Sophie Cassano
A escuridão do lugar é uma prisão que parece não ter fim. O espaço é pequeno, abafado e claustrofóbico, e cada respiração é um esforço consciente, um lembrete constante da realidade angustiante em que me encontro. O medo é uma presença constante, e o silêncio ao meu redor é esmagador, quebrado apenas pelos ecos de meus próprios pensamentos e pela batida frenética do meu coração.
A lembrança do momento em que tudo começou é turva e fragmentada. Estava na ilha particular de meu cunhado, um refúgio que deveria ter sido um escape tranquilo da rotina. Havia decidido sair para tomar um banho no mar, desejando sentir a água fria contra a pele quente do dia. Era para ser um momento de paz, mas o que se seguiu foi uma explosão de pânico e caos.
A imagem do mar tranquilo, das ondas suaves, parece tão distante agora. Lembro-me de ter ouvido um som estranho, algo que não estava em sintonia com o ambiente calmo. A sensação de estar sendo observada, uma inquietação inexplicável que se transformou rapidamente em terror quando fui agarrada. O movimento abrupto e a sensação de ser puxada sem aviso me deixaram paralisada por um instante. A mente não conseguiu processar o que estava acontecendo até que foi tarde demais.
Estou tentando entender por que isso aconteceu. A ilha, que deveria ser um lugar seguro e isolado, agora é o cenário de meu pesadelo. Meu cunhado, com suas boas intenções de oferecer um refúgio, se torna um lembrete doloroso da traição que experimentei. Ele nunca imaginaria que isso poderia acontecer em seu território, e o pensamento de que a segurança que ele prometeu foi violada me faz sentir uma raiva e um desamparo profundos.
— Sophie, Sophie, minha linda princesa, está confortável? — a voz parece distante, mas mesmo que eu não possa vê-lo, eu sei quem é.
— Michael? É você? — chamo por ele.
Eu não entendo o que está acontecendo, ele é meu primo, como ele pode fazer isso comigo?
— Uhmmmm! Parece que você conhece muito bem a minha voz, sou eu mesmo — o desgraçado assume com a maior cara de pau, sem a menor vergonha.
— Por quê está fazendo isso? Eu sou sua prima, nós temos o mesmo sangue — balanço a minha cabeça de um lado para o outro, procurando por ele.
— Primos? Eu não sou seu primo, eu sou adoptado esqueceu? Sua família me acolheu, mas eu nunca fui um Cassano de verdade — ele fala as palavras com bastante raiva, não posso vê-lo, mas posso imaginar a expressão em seu rosto.
— Por quê está fazendo isso Michael? — Indago mais uma vez só para tentar entender ele.
— Como por quê? Você foi uma vagabunda comigo, partiu o meu coração da pior forma, você fodeu com um russo, abriu as pernas para ele dentro de um carro, partiu o meu coração, traiu a sua família, me traiu Sophie! — ele berra as palavras com bastante raiva.
Mikhail, meu amor, não consigo ficar sem pensar nele agora que Michael tocou no nome dele. Ele é o pensamento que mais me conforta, mas também o que mais me desespera. Penso em como ele deve estar agora, sabendo que estou desaparecida. Imagino sua face contorcida em preocupação, seu corpo tenso enquanto ele tenta desesperadamente encontrar uma pista. Ele sempre foi a minha âncora, e a ideia de que ele está lutando para me encontrar me dá forças para resistir. Mas, ao mesmo tempo, o medo de que ele não consiga, de que o tempo esteja passando sem que ele tenha sucesso, é paralisante. Cada pensamento sobre Mikhail é uma mistura de esperança e desespero. O desejo de estar com ele, de sentir seus braços ao redor de mim, é um alívio temporário em meio à escuridão que me envolve.
— Eu o amo Michael, não fiz por mal, eu juro — tento apelar ao bom senso.
— Ama? Ele Russo não ama você, eu amo você. Aquele desgraçado só comeu você, para te engravidar e forçar uma aliança — Michael grita chutando uma cadeira perto de mim.
Há o bebê, nossa pequena vida que cresce dentro de mim. A presença dele é um lembrete constante do que está em jogo. Sinto cada movimento com uma intensidade que nunca experimentei antes. O bebê é a luz em meio à escuridão, a razão pela qual eu preciso lutar com todas as minhas forças. A responsabilidade de garantir a segurança dele torna o medo ainda mais agudo. O pensamento de que algo possa acontecer com ele, de que ele possa sofrer devido a essa situação, é uma dor insuportável. A ideia de não poder protegê-lo, de não poder garantir sua segurança, é um fardo que me consome.
— Vou deixar você pensando em seus pecados vadia imaculada — Michael grita e logo em seguida ouço o som da porta batendo forte.
Fico no quarto escuro sozinha novamente. Penso em Mikhail , e nas conversas que tivemos sobre o futuro, sobre a vida que esperávamos construir juntos. Cada lembrança de nossos sonhos e esperanças é tanto um consolo quanto uma tortura. Imagino como seria o dia em que finalmente nos reuníssemos, a alegria de Mikhail ao ver a nossa família completa. Essas memórias são um escape temporário da realidade sombria, uma forma de me agarrar à esperança. Mas a dor de não saber se verei esse futuro é uma constante que pesa sobre mim.
A ideia de estar em uma ilha isolada, longe de qualquer ajuda imediata, só intensifica meu medo. Penso em como Mikhail está tentando encontrar pistas, se ele está revistando a ilha, tentando localizar qualquer sinal meu. A falta de comunicação com o mundo exterior aumenta a sensação de desesperança. Se a ilha é realmente isolada, o resgate pode ser mais difícil, e isso é um pensamento que me assombra constantemente.
Cada som ao meu redor é uma tortura. O silêncio é quebrado apenas por pequenos ruídos que parecem amplificados na escuridão. A sensação de estar sendo observada é constante, e o medo de que algo terrível possa acontecer a qualquer momento é uma pressão implacável. Tento me concentrar em pequenos detalhes, em qualquer coisa que possa me ajudar a manter a sanidade. A respiração profunda, a tentativa de manter a calma, são as únicas ferramentas que tenho para enfrentar o pânico que me consome.
Em algum momento, minha mente começa a criar cenários ainda mais sombrios. Imaginando o que pode ter acontecido, se Mikhail está lutando contra o tempo para me encontrar, se ele está desesperado, correndo de um lado para o outro sem saber onde procurar. O pensamento de que ele pode estar sofrendo por minha causa é quase insuportável. Sinto uma dor física ao pensar que ele possa estar vivendo uma angústia semelhante à minha.
A espera é interminável e cruel. Cada minuto que passa é uma eternidade, e o tempo parece se arrastar de forma insuportável. Tento imaginar o futuro, como será a vida depois que eu sair daqui, como Mikhail e eu lidaremos com isso. Será que conseguiremos superar essa experiência? Será que nossa pequena família será capaz de se reconstruir? Essas perguntas me assombram, e a incerteza sobre o que virá a seguir é quase tão dolorosa quanto a situação atual.
Há momentos em que a mente se volta para o desejo de simplesmente desaparecer, de não ter que enfrentar o medo e a dor. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de desistir é insuportável. Mikhail e o bebê são a razão pela qual devo continuar lutando, pela qual devo encontrar uma maneira de sair desse pesadelo. A ideia de deixá-los sem mim, de não ter a chance de ver nosso filho crescer, é um pensamento que me empurra para frente, que me dá a força para enfrentar o que está por vir.
A esperança é uma âncora frágil, mas é a única coisa que tenho. Tento me agarrar a ela, mesmo que ela pareça pequena e insignificante em comparação com o medo que me envolve. A ideia de que alguém, em algum lugar, esteja trabalhando para me encontrar, de que Mikhail esteja se esforçando para me resgatar, é a única coisa que me mantém sã. Cada pensamento sobre eles é um lembrete de que há algo pelo que lutar, algo pelo que continuar a esperar.
A escuridão é opressiva, mas dentro dela há uma pequena faísca de esperança que se recusa a se apagar. Cada movimento do bebê, cada lembrança de Mikhail, me dá uma nova razão para continuar. A luta para manter a calma, para não se afundar completamente no desespero, é constante, mas é uma luta que devo enfrentar se quero ter a chance de voltar para a vida que conheço e para a família que amo.
Espero que, em algum momento, essa espera chegue ao fim, que alguém encontre a chave para liberar essa prisão, que a luz da liberdade se revele e eu possa finalmente estar de volta com Mikhail e nosso bebê. Até que isso aconteça, eu continuarei a lutar, a esperar e a me agarrar à esperança, por mais frágil que seja. O tempo continua a passar, e eu permaneço aqui, na escuridão, aguardando o dia em que finalmente poderei sair deste pesadelo e abraçar aqueles que amo novamente.
Meu anjo, chega logo
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Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]
RomanceMikhail Petrov, é o filho bastardo do antigo Pakhan da Bratva. Antes de ser reconhecido como um Petrov, Mikhail sofreu nas mãos de seu padrasto drogando, tendo se tornado alguém sem alma nem coração. Sopy Cassano, é a filha única do capo da Camorra...