Finalmente chegamos ao grande salão, passamos por vários corredores, todos iguais para mim, tentei memorizar, mas não parecia que chegasse, pois se me encontra-se ali, sozinha, iria-me perder de certeza, estamos numa divisão do castelo, onde tinha uma mesa a percorrer todos os lados da sala, tirando do sítio que se entra, de frente da parede oposta, tinha a mesa com cadeiras que seriam lugares, onde os mais importantes se sentariam, assim como o Henry, no centro da sala, tinha muito espaço, provavelmente, para tocarem música e dançarem ou outro entretenimento qualquer, levou-me até um rapaz de vinte e tal anos:
- Iza, vais trabalhar aqui no grande salão. Este é o Calvin, ele vai-te ajudar no que precisares, já estás habituada a trabalhares só para mim.
- Sim, Vossa Majestade.
- Bem, vou-te deixar, depois de a festa acabar, nos encontramos aqui, para me acompanhares ao quarto, porque preciso depois do teu serviço.
- Sim, senhor. – O tal Calvin fez uma vénia, assim como fui obrigada a fazer, assim que eles nos abandonaram.
- Então, tu és a Iza, quê?
- Thompson e tu?
- Calvin Kermens, ao seu serviço. Tu és nova, não é? Nunca te vi e olha que já vi muita coisa.
- Sim, sou.
- Vieste com ele da guerra?
- Sim, ele resgatou-me.
- Então tiveste sorte, porque acho que não me lembro de ele costumar fazer isso.
- Ah, temos o que fazer?
- Sim, sim, tens toda a razão, anda.
Só sei que fartei-me carregar coisas, meter comida nas mesas, eu lá ia roubando uma trinca, entretanto começaram a chegar mais gente, não pareciam muito ilustres, mas sim soldados, como falam tanto de uma guerra, por isso calculei que fosse por terem ganhado e estavam a comemorar vitória, pouco tempo depois o grande salão, já não era tão grande, os homens cada vez mais bêbados, ao som de arrotos que soavam a má educação, se eu não tive bons reflexos já teria levado palmadas no meu rabo, pelos selvagens com efeito da bebida, o que deveria ser muito habitual para as empregadas dali, às vezes olhava para o sítio onde estava o Henry sentado, a cadeira principal, e dava com ele a ver-me sem desviar o olhar e com um sorriso, parecia estar escondido no canto da boca, assim que ele me via eu a olhar para ele, punha se sério e virava a cara, já tinham passado umas horas e estava cansada, mas já estava metade a dormir, fui me sentar um pouco numa cadeira, depois fui ajudar a tirar tudo para a cozinha, quando voltei a sala, não vi o Príncipe, pensei que deveria estar a meter-se com alguma, antes de me levar de volta ao quarto, estava a mexer nos pratos, ia aproveitando para comer mais alguma coisa, mas ainda assim era pouco, devida por estar cansada que estava com mais fome do que costume, quando sinto uma mão no meu ombro, viro-me, largando-me da mão:
- Tem calma, sou só eu, não me mates.
- Desculpe, Vossa Alteza. – Fazendo uma vénia.
- Tenho de te pôr mais vezes aqui, estás a ficar educada.
- Nem te atrevas! – Digo baixo para ninguém ouvir.
- Então, anda lá. – Pondo a mão nas costas para andar.
- Eu consigo andar sozinha, está bem?
- E porque não foste sozinha para o quarto?
- Podias estar lá a tomar a tua dose diária, sei lá.
- Ou tinhas medo de te perder, ou pensas que não percebi o teu ar de confusão, quando vínhamos para aqui.
- Afinal sabes muito, e eu a pensar que eras só um Príncipe bruto, idiota e perverso.
Ele não disse mais nada, andamos até ao quarto, já estava a memorizar melhor o caminho, abriu a porta e logo a seguir, trancou-a, sempre que ouvia a chave a rodar, fechando-me ali sem liberdade, sem saber como e quando voltaria a Liverpool. Agora que estávamos em silencio, tinha reparado melhor que a divisão era mais rica em coisas e mais luxuosa, mas devida ser normal, se ele era a realeza, pois tinha uma lareira, que estava acesa, talvez por ser mais frio, à noite, tinha um ar muito diferente, pelas velas estarem também acesas, fui logo direita ao chão, para tirar a minha mochila debaixo da cama, fui para casa de banho e apareci vestida com minha roupa interior normal e uma camisola comprida que cobria até quase aos joelhos, já tinha em cima do tapete um coberto grosso e uma almofada, ele estava na cama a observar-me, e reparei que tinha o peito a vista:
- Tu não estás nu, pois não?
- Eu durmo sempre ao natural e não és tu que me vais impedir.
Ajeito tudo e me deito, o tapete até era fofinho, por isso até não estava mal, ouço um suspiro, mas não liguei nenhuma:
- Boa Noite, Iza.
- Lady Iza. – Corrigindo-o.
- Está bem.
- Boa Noite, Henry.
- Vossa Majestade. – Diz ele, imitando-me.
- Não está bem. – Sorri, adormecendo cansada e pensando se poderia acordar no armazém, outra vez.
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605 Years Before or After
RomantizmIsabella (Iza) Thompson, 18 anos, mora em Liverpool e no ano de 2015, vive a vida nos extremos, devido ao seus vícios e o seu lema é, basicamente, “Sex, Drugs and Rock’n’Roll”, faz parte de uma banda “NiceHard”, é guitarrista e compositora, diz ser...