precious - pedri gonzález

#65

ISABELLA ROSSI 🛵

Acordei sentindo dedinhos me cutucarem diversas vezes e eu suspirei já sabendo de quem pertenciam esses dedos.

— Mamãe, vamos bincar'. - ouvi a voz de Lucca e eu permaneci de olhos fechados.

— Chama o papai... - sussurrei.

— Ele mandou a gente te chamar. - Cecília falou e logo as duas criaturas subiram em cima de mim.

— A mamãe está cansada. - abri levemente meus olhos. — São que horas? - olhei minha filha.

— Tá o número sete no quadro mágico. - ela me respondeu e eu concordei.

Sim, eles chamavam relógio de quadro mágico.

— E cadê o papai? - abri meus olhos totalmente e me sentei na cama.

Observei as duas figuras pequenas que estavam sentadas uma do lado da olha me encarando com os enormes olhos castanhos herdados do pai.

— Não sei... - Lucca deu ombros mostrando o beicinho.

— Certo. - suspirei me espreguiçando. — Já tomaram café?

— Sim! - falaram juntos e animados.

— A mamãe vai tomar um banho, tomar o café dela e vamos brincar, tá? - apertei a bochecha dos dois e eles gritaram animados saindo de minha cama e correndo pelo quarto.

Eles eram extremamente agitados, isso era bom.

Mas nem sempre é bom.

Me levantei da cama logo seguindo até o banheiro e me observei no espelho, respirei fundo tomando coragem para tomar um banho. Comecei a retirar minhas roupas e de repente, as crianças surgiram.

— Mamãe, você demora muito. - Lucca resmungou cruzando os braços e fez uma feição seria que era idêntica ao que meu marido fazia.

— Mas a Mamãe acabou de entrar no banheiro. - peguei meu roupão e me cobri seguindo para o box.

— Anda logo, fêmea! - ele falou bravo e eu me virei na direção dele.

— Lucca, não é assim que se trata nenhuma menina. - repreendi na hora e rapidamente fez um biquinho ameaçando chorar. — Vai lá para minha cama deitar e me esperar com a sua irmã. - falei somente e assim ele obedeceu.

Retirei meu roupão e liguei o registro na água quente, suspirei relaxando sentindo o líquido escorrer no meu corpo. Sentia até minhas forças chegando para o dia de hoje.

Ser mãe de um casal de gêmeos de quatro anos é uma montanha-russa de emoções, nem sei se essa palavra chega a definir. Há momentos de pura alegria e encantamento ao ver meus filhos crescerem juntos, explorando o mundo ao seu redor, se encantando com esportes, provando coisas novas e tenho novas experiências. Mas também há desafios e cansaço, especialmente lidando com duas personalidades vibrantes e cheias de energia.

Lucca era uma criança bem amorosa e ciumenta em relação a minha pessoa. É tranquilo, obediente e carinhoso com seus familiares. Com seus olhos curiosos e um sorriso contagioso, ele ilumina qualquer ambiente em que entra, mas tudo isso vai embora quando alguém pensa em ficar muito tempo comigo.