Capítulo - 30

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POV - Hope

não consigo evitar de sorrir enquanto noto o quão maravilhada Reneé está. ela observa cada detalhe com admiração e carinho.

é reconfortante ter a oportunidade de compartilhar algo tão significativo e importante para alguém e essa pessoa receber esse lugar com carinho e admiração.

é ainda mais reconfortante quando vejo Reneé fazendo isso, não que eu pensasse que seria diferente, mas eu consigo ver em seus olhos essa admiração. sinto meu coração quente em mostrar tudo isso para ela.

esse abrigo me toca profundamente, por um milhão de motivos diferentes. me sinto imersa em um momento de genuína troca de emoções, onde a empatia e o cuidado mútuo se manifestam e transcendem. de certa forma me sinto mais confiante em compartilhar mais coisas importantes para mim com ela.

como se agora eu tivesse a plena certeza que ela sempre receberá assim, com admiração.

- esse é um dos meus lugares favoritos no mundo todo, eu sou apaixonada por cada animal desse lugar, até os esquisitos para caralho. - sua risada fraca me comove.

- quais outros animais vocês monitoram?

penso por alguns segundos então lhe dou a sua resposta. - águias, cervos, raposas, lontras, aves de rapina, cobras, largatos.. tivemos um leopardo preto uma vez.. - solto o ar.

ela para de andar e ergue uma sobrancelha curiosa pela nova informação.

- porque a gente não viu ele ainda? - sorrio fraco.

- ele não ficou por muito tempo.. morreu menos de dois meses depois de chegar..

respiro fundo e volto minha atenção para ela. - ele nem deveria estar aqui, não é nativo.. mas acontece que ele foi capturado por um grupo enorme que fazia caça ilegal em diversos países pela Ásia e África, enfim..

- quando a polícia ambiental conseguiu encontrar as jaulas com centenas de espécies, ele era o que mais estava debilitado.. marcas de cortes profundos no pescoço e na barriga.. mancava, ele era um lutador.. - um arrepio percorre minha espinha e não consigo evitar o tremor.

- não comia e mal bebia água.. mas ele era complicado, não aceitava que ninguém chegasse perto, muito menos cuidasse dele, tentando lutar para se defender o máximo que conseguia.. mas com muito esforço, carne, carinho e empatia ele se tornou mais aberto.. era o que eu achava na época pelo menos, olhando agora, ele só ficou assim pelo cansaço, ele não aguentava mais se defender, mesmo precisando muito.

- no início achávamos que conseguiríamos manter ele vivo e conseguiríamos reinserir ele na natureza.. mas um mês e meio depois ele desenvolveu algumas infecções por causa de umas obstruções no esôfago que não tinha sido descoberta quando ele chegou.

- não conseguia comer, o que comia vomitava.. sentia muita dor e.. como o esperado.. - dou de ombros cruzando os braços.

ela me observa atentamente, sorrio de lado quando sua mão segura a minha levando para mais próximo do seu corpo, tentando transmitir algum cuidado.

- ele era lindo.. pelagem totalmente preta.. era quase bizarro os olhos serem tão expressivos.. mas eram.. e ele era enorme.. perfeito.

- não conte aos outros, mas ele de longe era o meu favorito. - solto uma risada nasal disfarçando o ar pesado.

- qual era o nome dele? - sorrio fraco.

- normalmente eu não posso dar um nome para eles, mas debaixo dos panos eu chamava de de Fortis.. significa corajoso ou valente. - dou de ombros. - ele merecia um nome.

𝐄𝐗𝐈𝐓𝐈𝐀𝐋𝐄 𝐌𝐔𝐋𝐈𝐄𝐑𝐄𝐒 - Reneé rappOnde histórias criam vida. Descubra agora