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Puseram tudo na carruagem real, eu entrei dentro dela, levei a minha mochila sem ninguém ver e pus debaixo do assento, onde me sentei de frente, que acabaria por ir o Henry, ainda esperei uma meia hora, não sabia ao certo, já que o meu telemóvel morreu, talvez porque nesta época não existir tal tecnologia, nem sequer a palavra que acabei de dizer, devem lá saber o quê, mas enfim, até agora não tinha começado a viagem e já estava incomodada com o vestido, só de pensar que tinha de estar ao pé de mais homens além do Príncipe e não puder usar a minha roupa habitual, estava-me a dar em doida, gosto de vestir algo confortável e sexy, posso parecer um pouco desleixada, mas gosto sempre de atrair as atenções, mas não chegava ao ponte de ser uma egocêntrica, aqui como o Henry, quando eles chegaram, reparei que o que ia conduzir a carruagem seria o Calvin, já conhecia um pouco, ele é um rapaz fala-barato, pelo que me deu impressão, parece-me ter uns 16 ou 17 anos, andava a ver os cavalos, eram lindos, enquanto esperava já tinha ido ter com eles, são animais que tinha passado a gostar muito, pareciam doceis, ao contrário de certas pessoas, então perdi nos meus pensamentos, ouço uma voz e olho para frente, onde se está a sentar o irritante Príncipe:

- Iza! Isabella! – Estalando os dedos diante os meus olhos.

- É Iza! O que foi?!

- Tem atenção como falas comigo já, não estamos no meu quarto. – Sussurra. Melhora o volume de voz. – Estava a perguntar, se te falta alguma coisa?

- Paciência para te aturar. – Digo baixo, indignada.

- Bem queres ir ou não para casa?

- É o que eu mais quero. – Sentindo saudades da minha banda e do Adam, que apesar de ter o mesmo corpo do que a pessoa que está a minha frente, tem almas, completamente diferentes.

Ele não disse mais nada, eu não tive remedio se não olhar pela janela sem vidro da carruagem, para comtemplar a paisagem, porque não tinha nada para fazer e não me apetecia ter conversa com único ser humano que estava ao pé de mim, inicialmente, ele fechou os olhos durante uns minutos, mais uma vez, fico sem noção das horas já que eu também não sou muito boa em orientação, quer de espaço ou tempo, depois acabará por acordar, não sabia como ele podia fazer aquilo, só sentia solavancos, aos altos e baixos, talvez já tivesse habituado, eu continuava com visão fixa na natureza, mas espreitava pelo canto do olho e via que ele de vez em quando olhava para mim de cima a baixo, não conseguia interpretar o seu pensamento conforme me deitava aquele olhar, de repente sinto o carruagem a parar, já passado um bom tempo desde que partirmos, olho para Henry, que espreita devagar pela janela, acho que era para não dar nas vistas, chego-me ao pé dele e digo baixinho:

- O que se passa?

- Não sei.

Ouve-se um dos cavaleiros, dos quais nos escoltam por assim se dizer:

- Quem sois vocês? O que querem? – Com voz alta e firme.

O Henry olha para mim, põe a mão no meu braço e empurra-me para baixo, acho que era para estar protegida, mas eu queria saber o que é, tinha medo que fosse algo grave:

- Eles não respondem, isto não é bom. Se eu não dizer nada, não importa o que acontecer, deixa-te estar baixa.

- O que é isto? – Responde com o dedo a frente da sua boca. Ele põe a mão na espada e retira-a um pouco do seu cinto, como se tivesse a preparar para atacar ou defender.

Houvesse um barulho de algo acertar alguém, eu assusto-me, apensar que barulho foi aquele, que fez o Henry, sair disparado pela porta, deixando-me ali, eu espreito e vejo lanças a voarem, o Príncipe a lutar com a espada, assim como os outros soldados, os supostos inimigos, pelo que contei eram uns dez bandidos, eu só sei que por ver pela janela, não dava a sensação de real, pois parecia estar a ver um filme antigo, era inacreditável, conforme estava distraída, entram pela porta do outro lado, um dos inimigos, puxa-me para fora, mas eu não sou pera doce e não podia estar à espera, do género, que o cavaleiro salve a donzela, vestida de empregada, dei-lhe um pontapé na fruta, trazia uma faca, mas os pontapés eram infalíveis, ainda lhe dei um soco no nariz, esse é que foi mais fraquinho, entrei na carruagem para ir buscar a minha mochila, alcancei e tirei de lá, um lata de tinta em spray e o isqueiro, atirei mesmo com as chamas de fogo na cara, dando-lhe vários pontapés, já que parecia o meu ponto forte, ele acabou por fugir, com a cabeça a arder, desesperado, com a cara a derreter, mas a luta ainda continuava, quando vi o Calvin no chão, com flechas espetadas, uma na barriga e outra na perna, fui-lhe tentar socorrer, mas só vi sangue a escorrer, sentei-me de joelhos e pus a cabeça dele ao meu colo:

- Vai correr tudo bem, Cal. Nós vamos levar-te para o hospital. - No meio daquilo tudo, nem sabia que não estava na minha época.

- Tu és engraçada, Iza. – Sorriu. – Mas já não podes fazer nada por mim. Por isso é que fui para empregado e não soldado, não tenho jeito nenhum para ter lutar.

- Não fales assim... - Dei por mim, a escorrer lágrimas pelo meu rosto, eram poucas as vezes que chorava, mas nunca tinha vivido nada assim, mesmo não o conhecendo muito bem, achava que ele não merecia aquilo. – Não há nada que eu possa fazer por ti?

- Distrai-me, por favor. – Eu acenei que sim e comecei a cantar para ele, o que também era raro fazer, cantei uma das minhas músicas mais calmas, ele cada vez estava mais pálido e com os olhos semiabertos, apareceu o Henry a correr, puxando-me para ir embora.

- Iza, temos de ir, já! É uma ordem! Não podes fazer nada por ele. – Ele, praticamente, arrancava-me do chão.

- Não posso deixa-lo assim. – Ainda tentei o puxar comigo.

- Ele tem razão, vai-te embora. Obrigado e tu ainda vais ser mais do que uma empregada, Iza, não faço ideia, o quê, mas acho que vais. Bem, agora acho que já estou a ver a morte a chegar. Adeus... – Sorriu, todo ensanguentado e perdi-o de vista, por ser arrastada para a floresta, claro que me agarrei a minha mochila, estava de um modo como nunca tive antes, tinha sangue espalhado pelo meu corpo todo, continuava a dizer para mim mesma que era um pesadelo e que não tinha acabado de ver alguém a morrer, mas sabia que tudo o que estava acontecer era verdade, por mais horrível que seja, um manifesto se deu na minha cabeça, QUERO IR PARA CASA! E deu-se um apagão nos meus olhos, conforme caí na terra.

605 Years Before or AfterOnde histórias criam vida. Descubra agora