Capítulo Um

1.1K 57 2
                                    

Mikhail Makialov [dezoito anos atrás]

— Seu merdinha! Seu desgraçado, você devia estar morto, junto com a sua mãe, você só me dá trabalho — a bruxa maldita berra de raiva, não entendo por quê barrar tanto comigo? Eu sou uma criança, não tenho culpa de nada.

Mamãe morreu faz dois meses e eu não paro de pensar que devia ter ido com ela. Ela não deixaria esses desgraçados fazerem nenhum mal para mim, eu estaria seguro em seus braços.

— Tia eu sinto muito, não consegui pedir muito dinheiro hoje, está muito frio — minha voz de criança não passa de um chiado.

Ela quer que eu saia para pedir esmola num dia frio desses, eu sou uma criança russa, nascida nesse inverno escaldante, mas o que ela está me pedindo é sem igual, eu não vou conseguir pedir dinheiro assim. As pessoas nem sequer saiem para  fazer actividades.

— Não interessa! Você é o filho do Pakhan da Bratva, seu pai tem muito dinheiro, a vadia da sua mãe não fez nada de bom na vida, nem mesmo tirar dinheiro daquele desgraçado, você é a porra de um peso para mim — ela continua gritando, provavelmente esteja drogada.

Com certeza, para estar tão exaltada assim, ela se drogou. O bruxo não chegou ainda, se eu correr e me esconder no quarto, talvez eu escape da surra de hoje. Os ferimentos da última vez ainda estão fortes em meu corpo e eu não posso sofrer novamente. Preciso me esconder. Me aproveitando da distração dela, corro até o quarto e me escondo em meu pequeno canto. Um buraco que abri para escapar das surras deles. O lugar é escuro, cheira a urina, mas é muito melhor que ficar vulnerável na sala ou no quarto, eles provavelmente vão se drogar e descarregar em mim. Meu pequeno corpo não suportará mais maltratos.

— Onde você está Mikhail? Venha cá anjinho, você não pode se esconder para sempre — a voz do demônio se faz presente no quarto, deixando o meu corpo trémulo e assustado.

Tremo de medo, meus órgãos não me obedecem, meu coração bate freneticamente e meus rins param de funcionar. A urina desce do meu corpo e molho todo de tanto medo que tenho dele.

— Mikaaaaaa! Venha cá, eu prometo só te queimar duas vezes, não vai durar muito tempo — o demónio da volta pelo quarto, ele parece um felino atrás de sua presa.

O demónio procura por mim embaixo da cama não me encontra, procura por mim no guarda-roupa e também não me encontra. Seu corpo passa pela pequena fresta do meu esconderijo e eu me encolho ainda mais no buraco. Ele passa por mim, mas fica farejando o ar, ele cheira o ar como se estivesse se deliciando com o cheiro da minha urina.

— Peguei você — o demónio vem até o meu esconderijo e me tira do local abruptamente.

Meu pequeno corpo é jogado contra o chão com toda a força do mundo, meus dedos embatem contra o chão de forma forte ao ponto de morder a minha língua.

— Pensou que fosse escapar? Ah? Você não pode fugir de mim, eu sou seu maior pesado e nunca vou deixar você em paz — o demónio rasga as minhas roupas e me deixa despido para ele.

Ele acende o cigarro, traga um pouco e põe as cinzas em meus olhos, a cinza provoca uma dor excruciante que, é logo substituída, pela dor do cigarro aceso entrando em contacto com a minha pele. Ele queima as minhas costas, sem se importar com o meu grito, ele continua queimando as minhas costas até que a dor, me deixa tão cansado que desmaio.

[...]

Mikhail Makialov [dezoito anos depois]

Os malditos pesadelos sempre não me deixam dormir em paz, eles castigam a minha mente vezes sem fim, para me recordar do que eu sou feito e quem sou eu. Depois de cinco anos treinando, eu finalmente fui escolhido para ser um dos soldados da Bratva, a máfia do meu pai. Eu só vim aqui com um e único objectivo, me vingar deles e voltar para as sombras. Eu só preciso ficar próximo dele, olhar nos olhos dele e tentar encontrar o porquê de, ele ter deixado a minha mãe sozinha num momento tão difícil como aquele. Ele simplesmente apagou nós dois de sua vida, escolheu a esposa e o filho e eu e minha mãe, fomos rejeitados, deixados na sarjeta e comendo o pão que o diabo amassou.

— Vocês ouviram? O Pakhan Aleksander vai se casar com a filha mais velha, da Cosa Nostra, não acredito que vamos nos unir aos ratos italianos, se o Pakhan Nikolai estivesse bem, nada assim estaria acontecendo  — os instrutores falam todos desesperados.

Parece que o meu irmão mais velho, vai assumir o lugar do nosso pai, não que isso me importe. Eu não me importo com quem ocupa o lugar dele na chefia da Bratva. A minha vingança é contra Nikolai Petrov, eu não tenho nada contra Aleksander, ele é meu irmão e não vejo o porquê de envolver ele, na minha vingança. Minha mãe sempre falou que Nikolai não sabia sobre mim, mas isso é praticamente impossível, o Pakhan sempre sabe de tudo o que acontece no território dele, como é que ele não soube sobre seu filho bastardo? Ele foi um covarde e não quis assumir suas responsabilidades de pai.

— Mikhail, você foi o melhor de todos os nossos cadetes, você será encaminhado directamente para o Pakhan Aleksander — meu instrutor fala orgulhoso.

Estou tão satisfeito com isso que, se não fosse pela minha fama, estaria sorrindo. Ele nem imagina mas está me colocando no lugar onde eu sempre quis estar, perto da família Petrov, para tentar entender o que eles têm que eu e minha mãe não tivemos para sermos escolhidos por ele.

— Uhm! Anjo sangrento você está nos deixando, espero que se recorde dos velhos amigos — meus colegas se emocionam por mim.

A minha face nem sequer muda de expressão, para mim não altera em nada na minha vida, eu só tenho uma e única missão, encontrar Nikolai Petrov e fazê-lo pagar todas as vezes que gritei até perder os sentidos.

— Caramba, você nem sequer se emociona, cara você é louco — outro colega meu reclama.

Eles querem que eu grite? Pule de emoção? Para quê? Emoções são uma série de coisas desnecessárias na minha vida, não preciso disso para mim, elas não alteram em nada na minha vida, muito pelo contrário, elas só me fazem perder tempo.

— Vamos comemorar e comer algumas putas, tudo por minha conta — outro o idiota fala.

Os idiotas me arrastaram até uma boate da Bratva, está cheio de putas com peitos para fora paracem cadelas no cio, se esfregando umas nas outras. Esse ambiente me enoja, nem entendo o que estou fazendo aqui.

— Oi bonitão, o que acha de dar uma volta num lugar mais reservado? — uma voz totalmente nojenta, sussura em meu ouvido.

A desgraçada se atreveu a encostar em mim, sem a minha permissão, ela vai morrer.

— Vamos — falo sem rodeios.

Puxo a desgraçada até um dos quarto nos fundo da boate, ela vai pagar por tocar em mim, sem a minha permissão. Quem ela pensa que é? Ela se atreveu a manchar a minha pele com sua presença repugnante. O sexo para mim, não passa só de uma necessidade fisiológica, é algo sobre dois corpos entrando em contacto, não tem nada de emoções nem vontade. Eu nem sequer consigo gozar em alguém, nem sequer consigo olhar alguém de frente, eu prefiro que elas fiquem de costas para mim, porque assim eu não tenho que finger prazer.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora