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Assim que tirei o espartilho, o Douglas virou costas, despindo-se também, eu tirei a roupa, até ficar, simplesmente só com uma túnica branca quase transparente, que me chegava acima dos joelhos, levantei logo o cobertor, deite-me e cobri-me para ele não ver nada:

- Pronto, já podes-te virar. – Ele virou-se, tinha vestido umas calças creme.

- Agora chega-te para lá. – Tentei chegar o máximo, só que já estava mesmo na berma da cama, quase a cair, quando ele se deitou.

- Não consigo mais, se o fizer caio.

- Está descansada, que isso não vai acontecer, enquanto tiver aqui. – Agarra-me a cintura, puxando-me contra o seu corpo, que estava quente.

- Então, larga-me. Que mania de me agarrares.

- Se o fizer, tu cais. Até parece que não gostas.

- E não gosto.

- Não foi o que pareceu na floresta e no banho.

- Por falar nisso, porque me convenceste a tomar banho contigo? Afinal não nenhum hábito vosso, tu mentiste-me.

- Pensei que querias e que soubesses que não era nenhum hábito nosso.

- Pois, inventa desculpas, inventa, pervertido. – Acabei por me virar com cuidado, ficando de costas para ele.

- Não vais ficar mesmo chateada, pois não?

- Deixa cá ver, sim! Olha lá, tu como braço direito do futuro Rei de Inglaterra, não deverias ter um quarto e uma cama maior?

- Eu só comecei a fazer parte da corte, depois que Henry deu-me um título, como era o melhor amigo dele, mesmo assim, por não ter nascido na nobreza, deixa-me um pouco de lado na corte, por não ter quase posses nenhumas.

- Hum, então afinal, tu passaste de amigo a empregado.

- Não fales assim, eu sou muito grato a ele, se não fosse ele provavelmente estaria na miséria e continuo amigo dele.

- Olha que não sei, a mim parece-me que trata-te mais como um empregado, mas no fim de contas, para quê que conta a minha opinião?

- Eu gosto de ouvir-te, mesmo que sejam queixas, só não acho que tenhas razão desta vez.

- Então quer dizer que no resto das vezes, eu tenho sempre razão?

- Nunca vais ouvir, da minha boca, isso. – Viro-me de frente para ele.

- Com o que acabaste de dizer, fez-me com que eu tivesse mais a certeza que tu estás a dar-me razão. Até me admira que gostes de me ouvir. – Ele olha-me nos olhos.

- Quem não gosta?

- Muita gente.

- Então considera-me uma exceção, já que eu também te considero assim, porque tu és diferente de toda a gente com quem já convivi.

- Estou a ver que sim. – Naquele momento tive vontade de lhe contar tudo, que eu não pertencia àquela época, que o meu tempo era outro, que parecia cada vez mais distante, mas ele devia ir achar que estava louca.

- Iza...

- Shiuuu. Eu...

- O quê? – Mas desisti, porque quero manter tudo mais ou menos, caso não consiga voltar e não consiga provar que sou uma viajante do tempo ou o quer que seja.

- Até que não é muito mau aqui, contigo.

- Afinal, não sou o único a dar-te razão, tu também me dás a mim.

- Eu sabia!

- Ah, sabias? Agora és bruxa?

- O quê?!

- Estou a brincar. – Começa a fazer-me cócegas na barriga.

- Pára quieto! Eu vou cair! – Disse por entre as minhas gargalhadas, aí senti como se tivesse com o meu melhor amigo, Adam.

- Não vais, nada, eu estou aqui, esqueceste? – Puxando-me para ele, envolvendo os seus braços a minha volta.

- Que tal dormirmos? – Virei-me de costas, mas ele não me largou.

- Bons sonhos...comigo. – Senti o sorriso dele no meu pescoço, que me fez dar-lhe com o cotovelo.

- Para ti também. – Disse rindo-me pela cotovelada.

- Tens de tentar com mais força.

Que me fez responder com um simples suspiro por elenão ter ficado mal com cotovelada, não dissemos mais nenhuma palavra, um aooutro, nos meus pensamentos podia admitir que ele era como um peluche gigante,estar encostada a ele, era muito fofinho e quente, apesar de estar uma noitefria, mas não o senti, com ele ao meu lado, com o seu cabelo preto,desgrenhado, e com os seus olhos queridos, cor de lama, no entanto eledisfarçava sempre a sua aparência com um homem rude e agressivo, mas só enganaaqueles que olham à primeira vista.

605 Years Before or AfterOnde histórias criam vida. Descubra agora