Capítulo - 35

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POV - Hope

o ano novo passou rápido como um flash em um desfile de moda, como eu já imaginava, a família da Reneé seguiu me acolhendo como se eu realmente fosse parte da família. confesso que não me lembrava de me sentir tão imersa nesse sentimento de acolhimento.

não que o meu pai não me traga esse sentimento de familiaridade. mas o natal com luzes alegres e a presença de mais de uma pessoa me deixou com a impressão de que realmente havia algo a ser comemorado e celebrado.

penso em quando eu era criança, me lembro de que era mais animado. meu pai me levava para o batalhão dos bombeiros e nós comemorávamos o natal com a equipe. e não foi difícil de acreditar que na verdade, o papai noel usava uma roupa amarela pesada, e cordas de apoio e um chapéu engraçado.

os chamados tinham picos nas festas de fim de ano, mas foram poucas as vezes em que o meu pai teve que sair para atender alguma emergência, até porque o resto da equipe se voluntariava para ir no lugar dele, para que ele pudesse ficar comigo. mas mesmo assim ele precisava ficar de plantão para poder ter o ano novo livre.

em um ano em específico, houve um grande acidente envolvendo fogos de artifício em um acidente idiota com menos de idade irresponsáveis, nós ainda morávamos no Brasil nessa época. toda a equipe precisou ir e consequentemente eu tive que ficar sozinha com uma moça que trabalhava na recepção, ela era a única do turno, a única no prédio.

me lembro de me sentir egoísta por estar triste, por não poder passar a virada do dia acompanhada do mais velho, mas também me lembro de sentir raiva por isso, não era minha responsabilidade ser compreensiva, mas era minha responsabilidade saber que aquele era o trabalho do papai.

eu ficava repetindo que estava tudo bem, e que eu não me importava, eu não queria que aquela mulher achasse que eu estava triste. mas também me lembro que eu gritava internamente o quanto eu odiava fogos de artifício. enquanto isso, a mulher da recepção me observava com calma e pena.

ela sabia o quão frustrada eu estava, e ela sabia que aquele seria só o primeiro evento assim. e ela não estava errada, já que no ano novo seguinte eu também precisei ficar sozinha.

- Emma me ligou hoje cedo, ela queria ajuda para vender o apartamento. - solto o ar pesadamente.

movimento meu garfo de um lado para o outro no prato, tentando de alguma forma me distrair. - eu nem acredito que ela vai se mudar definitivamente. - murmuro.

- eu fico feliz que ela esteja feliz com o Andrew, e as coisas estão dando certo.. mas você sabe.. é estranho ver ela se mudar. - me sinto um pouco paralisada com essa situação, não que Emma fosse a pessoa mais próxima a mim, mas ainda é estranho ver os meus amigos se mudando um a um.

senti falta dela quando ela anunciou os seis meses em Nova York, e senti mais ainda quando ela prolongou até o natal, e ai até o ano novo. fiquei surpresa quando semana passada no ano novo, ela disse que estava voltando comigo só para pegar as últimas coisas dela.

- Hope.. - meus olhos encontram os de Tom esperando que ele conclua.

ele abre e fecha a boca com rapidez, fico confusa pelo seu nervosismo repentino. - eu..

o incentivo para que ele continue, Thomas respira fundo e solta o ar com calma, quando ele se sente finalmente pronto logo conclue seu pensamento. - Zendaya e eu conversamos.. e nós decidimos que depois do casamento.. nós vamos nos mudar para Nova York.. comprar uma casa longe do centro e-

meu sorriso morre em questão de segundos, ele continua falando de forma animada, mas eu já não presto atenção, sinto um zumbido nos ouvidos e me sinto levemente desnorteada. travo a mandíbula tentando raciocinar as últimas palavras que ouvi.

𝐄𝐗𝐈𝐓𝐈𝐀𝐋𝐄 𝐌𝐔𝐋𝐈𝐄𝐑𝐄𝐒 - Reneé rappOnde histórias criam vida. Descubra agora