15. As desculpas.

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- E a Carol? - Maggie me perguntou assim que me viu sair de dentro da floresta sozinha.

- Deve estar vindo. Se ela não chegar, é porque foi procurar o Daryl. - Respondi, e então um súbito medo de que achassem que era mentira e que eu tinha matado Carol na floresta me atingiu.

- Vocês duas não se deram bem? - Perguntou Maggie. E, apesar de não parecer irritada ou desconfiada, eu não pude deixar de temer que ela acreditasse que eu tinha feito algo ruim.

Eu não fiz. Dessa vez eu não fiz nada. Afirmei para mim mesma, mas uma pequena dúvida se instalou na minha cabeça.

- Não, não nos demos bem - Respondi, me sentindo entalada com cada palavra. Eu precisava fugir daquela conversa imediatamente. - Onde está a Judith?

- Acho que vi ela com o Carl. - Disse Maggie e me olhou preocupada. Percebi que Glenn e Tara, que estavam perto, também me olhavam assim. - Alice, você tem certeza que está bem? Você tá pálida.

- Eu devo estar com fome. - Respondi, apertando os olhos para dar a impressão de que eu sorria por debaixo da máscara. Tinha aprendido a fazer isso para soar mais simpática, já que a mascara me impedia de demonstrar muitas emoções. - Vou ver a Judith agora. Até daqui a pouco.

- Até. - Maggie sorriu pequeno, não parando de soar preocupada.

Eu tinha passado a só ver a Judith quando ela estava com Rick ou outra pessoa que não fosse Carl, mas o nervosismo foi tão grande que eu marchei direto na direção do garoto de chapéu de xerife. Ele me encarou confuso, como se não acreditasse que eu estava mesmo ali. Eu desviei o olhar dele e encarei Judith que estendeu os braços na minha direção.

- Desculpe, Judie, estou com as mãos ocupadas. - Falei em um tom doce, mostrando o coelho e a faca como se ela pudesse entender o que eu estava tentando explicar.

- Pelo visto a caçada foi boa. - Disse Noah olhando para o coelho na minha mão. Ele estava junto de Eugene, que parecia tão distraído falando sobre como jogar poker que demorou para perceber que eu estava ali.

- Infelizmente não boa o bastante pra alimentar todo mundo. - Respondi em um tom frustrado.

- Mas já é alguma coisa. - Disse Noah gentilmente e eu sorri agradecida, antes de me sentar no chão perto deles.

- Você vai abrir esse bicho aqui? Porque eu não me sinto confortável vendo animais sendo abertos. - Disse Eugene, ainda que eu não tivesse perguntado coisa alguma. - Sangue me deixa enjoado.

- Não te deixa enjoado, você é enjoado, Eugene. - Impliquei como já era de costume e Noah riu. Percebi que Carl também soltou um sorriso, mas eu ainda estava tão brava que tudo que eu fiz foi ignorar e imaginar como seria divertido socar aqueles dentes perfeitos. - E só porque você comentou, Eugene, eu vou limpar o coelho aqui bem debaixo dos seus olhinhos.

- Eu não quero parecer um frangote, mas também não acho que quero ver um coelhinho sendo aberto. - Disse Noah me olhando sem graça.

- Então saiam vocês dois daqui e deixem ela limpar o coelho. - Disse Carl em um tom um pouco rude de mais que pegou todos nós de surpresa.

- Eu posso fazer isso em outro lugar. - Respondi rapidamente, me sentindo constrangida pela grosseria de Carl, ainda que não tivesse sido comigo. E eu queria sim ficar perto de Judith, mas se tratar o coelho ia fazer Noah -Eugene não me importava- ficar incomodado, eu podia sair e voltar depois.

- Não. - Carl rebateu, mas pareceu mais um pedido do que uma ordem. Ainda bem, ou ele levaria um tapa. - Eu queria conversar com você.

- Eugene, vamos perguntar pra Tara se ela quer jogar bolinha de gude com pedrinhas. - Disse Noah, incitando Eugene a se levantar e acompanhá-lo.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora