Capítulo Sete

667 53 2
                                    


Mikhail Makialov

— Bom! Se o senhor me permite dizer, eu acho que é sua esposa — falo sem um pingo de medo.

Os olhos de Aleksander arregalam-se de raiva, ele está respirando pesado, com certeza vai me matar. Okay! Talvez eu tenha exagerado um pouco ao contar para ele assim do nada sobre o envolvimento da esposa dele na traição, mas o que ele queria? Ele fez a esposa dele de refém, tranca ela em casa se fosse uma prisioneira, sem espaço para que ao menos, ela consiga conversar com a sua família.

— Como é que é? Está louco? Ela é sua primeira dama — meu irmão se sobressalta sem sua mesa, parece que a qualquer momento ele vai jogar os papéis na minha cara.

Não posso deixar que sua explosão recente me abale, ele vai suspeitar de mim ainda mais, ele já confia em mim, se eu começar a agir estranho, com toda a certeza do mundo que, ele vai pensar que sou um dos traidores, se ele investigar algo sobre mim, com toda a certeza do mundo, vai descobrir de quem eu sou filho.

— Pense bem senhor, a família da sua esposa, mesmo com o tratado de paz, está fazendo acordos com a Yakuza contra nós, sua esposa não te ama — explico as minhas suspeitas e realmente, parece mesmo que o traidor na Bratva, é Isabella Constantine, ela tem todas as razões do mundo para querer se vingar do meu irmão.

— Controle sua boca Mikhail, eu não te dei autoridade para opinar sobre a minha vida — meu irmão grita mais furioso ainda, parece que ouvir a verdade dói, ainda mais de alguém estranho.

Mas se ele não queria a opinião alheia no casamento dele, era só começar a se comportar, ele não faz absolutamente nada para parecer feliz no casamento dele, logo nos dois primeiros meses de casados, ele não tem a vergonha de sair de casa, entrar em bordéis e ficar prostitutas. Eu ouvi com as meninas dos bordéis que ele não faz absolutamente nada com elas, ele ordena que elas dançem e no final sai sem tocar em ninguém, mas isso não muda a intenção de querer trair a esposa dele, na verdade isso é uma traição, no lugar de Isabella eu faria o mesmo, ajudaria a minha família a acabar com Bratva, só para me vingar do desgraçado que se atreve a não fazer absolutamente nada para melhor o nosso casamento.

— Sinto muito senhor, não quis ofender, mas é suspeito, ela é a única pessoa que tem acesso ao seu escritório e a última pessoa de quem nós dois desconfiamos — explico a minha suspeita.

Quando eu estive fazendo as investigações no Japão, descobri coisas interessantes sobre a minha cunhada e a família dela. Eu pensei que só os Petrov variam a poeira para baixo do tapete mas, a família da minha cunhada é mil vezes pior que a família do meu pai, eles são simplesmente loucos, não têm um pingo de decência ou medo de algo. Giana Constantine, se for subestimada pelo meu irmão, ela vai aprontar algo grave com certeza, ela não é um adversário a ser esquecido ou ignorando.

— Você tem um ponto, mas eu tenho uma outra suspeita — Aleksander fala olhando diretamente para mim, como se ele soubesse de alguma coisa sobre o meu passado.

Preciso me mater calmo, se eu começar a ficar agitado ou nervoso, ele via começar a suspeitar ainda mais de mim, como se eu realmente fosse o culpado.

— Sim senhor, pode falar —  dou chance para ele falar, como se eu não tivesse nada para esconder.

— Há quanto tempo sabe que é o meu irmão mais novo? — ele solta a bomba simplesmente, como se fosse a coisa mais simples do mundo, ele sabe que somos irmãos, mas como é que descobriu isso?

Faz só dois meses que estou trabalhando na Bratva não é muito pouco tempo para que ele tenha feito descobertas tão grandes e graves sobre mim, eu fui muito descuidado ao pensar que essa possibilidade não passaria na cabeça dele. O que devo fazer agora? Ele sabe de tudo, se eu tentar fugir da verdade, eu sei que vou me ferrar no final das contas, eu só posso assumir a culpa para desviar o assunto. Não me surpreende que ele seja chamado de Diabo, ele é mesmo o diabo, o senhor do inferno e nada escapa aos olhos dele. 

— Desde o nascimento senhor — confesso fingindo uma timidez que não existe, se ele achar que estou arrependido, pode muito bem me perdoar e isso até que é um bônus para mim, seria a minha chance de chegar perto da família de Nikolai Petrov.

— E por quê não me contou — ele não está bravo, parece surpreso e decepcionado parece que a imagem de pai do ano de Nikolai Petrov, foi destruída.

— Eu não quis que o senhor pensasse que estou aqui para tomar o seu lugar ou coisa parecida, eu sou filho de uma prostituta e aceito isso, eu sei o meu lugar — eu estou sendo sincero, realmente, eu não quero tomar o lugar dele, eu só quero que Nikolai pague pelo que eu e minha mãe passamos, foram vários anos sendo humilhados e mal tratados, por culpa dele, são vários pesadelos na minha cabeça, ele merece tudo o que vou fazer com ele.

— Entendo, você não está mentindo, se estivesse eu descobriria, mantenha isso em segredo só até eu acabar com os japoneses — claro que não devo contar, é o lugar dele que está em jogo com a presença de mais um Petrov, como eu na linha de sucessão, ele tem razão em se sentir ameaçado, mas eu não tenho nenhum tipo de interesse nele ou no poder.

— Não se preocupe senhor, eu não tenho o menor interesse em ser reconhecido como um Petrov — declaro e me retiro do escritório dele.

Aleksander não fala absolutamente nada para tentar relutar a minha afirmação ou pelo menos se justificar, mas também no lugar dele eu acho que faria a mesma coisas, ele descobriu recentemente que tem um irmão bastardo, não vai logo de cara ir dando regalias para ele e também, eu sou um dos principais suspeitos da invasão dos japoneses. Mesmo que ele não creia nas minhas palavras, eu ainda acho que a esposa dele, tem alguma relação com os ataques, ela é a única pessoa que tem passe livre para entrar e sair da casa dele e no escritório dele, ela pode muito bem, ter ajudado os japoneses em benefício da família dela.

— Mikhail né? Venha cá — o desgraçado do Consigliere me invoca levantando as mãos como se estivesse chamando por um cachorro, quem ele pensa que é?

— Sim senhor? — engulo o meu orgulho, faço todo o possível para não gritar com ele, até porquê, ele está acima de mim e eu preciso engolir certos sapos para conseguir o que quero.

— Quem você pensa que é para ficar entrando e saindo do escritório do Pakhan¹? — o Consigliere parece com ciúmes de mim, ele acha mesmo que tem alguma chance contra mim?

Se eu quiser em menos de um dia, posso ocupar o lugar dele, não por ser o filho ilegítimo do Pakhan, mas por mérito mesmo. Eu fui o recruta mais jovem a ser selecionado para integrar na equipe de alto esquadrão da Bratva, esse banana acha mesmo que por ser um Consigliere vai me assustar? Ele não mete medo nem mesmo na própria esposa, quem dirá em mim?

É cada um que me aparece viu.
——————————————————
1. Pakhan: Autoridade máxima, na máfia Rússia;

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora