Capítulo Cinquenta E Quatro

158 10 0
                                    

Mikhail Petrov

O dia do casamento finalmente chegara, e a ansiedade estava me consumindo. Havia passado um mês desde que Allan foi oficialmente declarado morto, e a dor pela perda ainda estava presente, uma sombra que pairava sobre cada momento. No entanto, hoje era um dia diferente, um dia de novos começos, e eu estava determinado a dar a Sophie a cerimônia que ela merecia.

Estava em um pequeno quarto, cercado por roupas e acessórios, e o espelho refletia o meu semblante tenso enquanto eu tentava ajustar a gravata. A gravata era um detalhe pequeno, mas essencial, e o peso emocional do dia parecia tornar essa tarefa ainda mais difícil. O reflexo no espelho mostrava um homem que, embora estivesse tentando manter uma aparência serena, carregava um turbilhão de sentimentos.

— Precisa de ajuda? — a voz de meu pai, Nikolai Petrov, soou gentilmente atrás de mim.

Olhei para o espelho, encontrando os olhos de meu pai refletidos no vidro. Ele entrou no quarto com um passo calmo, vestindo um terno impecável, sua presença sempre uma fonte de força e segurança para mim. Ele era um homem de poucas palavras, mas seu apoio e compreensão eram profundos e evidentes em momentos como este.

— Sim, pai — respondi, minha voz saindo mais cansada do que eu pretendia. — A gravata está me dando trabalho.

Seus olhos brilham de emoção, por chamá-lo de pai finalmente. Ele caminhou até mim com uma expressão de compreensão. Era evidente que ele também sentia a carga emocional do dia, e eu sabia que ele estava tão afetado quanto eu, se não mais. A perda de Allan havia sido difícil para todos nós, e a sensação de que algo estava faltando hoje era quase palpável.

— Vamos ver o que podemos fazer — disse meu pai, aproximando-se com a calma habitual. Ele pegou a gravata das minhas mãos e começou a ajustar o nó com destreza.

Enquanto ele trabalhava, eu deixei minha mente vagar para os eventos que nos trouxeram até aqui. A cerimônia de casamento estava para acontecer, e enquanto tentava manter a compostura, sentia o peso das responsabilidades e das emoções. O casamento de Sophie e eu deveria ser um símbolo de esperança e renovação, mas a ausência de Allan era uma ferida aberta que parecia não cicatrizar.

— Você está nervoso? — perguntou meu pai, sua voz quebrando o silêncio, enquanto ajustava o nó da gravata.

— Um pouco — confessei, tentando manter o tom leve. — Há uma grande carga emocional neste dia. A perda de Allan está sempre presente, e mesmo com toda a preparação, ainda parece que estamos tentando preencher um vazio que nunca será realmente preenchido.

Meu pai terminou de ajustar o nó e se afastou um pouco para observar o resultado. Seus olhos estavam cheios de um entendimento silencioso, e eu sabia que ele sabia exatamente o que eu queria dizer.

— A dor nunca desaparecerá completamente — ele disse, a voz carregada de uma sabedoria tranquila. — Mas o que importa é como escolhemos viver com ela. O amor e o apoio que você e Sophie têm um pelo outro são o que vão ajudá-los a seguir em frente.

Ele estava certo, claro. O amor e a determinação de Sophie e eu em enfrentar a vida juntos eram forças poderosas que nos ajudariam a superar a dor. Mas, naquele momento, o peso da ausência de Allan ainda parecia imenso, uma lembrança constante do que tínhamos perdido.

— Às vezes, sinto como se não fosse o suficiente — falei, a voz um pouco embargada. — Como se estivesse falhando em honrar a memória de Allan, mesmo enquanto tento seguir em frente e construir uma vida ao lado de Sophie.

Nikolai colocou uma mão reconfortante em meu ombro, um gesto simples, mas cheio de significado. Ele sempre teve uma maneira de dizer muito sem usar palavras.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora