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- É que... Não pode ser... - Disse pensativa.

- Diz! O que foi?

- No dia em que vim para cá, eu ia ter um concerto e o meu instrumento precisava de umas coisas e fui a dispensa onde guardavam várias coisas, inclusive o que eu queria, quando encontrei numa prateleira, e ia para levar, foi quando vi um graffiti, tu não sabes o que é, é uma pintura urbana, que se faz com umas latas de spray de tinta, e agora que me lembro, esta era imagem desenhada do outro Castelo, não sei porquê, mas recordo-me de olhar, fixamente para ela, tocar na parede, onde estava pintada, logo a seguir desmaiei. – Contei-lhe virada de frente para ele.

- Então é isso! Um graffiti?

- Essa é nova, um graffiti que faz-nos viajar no tempo. Bem já havia um carro, por isso, já não espero nada.

- Um carro o que é isso?

- É um modelo muito mais avançado de uma carruagem, no qual não é preciso cavalos, é tudo mecânico, mas a referencia que fiz, foi a de um filme.

- Ok e o que é um filme?

- Ah, para quê que vim para uma época tão antiga, onde tenho de explicar tudo. Um filme é quando com uma máquina que capta imagens em movimento, depois pode se ver mais tarde como se tivesse a acontecer naquele momento, assim vendo tudo de novo, é um bocado confuso, mas não sei explicar melhor.

- Há tanta coisa diferente assim?

- Claro, temos 605 anos de diferença, vai acontecer e fazer-se tanta coisa, que nem imaginas. – Fez-me ter saudade de tudo o que tinha em 2015.

- Quero tanto saber mais sobre a tua época.

- Pois mas está a ficar tarde e o Douglas está sozinho e ferido, se calhar a precisar de ajuda.

- Não vás, fica aqui comigo, por favor. O Douglas aguenta-se. – Puxando-me para ele, beijando-me o ombro.

- Não dá, ele mal se aguentava depois da luta e além disso, o que diriam se me vissem, a futura dama de companhia da tua futura esposa a sair do quarto de Vossa Majestade?

- Pois, mas só mais um pouco.

- Henry, vou-me embora. – Levantei-me da cama, mas no mesmo instante ele puxa-me de volta, pondo-se em cima de mim, beijando na boca, intensamente.

- Não vás... - Disse entre os beijos.

- Tenho de ir, a sério. Até foi bom, ter vindo falar contigo, que me fez perceber o que tinha acontecido comigo. – Levantei-me e comecei a vestir-me.

- Afinal queixaste tanto, mas eu sei que gostas.

- Ajuda aí. – Indiquei-lhe para apertar os fios do espartilho, apertou, desta vez, até não foi com muita força.

- Pronto.

- Até amanhã.

- Até amanhã, Iza.

Sai do quarto, tive sorte que ninguém me viu, estava com um pouco de dificuldade para achar o quarto do Douglas, mas lá consegui, abri a porta devagarinho, ele já dormia, despi-me com calma, sem fazer barulho e deitei-me ao seu lado, olhei para ele, sem saber porquê, veio-me um sentimento de culpa, outra vez, apesar de não dar muito, tentei manter distância dele na cama para não acordar.

Quando acordei, ele ainda estava de olhos fechados, passei-lhe a mão pelo seu rosto, não estava quente, ou seja, não tinha febre, olhei para as feridas pareciam melhores, foi quando ele acordou, com o olhar focado logo em mim:

- Olá. – Disse ele a sorrir.

- Como estás? Ainda tem dores?

- Não, claro que não.

- Diz a verdade? Não me mintas.

- Prefiro antes que tu digas a verdade sobre o que aconteceu ontem contigo e o Henry.

- Ah, nada.

- Não faças isso, Iza.

- Ok, ele quer que eu seja dama de companhia da sua futura esposa.

- Foi assim tão difícil? Mas, espera aí, tiveste lá tanto tempo, só para ele te pedir isso?

- Ok, eu não sei, porquê mas não consigo mentir para ti e olha, que sou boa nisso, pelo menos costumava ser, e tenho este sentimento de culpa dentro de mim, apesar de não saber o porquê, como se tivesse a trair-te.

- Trair-me? Porquê?

- Não sei, mas a verdade é que acabei por dormir com Henry e contei-lhe uma coisa sobre mim, no qual ele não achou-me ser maluca, apesar de toda a gente, se souber sobre isso, irá acha-lo.

- Tu o quê?! O que é isso que achas se me contares, eu vou achar-te maluca?

- Desculpa, eu sei, não devia ter feito aquilo com Henry.

- Foste forçada?

- Não, mas ele convenceu-me de outras maneiras, percebes?

- Ah ok, então e o que se passa contigo que não podes contar?

- Não vais entender.

- Iza, tu salvaste-me a vida, tudo o que posso fazer é estar do teu lado e ser compreensivo, apesar de compreender muito o porquê de teres dormido com Henry, pensei que fosses... Esquece, conta lá.

- Pensavas que eu fosse o quê?! – Sentei-me na cama de frente para ele.

- Oh, nada. – Diz suspirando e parecendo frustrado.

- Diz, Douglas, por favor... Porque se for o que eu estou a pensar, não pode ser e eu quero que o confirmes.

- Confirmar o quê? Não há nada a dizer, tirando aquilo que ias contar e desvias-te do assunto. Eu quero-te ajudar.

- E porquê que queres-me ajudar, Douglas? – Ele levanta-se um pouco, ficando sentado, conforme se mexeu, vi que ainda sente dor.

- Iza, não sei, eu quero-te proteger, ajudar, estar do teu lado sempre que possível e quando me salvaste, ainda senti mais isso. Eu gosto de ti.

- Tu não podes gostar de mim, eu não mereço esses sentimentos depois do que te fiz.

- Mas não me fizeste nada.

- Eu dormi com Henry e sei que tu não gostaste disso.

- O que eu disse estar do teu lado sempre que possível, tu gostas dele e eu não te vou impedir, mas quero ser teu amigo na mesma.

- Eu sou tão estúpida! – Disse irritada comigo mesma.

- Iza, o que se passa?

- Eu devia ter ficado contigo, não devia ter ido falar com ele. Porquê que eu não controlo o meu corpo? Tu é que és como deve ser. Porquê que vou sempre atrás do errado?

- O que estás a querer dizer?

- Estou a dizer que gosto de ti, mas errei e não sei se me vais compreender como o Henry.

- Compreender o quê?

- Que eu não sou deste tempo... - Disse num suspiro,cansada de esconder dele, o meu segredo.

605 Years Before or AfterOnde histórias criam vida. Descubra agora