Mikhail Petrov
A luz da manhã entra suavemente através da janela, criando um padrão de sombras e brilho no quarto. Acordo devagar, os sentidos ainda embriagados pela calma da noite passada. Sophie está ao meu lado, dormindo tranquilamente. O ambiente está silencioso, salvo pelo ocasional suspiro dela e o leve som dos pássaros lá fora. Sinto uma paz que não experimentei por um longo tempo. A reconciliação que tivemos ontem à noite trouxe uma clareza que eu havia buscado desesperadamente.
Ela começa a se mover, despertando. Vejo seus olhos se abrirem lentamente, revelando um olhar sonolento, mas contente. Ela sorri ao me ver, e o sorriso dela faz meu coração se aquecer. A tensão que costumava marcar nossas interações se dissipou, substituída por uma sensação reconfortante de entendimento.
— Bom dia, Anjo — ela murmura, a voz ainda suave e cheia de sono.
— Bom dia, meu raio de sol— respondo, forçando um sorriso enquanto me alongo. A sensação da noite passada ainda está fresca, e a suavidade do seu toque me traz um conforto inesperado.
Ela se aproxima, movendo-se devagar, e começa a passar as mãos pelo meu peito. O contato é delicado e carinhoso, mas sinto uma onda de tensão. Não é a sua presença ou o carinho dela que me causa desconforto, mas a sensação do toque em um lugar onde eu escondo muito mais do que apenas o físico.
Coloco uma mão sobre a dela, gentil, mas firme. Ela para e me olha com uma expressão de surpresa e preocupação.
— Mikha, o que foi? — Ela pergunta, a voz carregada de um misto de curiosidade e preocupação.
— Não — digo, tentando manter a calma. — Não é o momento. Eu não... não posso.
Ela retira a mão lentamente, sua expressão se tornando uma mistura de confusão e tristeza. O silêncio se estabelece entre nós, e eu posso sentir o peso da minha própria hesitação.
— Por que você não deixa eu tocar o seu peito ou suas costas? — pergunta ela finalmente, sua voz é suave, mas cheia de uma sinceridade que me toca profundamente.
Olho para ela, o desejo de compartilhar o que estou guardando comigo entra em conflito com o medo de me mostrar vulnerável. Sinto que é hora de ser honesto, mas a dor associada a essas memórias me faz hesitar. Respiro fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Quando eu era criança — começo a dizer, a voz saindo de forma hesitante —, minha tia era... muito severa. Ela não era apenas rígida; ela tinha um jeito cruel de lidar com a disciplina, ela é o marido drogados dela.
A lembrança traz uma onda de desconforto, mas continuo, sentindo a necessidade de ser transparente. O olhar de Sophie, cheio de empatia, me dá coragem para prosseguir.
— Havia uma forma de punição que ela usava, algo que ela chamava de "lembrança permanente". Ela acreditava que deixar marcas físicas me faria lembrar das lições que ela queria ensinar. A cada erro, a cada falha, ela usava um cigarro ou uma régua, mas havia outras formas ainda mais dolorosas.
Pauso, tentando controlar a emoção na minha voz. Sophie me observa em silêncio, sua expressão um misto de tristeza e compreensão. Seus olhos brilham com uma intensidade que me faz sentir um peso aliviado.
— Eu tenho cicatrizes — digo, quase em um sussurro. — Cicatrizes que são um lembrete constante do passado doloroso. Não apenas marcas físicas, mas memórias de uma época em que eu não tinha poder para mudar nada. Não é apenas a dor que essas marcas causaram, mas o sentimento de impotência que eu carrego, por isso as tatuagens no peito e costas.
Sophie se aproxima mais, sua mão ainda repousando ao lado da minha, oferecendo um toque de apoio que é quase terapêutico. Sua presença é um contraste tão suave em relação à dor que estou descrevendo.
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Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]
RomanceMikhail Petrov, é o filho bastardo do antigo Pakhan da Bratva. Antes de ser reconhecido como um Petrov, Mikhail sofreu nas mãos de seu padrasto drogando, tendo se tornado alguém sem alma nem coração. Sopy Cassano, é a filha única do capo da Camorra...