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Foram se passando os dias, continuava a dormir todos os dias no quarto do Henry como ele tinha estipulado, sempre no chão, em cima do tapete, ele continuava sempre a tentar-me seduzir, encurralando-me contra as paredes e a cama, devia ser um gosto dele, mas conseguia fugir todas as vezes, ou por me esquivar ou por ameaça-lo, ele tinha as mãos muito firmes e ásperas, sentia isso quando ele me agarrava, principalmente nos pulsos, nunca me chegou a pedir para prever nada, só para lhe explicar o que conhecia, tinha constantemente curiosidade de ver os meus objetos que tinha na mochila, aos poucos ia lhe mostrando, acho que ficava fascinado com tudo aquilo, mas tentava sempre manter o ar sério para transmitir superioridade, às vezes trabalhava como empregada para não estar trancada todos os dias no quarto, eu ouvi os outros súbitos a comentarem que eu devia ser boa na cama, porque todas as noites estava lá e nunca mais tinham visto o Príncipe com outras, a notícia espalhava-se como um rastilho de pólvora, até os soldados dele não me atreviam a tocar-me, pelo menos não de forma indecente, por pensarem que era como uma propriedade dele, no entanto eu achava que ele se escapulia com outras, eu estava-me nas tintas para isso, desde que o tempo passasse para ir para casa, espera que chegasse o dia em que fizesse um mês desde da minha chegada, ou seja os dias passaram, acabou por ser esse o dia, não sabia que horas eram, saltei para cima da cama, onde ele dormia de barriga para baixo, comecei abaná-lo:

- Acorda! Acorda! Acorda! – Ele virou a cara para mim, entreabrindo os olhos ensonados.

- Cala-te! Deixa-me dormir... O que se passa?

- Disseste que quando fizesse um mês me levarias a noroeste de Inglaterra. – De joelhos em cima dos lençóis sedosos.

- Oh, isso é verdade, é hoje, mas deixa-me dormir mais um pouco.

- Não! Quero ir para lá hoje e agora! – Tirando o lençol de cima dele, mas esqueci-me que dormia como veio ao mundo, ou seja, vi o rabo, eu não sou destas coisas, mas até que era agradável a vista, depois desviei o olhar.

- Vamos quando eu quiser! Queres saber, a viajem demora três dias sem complicações. – Tapando-se outra vez.

- O quê?!

- Sim, como pensas que conseguimos chegar lá mais rápido?

- Então mais uma razão para te despachares.

- Já te disse que tu não me dás ordens! Sabias, eu já me estou a fartar de ti. – Sentando-se na cama.

- Outra razão para me levares até casa, assim já não te chateio.

- Quantos anos, tu tens?

- 18. Porquê?!

- Pareces uma criança. A única coisa que tens de bom é a tua beleza, porque de resto, és uma chatice. – Eu desviei a cara, porque apesar de não quer, não pude evitar de corar, ainda por cima, depois de um elogio colado a uma difamação, ele parecia mesmo farto, mas não queria saber, porque ele também era irritante.

- Queres que eu agradeça pelo que disseste?

- Estás a ver, tu tens sempre de responderes, não sabes estar calada?

- Não! – Cruzando os braços, olhando furiosa para ele, por me tratar como uma miúda, mas num piscar de olhos, ele tinha os seus lábios unidos aos meus, era como um veneno paralisante, congelou o meu corpo, de milímetro a milímetro, sem ter reação, totalmente parada, acabou-me por largar.

- Pelos vistos, só sabes quando tens a boca ocupada com outra coisa. – Acordei com as suas palavras, saindo da cama e com as costas da minha mão esfregando os meus lábios para que saísse o sabor que existisse da sua boca. – Bem, agora vou dormir, já que te consegui calar.

Assim o fez, eu também tive que me deitar, não consegui dormir, fui tomar banho, vesti as roupas de empregada, apanhei o cabelo, arrumei tudo que tinha meu dentro da mochila, inclusive a minha roupa, por mais que fosse a mais confortável, não a poderia usar devido a não ser da época e por estar muito frio lá fora, fiz isso enquanto passava uma hora e tal, até que ele acordou, tomou banho, vestiu-se, preparou a roupa que levava para a viagem, assim como a sua espada estava sempre muito bem limpa, sem pó e nunca vi uma gota de sangue dela, por isso me perguntaria se ele já tinha morto alguém ou alguém fazia o trabalho sujo por ele, não dirigimos a palavra um ao outro, até que ele me disse para irmos, mais nada, tinha preparado uma carruagem real, onde ele ia comigo, iam nos acompanhar mais quatro homens a cavalo, deviam ser soldados ou guardas, deve ser a mesma coisa, um deles era aquele que me tinha chamado "égua por domar" e ainda o que iria conduzir a carruagem, com dois cavalos à frente, apesar de ele ter dito três dias, nós levamos comida para cinco, caso houvesse complicações, que embora eu me considerasse destemida, me assustava a pensar quais seriam essas dificuldades, falta de gasolina, não seria de certeza, ri-me para mim mesma, só de pensar que se tivéssemos um carro seria muito mais rápido e como seria a viagem numa carruagem real, só me veio a cabeça uma palavra, desconfortável.

605 Years Before or AfterOnde histórias criam vida. Descubra agora