25. A sinceridade.

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Demônio. Essa seria a palavra que Alice usaria para descrever a si mesma se pudesse se ver naquele momento.

Assassina. Essa era a palavra que ecoaria em sua mente depois que o massacre acabasse.

A ruiva, vestindo preto dos pés a cabeça, arrastando a parte traseira de uma foice no chão, parecia o próprio ceifador andando pelas ruas de Alexandria.

Alice era a morte. A pura e mais perfeita  definição da palavra “terror”. E quem a assistia, inimigo ou aliado, podia enxergar o quanto ela era perigosa e incansável.

– Querem tentar fugir ou facilitar? – Perguntou Alice para o trio que a rodeava. A foice recém adquirida ainda pingava o sangue de quem a carregava antes. – Eu deixo escolherem, só aviso que se tentarem fugir, vão só morrer mais cansados.

– Essa foice era do Larry, sua vadia estúpida! – Berrou Amy, a única mulher além de Alice ali. Seu rosto estava cheio de lágrimas e sua blusa bege suja com o sangue que tentou desesperadamente estancar do homem de quem Alice arrancou a foice.

– Ah, o nome dele era esse? Eu não perguntei antes de matar ele, que falta de educação a minha. – Alice respondeu, os olhos irritados e cerrados. – Não se preocupe, eu enfio ela no seu peito quando terminar, assim você pode entregar essa porcaria a ele no além!

– Eu vou te matar! – Amy gritou e se aproximou furiosa de Alice, mas acabou caindo, com um tiro na lateral da cabeça, antes de sequer encostar na ruiva.

Outros tiros soaram. Carol quem disparava. Depois de todos estarem mortos, ela correu até Alice e a entregou uma pistola carregada.

– Eu já entreguei armas para a maioria, mas ainda tem muitas dessas pessoas matando por Alexandria. – Explicou Carol com certeza urgência, então notou a expressão perdida de Alice. A garota estava caindo em si, percebendo a bagunça que tinha feito. – O que foi que aconteceu com você?

– Nada. – Alice respondeu em um sussurro, então respirou fundo. Precisava ser forte, precisava aguentar tempo o suficiente para que a ameaça fosse exterminada e Alexandria pudesse ficar segura outra vez. – Eu estou ótima. Consigo lutar.

Então as duas se encararam e tiveram o mesmo esclarecimento que tiveram no dia em que se conheceram antes de invadirem o Terminus juntas: as duas eram assassinas, talvez as melhores que aquele mundo podia criar, mas elas odiavam ser assassinas. Elas queriam ser boas e puras, mas naquele mundo e principalmente naquele momento, não existia espaço para bondade. Tudo o que Alexandria mais necessitava eram de assassinas como elas, pessoas mais perigosas do que aqueles que tinham invadido sua comunidade

– Eu vou entregar armas aos outros. Vejo você quando acabar? – Perguntou Carol, preocupada com a garota e com a possibilidade de que ela não aguentasse mais sujar as mãos de sangue.

Carol as vezes se sentia assim, como se não pudesse mais aguentar machucar e matar pessoas. Ela já tinha pensado em sumir algumas vezes e por isso imaginava que Alice gostaria de fazer o mesmo.

– Vejo você quando acabar. – Alice assegurou, entendendo o que Carol queria dizer. 

Carol assentiu com a cabeça, dando uma olhada rápida em Alice antes de ir. Então Alice soltou o ar que parecia querer inflar seus pulmões até explodirem e girou a foice, afundando ela no tórax da mulher a quem tinha feito a promessa.

Qualquer um deles que visse, saberia que tinham entrado no caminho das pessoas erradas, Alice sabia disso. Era exatamente isso o que ela queria garantir.

Eles iriam se arrepender de terem mexido com a comunidade dela.

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𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora