Capítulo Trinta E Sete

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Sophie Cassano

Faz duas semana que Mikhail está sumido, ele não atende as minhas chamadas, não vem a faculdade, não está em seu apartamento, parece até que ele só quis brincar comigo nestas duas semanas, eu fiz nada além de chorar.  Quando Mikhial desapareceu, meu mundo desabou. Faz duas semanas, e a cada dia que passa, a angústia só aumenta. Não consigo parar de me preocupar. E se ele está ferido ou pior? O medo consome cada momento meu, imaginando onde ele pode estar, o que pode estar acontecendo com ele.

A culpa é um peso insuportável. Se ele está em perigo por minha causa, por estarmos juntos, como posso viver com isso? A incerteza é devastadora. Tento pensar que ele está bem, que vai voltar, mas e se essa nossa relação o colocou nesse risco? E se o nosso amor só trouxe mais desgraça?

O amor que sinto por Mikhial é imenso, mas às vezes me pego questionando se vale a pena. Pertencemos a mundos tão opostos, e agora, com ele desaparecido, a realidade cruel de nossas máfias inimigas fica ainda mais evidente. Será que nosso relacionamento pode sobreviver a tanta hostilidade? Será que eu posso sobreviver sem ele?

Entre a esperança e o desespero, oscilo sem parar. Em alguns momentos, consigo me convencer de que ele está bem, de que vai aparecer a qualquer instante. Em outros, a escuridão toma conta, e o pavor de que nunca mais o verei me sufoca.

Estou dividida. Minha lealdade à minha família me puxa de um lado, enquanto meu amor por Mikhial me arrasta para o outro. Sei que estar com ele é uma afronta à minha máfia, um risco que pode custar caro. Mas como poderia me afastar dele? Como suportar a ideia de viver sem ele?

Apesar de tudo, não posso ficar parada. Preciso saber o que aconteceu. Estou determinada a encontrar Mikhial, a obter respostas, mesmo que isso signifique desafiar a minha máfia, enfrentar perigos ou fazer inimigos. Não vou desistir dele. Não posso.

— Sophie! Minha princesa, o que está acontecendo, você tem estado muito calma ultimamente — minha mãe entra em meu quarto de forma sorrateira, eu sei que ela sabe de alguma coisa, mas quer ouvir da minha boca.

— Oi mãe, estou bem — tento sorrir, mas a preocupação dela é palpável.

— Tem certeza, filha? Você anda diferente.

— Só estou cansada, sabe como é… a faculdade, os vídeos para o YouTube… — minhas palavras saem arrastadas, tentando desviar a conversa.

— Hm... se precisar conversar, estou aqui — ela insiste, olhando para mim com aqueles olhos que parecem enxergar tudo.

— Obrigada, mãe. Eu vou ficar bem — tento encerrar o assunto, esperando que ela aceite minha resposta.

— Então, vamos tomar café da manhã?

Depois da conversa tensa com minha mãe no quarto, desço para o café da manhã tentando parecer normal, embora minha mente esteja turva com as palavras não ditas entre nós. Loren já está na mesa, radiante como sempre.

— Oi, Sophie! Você parece um pouco pálida hoje —  comenta Loren com um sorriso preocupado.

— Talvez eu tenha dormido mal — respondo rapidamente, forçando um sorriso de volta.

Minha mãe entra na cozinha e começa a servir o café da manhã. O cheiro dos ovos mexidos e do café fresco me faz sentir um aperto no estômago. Engulo em seco e tento comer um pouco, mas logo as náuseas começam a se intensificar. Uma onda de tontura me atinge, e mal tenho tempo de me levantar antes de correr para o banheiro.

O som do vômito ecoa no pequeno cômodo enquanto tento controlar a sensação avassaladora de mal-estar. Minha mãe entra correndo atrás de mim, preocupada.

— Sophie! Querida, você está bem? — Sua voz está cheia de ansiedade.

Loren também se aproxima, observando com uma expressão mista de preocupação e curiosidade.

— Eu... eu não sei o que aconteceu —  consigo murmurar, sentindo-me fraca e envergonhada.

Minha mãe me ajuda a me levantar e decide imediatamente que precisamos ir ao hospital. Eu não ofereço resistência. Sinto-me completamente desorientada, como se estivesse em um sonho confuso e assustador.

No carro, o silêncio é pesado. Minha mãe dirige com determinação, mas suas mãos tremem levemente no volante. Loren está ao meu lado no banco de trás, segurando minha mão com firmeza.

No hospital, somos rapidamente atendidas. Os médicos fazem uma série de exames e perguntas, enquanto me sinto cada vez mais perdida. O tempo parece se distorcer, passando rápido demais e ao mesmo tempo de forma agonizantemente lenta.

Finalmente, o médico volta com os resultados. Sua expressão é séria e cuidadosa.

— Sophie, seus exames mostram que você está grávida — diz ele gentilmente, mas sem rodeios.

O mundo parece parar por um momento. Grávida? A palavra ecoa em minha mente como um trovão, fazendo-me sentir ainda mais deslocada e confusa. Olho para minha mãe em busca de uma reação, encontrando apenas preocupação e amor misturados em seus olhos.

Loren segura minha mão mais forte, oferecendo um apoio silencioso que sei que precisarei nos dias difíceis que virão.

De volta à mesa do café da manhã, antes de toda essa reviravolta, eu pedia uma troca de olhar com Loren. Agora, entendo que aquele breve momento é mais do que apenas uma troca de preocupação. É um instante de comunicação silenciosa entre duas pessoas que compartilham laços profundos de família e amizade.

Em meio a tudo isso, o futuro parece incerto e assustadoramente desconhecido. Mas, enquanto olho para Loren ao meu lado e sinto o apoio incondicional da minha mãe, sei que não enfrentarei isso sozinha.

Enquanto ainda processo a notícia avassaladora da gravidez, meus pensamentos inevitavelmente se voltam para Mikhail. Ele é o pai do meu filho, e isso complica muito as coisas. Nossas famílias são de máfias que, embora sejam rivais, não estão em uma guerra aberta. Mas as tensões são palpáveis, especialmente entre nossos pais, que lideram esses grupos.

O último encontro que tivemos foi nos corredores da faculdade, um lugar neutro onde podíamos nos encontrar sem despertar muita suspeita. Foi uma conversa rápida e carregada de tensão, mas também de amor e desejo, como sempre foi entre nós. Desde então, Mikhail desapareceu sem deixar rastros. Sem mensagens, sem telefonemas, nada. A incerteza sobre seu paradeiro está começando a me consumir.

Será que ele está evitando deliberadamente qualquer contato comigo? Ou algo pior aconteceu? Os pensamentos pessimistas não são incomuns, dado o estilo de vida perigoso que levamos. Mas agora, com a notícia da gravidez, o silêncio dele é ainda mais ensurdecedor.

Eu temo o que ele dirá quando souber. Se souber. Como reagirá Mikhail ao saber que será pai? E mais importante, como reagirão nossas famílias? A ideia de trazer um filho ao mundo em meio a uma dinâmica tão complicada parece insana, mas aqui estou eu, enfrentando essa realidade.

Loren aperta minha mão, trazendo-me de volta ao presente. Seus olhos demonstram uma mistura de preocupação e compreensão, como se soubesse exatamente o que estou pensando. Ela sempre foi minha confidente, minha âncora nos momentos turbulentos.

Minha mãe, ao meu lado, também parece perdida em pensamentos. Ela é a única que realmente entende o peso de nossa situação familiar e as consequências potencialmente devastadoras desta gravidez inesperada.

Enquanto aguardamos no hospital, o tempo parece estagnado. Eu me pergunto se Mikhail aparecerá, se ele saberá e, mais importante, se ele se importará. Mas, por enquanto, tudo o que podemos fazer é esperar e enfrentar as consequências à medida que surgem.

O médico retorna com papéis e informações adicionais sobre cuidados pré-natais. Ele nos fala sobre opções e decisões que terei que tomar. Enquanto ele fala, minha mente vagueia para Mikhail novamente. Será que ele tomará parte na vida de seu filho, apesar das circunstâncias proibitivas?

Eu sei que teremos que ter uma conversa difícil quando e se ele aparecer. Nossa situação é um labirinto de emoções complicadas, onde amor e conflito se entrelaçam de maneira perigosa.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora