Capítulo Quarenta E Três

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Sophie Cassano

Encontro Aleksander no corredor da mansão, e só de vê-lo, sinto meu estômago revirar. Ele me encara, os olhos cheios de culpa, e o ar entre nós fica pesado. Cada encontro com ele é um lembrete doloroso do que perdi por causa das suas ações.

— Isabella não está aqui —  digo, tentando manter a voz firme — Ela está no jardim de inverno com minha mãe — Estou a um passo de me afastar quando ele fala novamente, me parando.

— Sophie, eu preciso falar com você — ele começa, hesitando — Sei que o que fiz foi errado. Convenci Mikhail a engravidar você para forçar a aliança entre a Bratva e a Camorra. Isso foi uma traição terrível, e sinto muito — Seus olhos, geralmente frios, agora mostram uma vulnerabilidade que me pega de surpresa.

Fico paralisada, tentando processar o que ele está dizendo. A dor e a raiva borbulham dentro de mim, lembrando-me de como ele arruinou minha vida.

— Você sabe o que fez? — Minha voz treme, mas está cheia de uma força que não sinto — Você me usou, senhor Aleksander, usou a minha vida e meus sonhos para seu próprio ganho — acuso com toda a raiva do mundo.

— Eu sei — ele admite, sua expressão cheia de remorso — E lamento muito por isso. Estava desesperado para proteger minha família. Não pensei nas consequências para você. Foi egoísta e cruel, e estou tentando consertar o que fiz — As palavras são quase sufocantes. Tento me acalmar, mas a dor é muito profunda.

— Desesperado? — repito, a amargura se infiltrando na minha voz — Você, a uma vida que nunca quis. E agora espera que suas desculpas sejam suficientes? — talvez esteja exagerando, mas não vou perder a chance de fazer com que ele se sinta mal.

— Não espero que me perdoe — ele diz, a voz mais suave — Mas quero que saiba que estou arrependido e quero ajudar você e Mikhail a encontrar um caminho. Sei que errei, e estou disposto a fazer o que for preciso para corrigir isso — Há um momento de silêncio onde olho para ele, tentando ver a sinceridade em seus olhos.

Aleksander parece genuíno, mas a mágoa que sinto é imensa. Tento encontrar uma forma de responder, mas as palavras se perdem na dor.

— Você não pode simplesmente consertar isso —  digo finalmente, a voz baixa — Mikhail e eu temos muito para resolver. Não sei como vamos superar isso, mas vai levar tempo. Muito tempo — Ele acena com a cabeça, aceitando minhas palavras.

— Entendo. Só quero que saiba que estou aqui para ajudar, de qualquer maneira que puder — Aleksander se vira e começa a se afastar, deixando-me sozinha no corredor. Respiro fundo, tentando processar tudo o que ele disse. Ainda estou machucada, mas talvez, com o tempo, possamos encontrar uma forma de seguir em frente.

Entro no jardim de inverno, onde Isabella está conversando com minha mãe. O ambiente calmo e cheio de vida deveria ser reconfortante, mas minhas emoções ainda estão à flor da pele. Preciso de tempo para processar tudo isso, para entender como podemos seguir em frente.

A confissão de Aleksander e seu pedido de desculpas não apagam o passado, mas talvez seja um começo para construir algo novo, uma esperança de que, de alguma forma, possamos encontrar uma maneira de curar as feridas e reconstruir nossas vidas.

Saio do jardim de inverno com bastante sono. Vejo Mikhail sair do escritório com passos rápidos e desajeitados, como se carregasse o peso do mundo nos ombros. Seu rosto, normalmente tão determinado, está agora sombrio e perturbado. Uma dor profunda e visível paira ao redor dele, como uma aura que não pode ser dissipada.

Quando nossos olhares se encontram no corredor, meu coração se aperta dolorosamente. A expressão em seu rosto é um reflexo de todas as emoções turbulentas que ele deve estar enfrentando. A culpa e o remorso são tão evidentes que quase consigo tocá-los.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora