21. A assassina.

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No dia seguinte Carl veio falar comigo. Não tivemos uma conversa muito pacifica, porque no final e por minha causa, acabamos brigando mais uma vez. Mas foi uma discussão bem esclarecedora para ambos os lados, de qualquer forma. E era isso que importava.

Na nossa conversa Carl me disse que se sentia culpado por ter me deixado sozinha naquela noite e que pensava que se tivesse ficado comigo, talvez eu não tivesse sido ferida. Foi horrível vê-lo daquele jeito e não poder contar que eu tinha feito aquilo, que eu era a culpada. Mas mesmo não podendo contar a verdade, fiz questão de dizer que ele não tinha culpa alguma e que ele teve ótimos motivos para ir embora aquela noite.

Eu não pedi desculpas pelo o que eu tinha dito naquela noite e Carl pareceu não esperar por isso, pois disse com todas as letras: "Eu não posso competir com o Ethan mesmo que eu queira. Você gosta dele. Sempre foi ele".

E droga... eu nunca me odiei tanto na minha vida quanto no momento em que ouvi Carl afirmar aquilo. Eu pensei em admitir meus sentimentos naquele mesmo segundo e implorar para que ele não acreditasse nas mentiras que contei, mas foi só olhar para o corte enfaixado que eu tinha feito em mim mesma em um momento de descontrole que toda aquela vontade passou.

Não existia só um motivo para que eu vivesse fugindo de Carl e suas declarações, existiam muitos. Era uma lista comprida e sem fim que começava em "Eu tenho medo de te machucar" e terminava em "Eu não mereço ser feliz".

Mas de qualquer forma, o motivo da briga não foi termos decidido que seríamos amigos, foi eu afirmar que não deveríamos ser amigos.

Carl não gostou nada daquilo e brigou comigo, dizendo que era injusto ele ter que perder até a minha amizade só por gostar de mim. E ele estava completamente certo sobre isso, mas eu estava tão assustada, mas tão assustada...

Eu só queria fingir que o que eu sentia por ele não existia e manter uma distância segura dele que me impedisse de beijá-lo ou esfaqueá-lo.

Mas a vida não tinha virado só um mar de decepções. Eu tinha ficado próxima de Maeve -ainda que as vezes ela me mostrasse o dedo do meio e me xingasse-, tinha me aproximado mais de Noah e Tara que vinham sempre jogar cartas comigo, recebia visitas constantes dos meus colegas de grupo e também de Mike e Ron, o que no começo foi um pouco estranho já que antes eu fingia ser amiga deles, mas agora sentia como se fossemos mesmo amigos.

E sobre o plano de matar Joliet, eu ainda não tinha posto em prática, mas depois de quase uma semana em repouso -sim, eu sabia que era menos do que o necessário para eu sarar- eu tinha decidido colocar meu plano em prática, começando por pedir permissão para caminhar por Alexandria.

- Não.

- Por que não? - Questionei Pete, incapaz de acreditar.

- Não é porque seu corte está quase sarando, que o seu fígado está. Você precisaria de pelo menos cinco semanas para ele se regenerar, mesmo considerando que foram perfurações superficiais. - Pete fez aspas na palavra "superficiais". - Sua recuperação está sendo impressionante, mas você não é o Superman, Alice.

- Mas eu vou caminhar, não pular corda ou escalar muros! - Retruquei e ri da minha própria cara de pau.

Era óbvio que eu ia escalar o muro e depois pular ele.

- Tudo bem, eu acho que um pouco de exercício não faria mal. - Pete considerou. - Mas nada de corridas ou movimentos muito bruscos de abaixar e levantar. Dê algum descanso a si mesma.

- Obrigada, Pete. - Apertei os olhos em um sorriso e olhei para Carol, que eu tinha pedido para me fazer companhia. - O que acha de uma caminhada?

- Seria ótimo! - Disse Carol com aquele sorriso forçado que só ela sabia fazer e então acenou para Pete antes de nós duas sairmos.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora