Fechei os olhos, de imediato, porque apercebi-me assim que entrei, que ele ainda estava no banho e virei-me de costas, ele se dirige a mim:
- O que fazes aqui?
- Para pedir um favor.
- Outro?
- Eu ainda não te pedi nada, só exigi, são bem diferentes.
- Pois, então o que é?
- Não consigo apertar sozinha, o espartilho.
- Eu já ajudo. – Ouvi ele a sair da banheira, pega nos cordéis, puxa com força, estrangulando o meu torso, subindo o peito, agarro-me a porta, apertando-me até começar a ficar sem ar.
- Chega...Chega! Não me está a ouvir?
- E se faz favor? Au! – Diz queixando-se.
- Eu é que devia dizer. Por favor, pára! – Ele larga aquilo de repente, nem deu os nós, ficando largo outra vez, viro-me, ele está com a mão no ombro que deita um fio de sangue, tento manter a visão para cima da cintura. – O que se passa?
- É só uma ferida de guerra. – Ele senta-se no chão, agarro uma toalha e ponho-lhe por cima, para cobrir partes mais privadas, mas ele parecia não se importar muito.
- Deixa-me ver!
- Já te disse não me podes dar-me ordens. E vai já para o quarto! Eu já vou.
- Não, agora és tu que não me podes dar ordens, ouviste bem? – Tiro-lhe a mão de cima da ferida, parecia já ter sido cozida, só que estava abrir-se. – Tens algum tipo de álcool?
- Naquela mesa no canto com as gavetas, tem umas garrafas de uísque em cima.
- Ok. – Vou até a mesa, agarrando o meu vestido para cima, que estava a escorregar, pego a garrafa, volto para ele.
Com um pano pequeno, mergulhei em uísque, esfreguei-o e pressionando na ferida, limpando e estacando o sangue:
- Segura e faz força! Vou buscar uma coisa. – Vou a minha mochila e procuro por pensos para a ferida, até que encontro-os, já estava a pensar que não os tinha, volto para lá.
- O que foste fazer?
- Buscar isto. Tira o pano para ver. – Ele tira, parece que tinha parado de sangrar, tiro o papel do penso e colo-o a sua pele, ele olhou com uma cara estranha para mim, pois ele não conhecia aquilo.
- O que é que tu fizeste? Também és curandeira?
- Não me parece, o que eu sei é de muito longe, parecido ao que um médico sabe, isto é um dos objetos que tenho.
- Bem, mesmo assim obrigado.
- Não precisas de agradecer, também nesse sítio, acho que não chegas a sangrar até a morte, mesmo se não tivesse aqui.
- Mas podias não ter feito nada e ter ido embora.
- Depois quem me ajudava a ir para casa? – Levanto-o. – Não faças esforço com esse ombro, o penso vai manter isso selado até que cicatrizes a ferida.
- Vira-te para te prender o traje. – Fiz como ele disse.
- Faz devagarinho para não me estrangulares, nem esforçares o ombro. – Puxou e deu os nós, ia a virar-me.
- É melhor não, que deixei a toalha cair e já que não gostas de olhar.
- Podes crer que não gosto.
- Pronto, Lady Iza, eu vou só me vestir, depois já vamos.
Esperei por ele, pus a minha mochila debaixo da cama para ninguém ver as minhas coisas, eu não importava de ir estar a passar por empregada, porque já tinha trabalhado como empregada de mesa, para arranjar dinheiro, às vezes, ele abriu a porta e vinha vestido com uma farda parecia a anterior, mas mais luxuosa, antes de sairmos, ele disse que me ia tratar só por Iza, porque se não, não iria passar por minha empregada dele, e ainda ajeitou-me a roupa e disse para apanhar o meu cabelo, acabamos por sair, finalmente vi o corredor que há por detrás do quarto, passava muitos empregados, provavelmente por causa da tal festa, segui o Henry de cabeça baixa, apesar de não gostar muito, era tudo muito ao estilo medieval, rústico e antigo, não admira, estou no século 15, pensaria o que seria de mim, se demoraria uma semana, um mês ou até mesmo um ano, esperava que não, o que acabaria por se passar no século 21, por darem conta que desapareci, será que alguém dava alguma importância pela minha falta.
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605 Years Before or After
RomanceIsabella (Iza) Thompson, 18 anos, mora em Liverpool e no ano de 2015, vive a vida nos extremos, devido ao seus vícios e o seu lema é, basicamente, “Sex, Drugs and Rock’n’Roll”, faz parte de uma banda “NiceHard”, é guitarrista e compositora, diz ser...