17. A comunidade.

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Aaron não tinha mentido. Ele realmente estava viajando com uma só pessoa, que no caso era seu namorado ou talvez marido. Ele também tinha falado sério sobre a comunidade, porque estávamos frente a frente com ela.

Mas mesmo com todos esses fatos sendo esfregados bem na minha cara, eu não conseguia parar de desconfiar. Talvez fosse o tanto de paranoia que a voz tinha colocado na minha cabeça, porque eu não conseguia parar de imaginar as mil coisas que poderiam estar erradas sobre aquele lugar.

- Entreguem as suas armas. Se quiserem ficar, precisam entregar todas as armas. - Disse o homem de cabelo grande e cacheado que tinha aberto o portão para nós.

Nem pensar. A voz e eu retrucamos.

- Não sabemos se vamos ficar. - Respondeu Rick de imediato.

- Tá tudo bem, Nicolas. - Aaron acalmou o colega.

- Se a gente fosse usar, já teríamos começado. - Continuou Rick.

- Deixe eles falarem com a Deanna antes. - Propôs Aaron, talvez imaginando que a tal Deanna nos convenceria a ficarmos desarmados e desprotegidos.

- Quem é Deanna? - Perguntou Abraham.

- Ela sabe tudo que vocês precisam saber sobre esse lugar. - Respondeu Aaron e olhou para Rick. - Rick, por que você não começa?

- Vão nos separar? - Dei um passo a frente, incomodada com a ideia.

- Não precisa ficar preocupada, Alice. Rick e Deanna só vão conversar. É um tipo de...entrevista para conhecer vocês melhor. - Explicou Aaron e eu me encolhi, sabendo que assim que eu abrisse a boca, eu logo seria descartada como uma opção.

- Vamos ficar bem. - Rick me assegurou e então olhou para trás. Segui o olhar dele e vi que estava encarando um morto-vivo vindo em direção à comunidade. - Sasha?

Sasha se virou e atirou direto na testa do zumbi, deixando o homem que abriu o portão muito impressionado.

Se ele está impressionado é porque não consegue fazer isso, e se se ele não consegue fazer isso o que ele está fazendo vigiando o portão? Tive um pensamento um pouco neurótico, mas totalmente coerente.

- Que bom que estamos aqui. - Comentou Rick e começou a caminhar, como todos nós seguindo ele.

- Vocês não tem pessoas de vigia? - Meu tom era acusatório. - Sabem que eles atraem uns aos outros aos poucos, não sabem?

- Temos poucas pessoas que sabem atirar por aqui. - Disse Aaron, se virando para olhar para mim, mas ainda assim não parando de andar. - Normalmente o Nicolas fica de vigia.

- Ele está fazendo um ótimo trabalho. - Disse com ironia e Carol me repreendeu chamando meu nome.

- Alice, querida, não pode falar com as pessoas assim. - Disse Carol e acenou para que eu fosse em sua direção. Estranhei sua atitude, mas fui até ela ainda assim.

O grupo continuou andando, com nós duas bem atrás, andando devagar.

- Se quer ficar aqui, vai precisar fingir que é fraca. - Disse Carol bem baixinho, para que só eu pudesse ouvir. - Não sabemos quem são essas pessoas, mas eles não vão querer ter alguém que eles não possam controlar. Pode fingir que está com medo?

- Por que você está me dizendo isso? Não é a sua grande chance de se livrar da garota louca?

- Não precisa falar assim. - Carol pareceu ofendida. - Eu sei como te tratei e a questão é que eu não acho que você tenha ficado menos louca, mas eu não quero que você fique sozinha de novo. Não seria justo.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora