𝐄𝐗𝐈𝐓𝐈𝐀𝐋𝐄 𝐌𝐔𝐋𝐈𝐄𝐑𝐄𝐒 - Reneé rapp

Capítulo - 25

POV - Reneé

brinco com a barra da coberta tentando me distrair, sinto meus olhos marejarem e meu rosto começar a esquentar pelas lágrimas iminentes.

- não era um cara.. - respiro fundo observando a confusão da garota.

abro e fecho a boca indecisa se eu deveria ou não falar sobre isso, mas logo concluo. - era uma garota.. eu sou gay. - sinto a primeira lagrima deslizar pelo meu rosto.

vejo o sorriso dela começar a iluminar o seu rosto, seus olhos brilham com a confissão desajeitada, solto todo o ar que estava prendendo.

[...]

- E CORTA!

- vocês foram ótimas, meninas, meus parabéns! - somos recebidas com curtos aplausos pelo diretor e pela equipe de filmagem e iluminação que ainda estava no lugar toda completa, mesmo já sendo a última filmagem do dia.

passo a mão pelos olhos espantando as lágrimas do meu rosto e me recompondo depois de uma cena com uma certa carga emocional a mais. seguro as mãos de Pauline e a uso de apoio para me levantar da cama desajeitadamente.

- nem acredito que a gente termina tudo em só algumas semanas. - murmuro.

- eu estou tão cansada, tudo o que eu quero é poder me jogar no chão e dormir. - vejo a garota passando as mãos pelos cabelos e acabo sorrindo.

eu não parei para pensar sobre isso, eu me dediquei tanto a esse papel, e agora está tudo terminando, sinto que eu não aproveitei da forma correta, já estou sentindo falta dos almoços e jantares com as meninas, as brincadeiras idiotas, erros de gravação tudo mais.

em tão pouco tempo descobri amizades incríveis aqui, que eu não posso definir de uma forma diferente se não disser que me completam.. da forma mais estranha e desajustada, mas me completam.

me despeço brevemente de Pauline e sigo pelo corredor sozinha, com o objetivo de entrar no meu camarim para trocar de roupa, quando eu abro a porta tenho a esperança de encontrar com dezenas de jarros de flores, mas me decepciono quando não acontece.

elas foram tiradas da sala poucos dias depois de eu tê-las recebido, até porque elas já estavam começando a morrer e em breve o mal cheiro começaria a surgir e tomaria conta de todo o set de filmagem.

retiro a minha blusa e a arremesso em qualquer canto da sala. não demoro muito em trocar de roupa e nem elaboro muito o que eu iria usar agora, até porque os planos para à noite só seriam ir para a casa da Alyah, pedir alguma coisa para comer e passar um tempo com as meninas, conversando ou assistindo alguma série de tv.

solto um suspiro cansado quando agacho para pegar as minhas roupas no chão e separá-las. meus olhos vão de encontro com um papel que deve ter caído quando eu joguei a blusa pelo quarto. um arrepio percorre toda a minha espinha quando noto ser o bilhete que veio junto com as flores que Hope me mandou.

brevemente sinto o cheiro dela e não consigo evitar a corrente elétrica que atinge o meu corpo tão rapidamente, sinto os tons de amadeirado intenso misturado com os pontos doces de flores e a única coisa que preenche a minha cabeça são imagens embaladas de nós.

me levanto com calma com o bilhete em mãos, observo a caligrafia da atriz, as letras tão bem desenhadas e de alguma forma eu tenho a plena certeza que foi ela quem escreveu pessoalmente, talvez algo na forma que a caneta foi usada com uma pressão média deixando pequenos marcas em consequência, ou talvez pela forma que ela escreve o A.

ou talvez eu esteja só me apegando a essa ideia como forma de controlar a saudade ou algo assim.

travo a mandíbula com a possibilidade.