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Eu e a Edith passamos a tarde a preparar o banquete para a corte que ia assistir a luta de Douglas com não sei quem, começaram a juntarem-se todos num recinto exterior que já devia ser mesmo para eventos como aquele, eu acho uma parvoíce, andarem a tareia, sem motivo nenhum, parecem automasoquistas, mas no caso do Douglas, acho que é o dever dele, já que serve Henry, enfim, eu e Edith já andávamos de um lado para o outro com bandejas a servir bebidas, havia pessoas a sentarem-se, e eu a pensar isto para agradar a alta sociedade, sempre era melhor um concerto, o que me fez sentir saudades da minha banda e da minha guitarra, se eu soubesse o que me ia acontecer tinha posto na minha mochila, sem me aperceber cheguei ao pé do Henry para lhe oferecer vinho, baixei-me, por ele estar sentado, sussurrei ao ouvido:

- Então, vai bem a tua vida? – Ele olhou-me de lado ao ouvir-me.

- Continua a trabalhar.

- Não, enquanto não me disseres quando vou para casa?

- Não sei. Agora vai!

- Não sabes, desculpa, tu disseste que só ficaríamos um ou dois dias.

- Pois disse antes de saber tinha assuntos com problemas por resolver.

- Eu estou quase a fartar-me disto. Aqui a nada, vou embora sozinha.

- Tem calma, porque eu não pretendo ficar aqui muito tempo, além disso, tu aqui tens muitas mais condições, se te fores embora sem o meu apoio.

- Pois tu tens de arranjar sempre alguma coisa para eu não ir. Porquê vais ter saudades minhas?

- Por falar nisso, sinto a tua atitude agressiva. Assim sendo, quero-te no meu quarto, à meia-noite.

- É que nem penses, eu já disse que não sou tua amante nem nada do género.

- Sim, mas ninguém pode desconfiar que és minha bruxa.

- Queres me para quê?

- Logo verás. Agora vai! – Empurrando-me para andar, eu olhei para atrás com uma cara de irritada.

Quando me desviei, começou o suposto espetáculo, de cada lado apareceu cada um, olhei primeiro e vi o Douglas que vinha com muita menos roupa, comecei a ficar com os calores e a pensar com não tinha reparado naquele pedaço de homem, só faltava-me babar, quando acordei, olhei para o outro lado, vinha um homem do dobro do tamanho do Douglas, era feio e um pouco gordo, fez-me lembrar os lutadores de sumo, talvez fosse um pouco exagero da minha parte, porque não chegava a tanto, de repente veio a ideia como o Douglas ia se safar daquela, era simplesmente combate corpo-a-corpo, sem armas, e que corpo ele tem, no final das contas. Começaram a lutar, mas tive de continuar a servir, por isso só via partes, socos, pontapés, murros, esganavam-se e torciam os braços um ao outro, só sei que já estavam dois cheios de hematomas, até que chegou a uma altura que o Douglas estava a perder, pois o outro, prendeu-lhe as pernas e estava com um braço de volta do pescoço, comecei a ter um sentimento de preocupação e aflição, fui até ao Henry:

- Ele vai mata-lo, pára isto! Ele é teu amigo, braço direito e segurança. Ele é te fiel, vais perder um homem assim que está sempre ao teu lado?!

- O que queres agora, Iza?

- Que o deixes ir. Tu não te preocupas com ninguém, pois não?!

- Se não o fizesse, não estarias aqui e sim numa cela por me tentares matar, lembraste?

- Então, liberta o Douglas, que eu faço tudo o que quiseres. – Ele olhou surpreendido.

- Tudo?!

- Sim e espero que tenhas pouca imaginação. – Posso parecer estúpida, mas a verdade é que não aguento ver mais ninguém morrer a minha frente, já bastou Calvin e ele não merecia, assim como o Douglas.

- Espero que cumpras a tua parte. – Ele levantou-se, aquilo fez-me engolir em seco, só de pensar o que ele pode fazer comigo, sinalou com as mãos que o combate acabou, que fez que houvesse sons negativos, porque esperavam ver morte. – Sinto muito, mas já sabemos quem ganhou, por isso ficamos por aqui, pois eu não posso ficar sem o meu segurança. – O que fez a corte rir e aplaudir, já que acabou.

Eu deixei a bandeja com a Edith que me deixou ir, corri para o recinto, onde o Douglas estava deitado, com sangue a escorrer na cara e hematomas, eu apoiei-o no meu ombro, para arrasta-lo fora dali:

- Agora é minha vez de te carregar. – Que fez com ele fizesse um pequeno sorriso no canto da boca, mas voltou logo a seguir para os grunhidos de dor, que ele tinha, pelos vistos, por todo o corpo, só o consegui levar até as cavalariças, sentei-o num monte de palha, ele não é exatamente leve, pus a examinar as feridas, que fez com fosse a cozinha, buscar algo com álcool e um pano.

Voltei ao estábulo, ele mantinha-se no mesmo sítio, quase como se adormecesse, encharquei o pano com uma bebida alcoólica que encontrei, tentei limpar a cara toda e desinfetar as feridas, conforme fazia isso, ele pôs-me a mão na minha:

- Tu não precisas de fazer isto. – Disse com dificuldade.

- Sim preciso, porque se não fosse eu, morrias hoje ali.

- O que fizeste, Iza? – Levantando-se para me olhar nos olhos.

- Nada, só um acordo com Príncipe.

- Não devias tê-lo feito, porque eu sei muito bem oquanto ele gosta de acordos, porque normalmente correm sempre bem para ladodele. E tu já demonstraste que não gostas de mim, porque fizeste isso?

605 Years Before or AfterOnde histórias criam vida. Descubra agora