Capítulo Nove

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Mikhail Makialov

— Quem você pensa que é para ficar entrando e saindo do escritório do Pakhan¹? — o Consigliere parece com ciúmes de mim, ele acha mesmo que tem alguma chance contra mim?

Se eu quiser em menos de um dia, posso ocupar o lugar dele, não por ser o filho ilegítimo do Pakhan, mas por mérito mesmo. Eu fui o recruta mais jovem a ser selecionado para integrar na equipe de alto esquadrão da Bratva, esse banana acha mesmo que por ser um Consigliere vai me assustar? Ele não mete medo nem mesmo na própria esposa, quem dirá em mim? É cada um que me aparece viu.

— Eu sou um simples soldado senhor, não entendo o porquê do senhor estar tão aflito comigo, eu não quero o seu lugar — debocho da cara dele, se eu quiser mesmo roubar o lugar dele, o farei sem nenhum esforço.

— Escuta aqui seu merdinha, Aleksander é meu e você não vai roubar ele de mim! — ele parece realmente convicto em suas palavras,

Que papo estranho é esse? Eu pensei que ele estivesse com ciúmes da posição dele, mas ele está com ciúmes do amigo? Que loucura.

— Não se preocupe, eu gosto de mulheres — Murmuro com um sorriso debochado e me retiro de perto dele.

Era só o que me faltava, sofrer por alegadamente querer roubar o meu irmão, do melhor amigo dele, que aparentemente, tem uma paixão secreta por ele. Ah! O karma é foda.

[...]

Não acredito que Aleksander fez isso comigo, ele me colocou como um dos responsáveis na guarda de Nikolai Petrov, eu queira me aproximar dele sim, mas não agora, não nesse momento tão frágil da vida dele, eu não quero sentir nenhum tipo de compaixão ou piedade por ele, eu quero vingança e não vou conseguir fazer isso, se ficar nesse hospital, vendo ele em estado vegetativo. Eu quero ele acordado, lúcido e forte, para que ele me explique muito bem, por quê é que abandonou a minha mãe.

— Como está o Pakhan? — eu fui designado para ficar na porta do quarto dele, mas dei um jeito de escapar dessa função e fiquei responsável pela guarda em outros locais, mas isso não me impede de querer saber como ele está, quanto mais rápido ele melhorar, mais cedo eu terei a minha vingança.

— Ele acordou e quer ver o filho — meu coração erra uma batida.

Eu me preparei por toda a vida, todos os meu vinte e três anos, eu tenho me preparado para esse momento, o momento em que estaria diante do homem responsável por todas as cicatrizes que tenho em meu corpo e alma.

— Eu vou ligar para ele, fique de guarda — não estou fazendo isso porque sou uma boa pessoa ou porque tenho compaixão, mas em pouco tempo, trabalhando para o meu irmão, eu aprendi que ele odeia ser acordado pela manhã, se um soldado qualquer ligar para ele, certamente perderá a cabeça, mas eu como o irmão que ele está tentando conquistar, certeza que não vai ficar bravo.

Me afasto um pouco da porta do quarto e ligo para o meu irmão, no primeiro toque ele não atende, no segundo também não, só no terceiro é que ele atende vencido mesmo. Já até estou imaginando o humor dele.

— O que foi Mikhail? — Aleksander atende  sem muita paciência. 

Como eu imaginei, ele só atendeu porque sou eu, mesmo sendo eu , ele está de péssimo humor, não sou uma boa pessoa, mas não vou deixar alguém inocente pagar por uma coisa tão fútil e simples.

« Desculpa interromper o seu sono senhor, mas fui informado que o Pakhan Nikolai acordou, ele exige a sua presença aqui e agora »  a parte do velho exigir a presença dele é pura mentira, é só para tirar ele da cama mesmo.

— Obrigada Mikhail, eu estou vindo — o tom de voz dele muda de maneira drástica, acho que saber que o pai dele está vivo mudou algo nele.

Depois da ligação, volto ao meu posto, provavelmente, ele chegará daqui há Vinte a trinta minutos. O hospital não fica muito distante da casa principal, contudo, não faz parte da propriedade privada deles, isso pode se tornar num problema em dias  de ataques, eles precisam de um hospital dentro da propriedade com urgência.

— Mikhail! O Pakhan Aleksander está sendo atacado, o que devemos fazer? — os soldados estão desesperados andando de um lado para o outro, eu não sou a pessoa mais indicada para esse trabalho, eu sou apenas um soldado.

Eu não sou o chefe das operações, delegar tarefas é função do chefe das operações, mas parece que os soldados da Bratva ultimamente têm se esquecido de suas funções ou alguém está pagando eles, para negligenciarem as sua funções, porque desde que começaram os ataques, eles têm brincado mal, tanto que parece que não temos soldados, alguém de dentro da Bratva, está subornando eles.

— Prepare um grupo de soldados para ajudar o Pakhan a sair disso — o soldado logo acata a minha ordem e sai correndo.

Confesso que estou preocupado com ele, mesmo que tenhamos nos conhecido há aproximadamente quatro meses, eu admiro Aleksander, apesar de ser um Pakhan frio, cruel e impiedoso, ele tem um lado bom, mesmo que seja só um pouquinho. Antes de entrar na Bratva, eu estudei os movimentos dele e vi as coisas que ele faz pelas pessoas carentes, claro que isso é só para esconder quem ele realmente é, mas ele é uma boa pessoa.

— Senhor, você está bem, eu tentei ajudar mas ouvi que não seria necessário — Aleksander chega sem um arranhão sequer.

Eu pensei em ajudar ele, mas eu tinha que ficar no hospital, ninguém nos garante que esse ataque não era só uma distração para acabar de vez com Nikolai Petrov, ninguém pode matar ele além de mim.

— Vamos entrar Mikhail, temos que tratar sobre o nosso pai, depois resolvemos com os japoneses — Aleksander parece bem, sem um arranhão, mas acho que o ataque afectou o cérebro dele, porque ele já está falando coisas sem sentido.

— Se o senhor não se importa, eu prefiro esperar aqui fora — Não quero estragar os meus planos, se ele está tentando unir nós os dois, isso é só uma perca de tempo.

Cruzo os meus braços de forma despreocupada, não estou me importando com a opinião dele. Aleksander parece se dar por vencido e suspira.

— Como preferir, mas você não pode fugir para sempre disso — Aleksander se dá por vencido e eu concordo com a cabeça e me sento no sofá do lado de fora do quarto.

Aleksander entra no interior do quarto e tranca a porta, mas mesmo com a porta trancada, dá para escutar tudo o que eles estão falando.

Meu filho você está bem? — a voz de uma mulher parecendo extremamente preocupada se faz presente em meio ao breu. 

Não consigo escutar o resto da conversa, não quero ser inconveniente com eles, a família deles está finalmente reunida depois de dois anos sem escutar a voz do líder e eu acho que eles merecem um momento de paz. Aleksander fica no quarto cerca de vinte minutos até que finalmente sai.

— Como ele está senhor — não estou preocupado, só preciso saber se ele vai demorar ou não a ficar bem.

— Ele está bem, não está andando mas voltou a falar e não perdeu a memória, o que é um verdadeiro alívio — Aleksander retruca me puxando até uma sala reservada no hospital.

— Fico feliz senhor — forço um sorriso sincero, eu sei que serei o errado da história por usar o meu irmão, mas eu preciso dele para o que quero.

— Preciso que fale para o Ygor preparar alguns documentos de reconhecimento paternal — ele fala como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Que porra é essa agora? Ele vai assumir a responsabilidade do pai? Eu quero que ele faça isso, eu queria que o pai dele fizesse isso há vinte e três anos.

Na Mira Da Bratva [Vol2: Anjos Sangrentos]Onde histórias criam vida. Descubra agora