Capítulo Quarenta E Quatro

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Isabella Petrov

Estou de pé na varanda da casa de praia, olhando para o vasto oceano que se estende diante de mim. O sol começa a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, mas minha mente está longe de apreciar a beleza ao meu redor. Estou pensando em Sophie e Mikhail. Eles precisam resolver as coisas entre eles, e a ideia de deixá-los nesta ilha remota parece a melhor solução.

Eles não sabem, mas amanhã os trarei para cá, para o que acreditam ser um simples passeio. Mikhail, com sua rigidez e mistérios, e Sophie, sempre tão emocional e vulnerável, precisam de tempo juntos, longe de tudo e todos. Aleksander, meu marido, não sabe do meu plano, mas ele concordaria que isso é necessário. Não posso mais assistir aos dois se esquivando dos problemas e das conversas que precisam ter. A tensão entre eles só cresce, e enquanto estiverem cercados por pessoas, nunca chegarão a lugar algum.

Aqui, sem interferências, sem distrações, só restará a eles a companhia um do outro. E talvez, finalmente, consigam falar sobre tudo o que foi deixado de lado. Talvez percebam que são mais parecidos do que imaginam, que as diferenças que têm não são intransponíveis.

Enquanto faço os últimos ajustes no plano, sinto uma leveza tomar conta de mim. Isso é o melhor para ambos, e também para mim. Eles precisam desse empurrão, e eu preciso da paz de saber que fiz o que pude para ajudá-los a encontrar a harmonia.

O barco que nos trouxe ficará comigo, claro, deixando-os sozinhos, sem a possibilidade de fuga imediata. Não estou preocupada; sei que estarão seguros aqui. Mas também sei que estarão forçados a enfrentar um ao outro, e espero que, quando eu voltar, encontre duas pessoas diferentes. Duas pessoas que finalmente fizeram as pazes e podem seguir em frente, juntas.

Amanhã, tudo isso se desenrolará, e eu partirei da ilha, deixando para trás uma chance de redenção, de reconciliação. Se eles irão aproveitá-la, cabe a eles decidir. Mas sei que fiz o que era necessário.

Mikhail Petrov

Acordo com o som do vento suave e das ondas quebrando na praia. O céu ainda está tingido de um azul claro, e a luz do sol começa a ganhar força, aquecendo a superfície da água e refletindo no branco da areia. Olho ao redor, e o cenário parece tão sereno que é quase surreal, mas uma inquietação persiste em mim.

Sophie ainda está adormecida ao meu lado, deitada sobre uma toalha que montamos na praia. O quanto de tempo que se passou desde a chegada ainda não é claro, mas sei que a atmosfera aqui é diferente da agitação e das distrações do mundo lá fora. Isabella nos trouxe até aqui sob o pretexto de um passeio, e agora o barco que nos trouxe está longe, ancorado à distância. As intenções dela são claras para mim: nos deixar sozinhos, sem escolhas além de enfrentar o que temos entre nós.

Levanto-me silenciosamente, tentando não perturbar Sophie, e começo a caminhar pela areia, os pensamentos fervilhando em minha mente. Cada passo que dou é um passo mais perto de encarar a verdade, o que não é fácil, considerando o que temos passado. Isabella está certa em sua estratégia. Nós precisamos disso. Eu percebo isso agora, embora a resistência inicial tenha sido grande.

A sensação de estar preso aqui não é agradável, mas a realidade é que não é apenas a ilha que nos limita. O que nos prende é algo muito mais profundo: os segredos não revelados e os sentimentos feridos. Eu sei que preciso fazer algo para mudar isso, e esse algo começa com uma conversa com Sophie.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora