Capítulo - 27

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POV - Hope

eu não sei a quanto tempo estamos aqui, sentadas na areia lado a lado observando as ondas se quebrarem ao longe. é engraçado que eu gosto da companhia da loira mesmo quanto estamos em silêncio, por alguns instantes me sinto relaxada e calma.

me perco totalmente com a vista em minha frente, a calmaria das ondas me rodeia e por um momento não consigo ouvir o barulho da festa logo atrás de mim. eu não sei o que mais me atrai, se é a perfeição das ondas e a sua constância, ou a beleza da lua cheia, que ilumina a noite e decora o céu em conjunto com as estrelas.

é uma visão de tirar o fôlego, no mínimo.

- estamos bem.. mas eu não acho que a gente devesse voltar a se envolver. - arregalo os olhos quando a loira declara, abro e fecho a boca rapidamente completamente surpresa, tento pensar em alguma resposta, mas minha mente parece se nublar

um silêncio ensurdecedor se instala entre nós, rapidamente meu corpo fica tenso e acabo estremessendo. um pequeno filme dos últimos dias começa a passa pela minha cabeça, começo a imaginar minhas quintas feiras todas iguais. a ficha de que eu isso é um "nunca mais" começa a cair.

nunca mais sentir o seu calor tão próximo, seu perfume pela manhã, seus lábios, seu gosto, seus toques, sua risada, tudo sumiria em um estralar de dedos. travo a mandíbula com a possibilidade, seis semanas foram uma tortura, eu não quero uma eternidade.

não quero uma eternidade para me arrepender.

- eu discordo totalmente. - minha voz sai tão baixo que tenho a impressão de que ela não me ouviu.

me volto para a loira e observo seu olhar incerto, me apego a possibilidade de existir um resquício de medo em seus olhos.

- você foi sincera comigo Hope, e eu espero que me permita ser sincera com você também. - confirmo com a cabeça.

- por favor. - murmuro dando espaço para que ela continue.

- eu realmente gosto de você, da sua companhia, de quem eu descobri que você é. e eu achei que fosse ficar tranquila com tudo isso, mas eu acho que estamos indo para um caminho que vai me fazer interpretar as coisas de outra forma.. e se não pararmos agora eu não vou conseguir manter o controle..

- e eu não quero me machucar com isso, Hope, eu achei que eu pudesse agir como você, não me importar com o que eu estou sentindo, ignorar esse sentimento crescente, mas eu não posso, não consigo e nem quero.. eu valorizo a amizade e o carinho que criamos uma pela a outra e eu não quero me afastar totalmente, mas eu não acho que seja viável continuar as coisas como antes.

- e não é nem pelo o que aconteceu no avião.. é por mim. - vejo quando seu olhar se perde na areia e ela abaixa o tom de voz.

- eu não quero te machucar, Reneé.. - ela cruza as pernas e abaixa as mãos até o colo brincando com os aneis, me amaldiçoo quando minha voz sai trêmula.

- eu não acredito que eu vou falar isso. - nego com a cabeça, sinto meu coração bater nos meus ouvidos.

preciso respirar muito fundo para ter coragem de dizer as minhas próximas palavras. - eu não quero que as coisas acabem assim. - me viro totalmente para ela. parte de mim não quer ver como ela vai reagir por medo, mas a outra parte se agarra a um fio de esperança de que eu não vou ganhar um fora enorme.

sinto meu corpo estremecer e logo em seguida começar a esquentar, estou tão nervosa que a brisa fria da maresia não me incomoda mais, e a esse ponto se torna mais um frescor, o que é contraditório por que deve estar fazendo uns 18 graus no máximo. consigo sentir minhas mãos começarem a tremer com pequenos espasmos que me conhecendo vão se intensificar, engulo em seco. - as vezes eu não me reconheço por estar tão entregue e-

𝐄𝐗𝐈𝐓𝐈𝐀𝐋𝐄 𝐌𝐔𝐋𝐈𝐄𝐑𝐄𝐒 - Reneé rappOnde histórias criam vida. Descubra agora