa gargalhada alta e encantadora. Ela então encarou Alaric que não conteve um sorriso largo, seguido de uma gargalhada pelo modo como ela parecia radiante conforme avançavam os metros a sua frente.

Ele estava sem palavras, o modo como ela parecia uma criança conhecendo o mundo o emocionava, fazia seus olhos se encherem de lágrimas importunas que não o ajudavam nem um pouco a conter sua própria empolgação pelo prazer de poder vê-la desfrutar algo tão simples, mas ainda assim tão pessoalmente poderoso. Ela merecia aquilo, merecia se sentir livre, deixar aquele palácio escuro e pedregoso, sair por aqueles muros e ver tudo o que o mundo tinha a oferecer para sua alma selvagem. Alaric passaria horas a observando em completo silêncio, admirando a experiência que Morrygan aos poucos conquistava, não ousaria falar nada, não queria atrapalhar uma das coisas mais bonitas que já tinha visto na vida.

Sim, majestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora