10. A mentira.

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Tudo já estava pronto para irmos até Washington, mas Bob tinha acabado de falecer e nenhum de nós queria ir sem dar um enterro digno para ele.

- O Bob era um bom homem. - Disse Rick, ao lado do túmulo. Eu escutava os discursos um por um, ainda desacreditada com a morte de Bob e ao rumo que as coisas estavam tomando. - Eu nunca conheci alguém como ele, capaz de sorrir ainda que o mundo não estivesse dos melhores. E ele acreditava que as coisas podiam se tornar boas para nós, então vamos tornar isso possível em memoria dele.

- Obrigada, Rick. - Agradeceu Tyreese, porque Sasha não tinha forças para dizer nada.

- Eu...posso? Posso dizer uma coisa também? - Perguntei meio incerta e vi Sasha pousar os olhos inchados e cheios de lagrimas em mim.

- Claro. - Concordou Sasha com a voz quebrada e abriu espaço para eu me aproximar mais do túmulo.

- O Bob era a pessoa mais feliz que eu já conheci. - Admiti com toda sinceridade. - Ele era divertido, esperançoso e me lembrou de como era possível ser feliz até mesmo no mundo que vivemos agora. Esse grupo todo me lembrou, mas o Bob era o exemplo mais puro disso. Ele foi feliz até o último segundo e quem ele era vai ficar marcado por toda vida em cada uma das pessoas que o conheceu. Não só porque amávamos ele, e eu sei que posso não ter o direito de dizer que o amava, afinal eu o conheci por muito menos tempo que a maioria de vocês, mas também porque ele era o símbolo mais puro de esperança, coragem e alegria. - Pude ouvir minha voz ficar embargada e as lágrimas começarem a descer pelo meu rosto. - E eu vou guardar ele no meu coração para sempre. Vou guardar porque ele me fez perceber que eu ainda posso ser feliz apesar de tudo. O Bob fez muito por mim e por isso eu vou ser eternamente grata. Obrigada, Bob, por me lembrar de que eu ainda posso viver de verdade.

Ninguém disse mais nada depois disso, apenas ficamos em volta do túmulo, temendo o momento de partir e deixar Bob para trás. Quando o Sol começou a ficar um pouco mais quente, Abraham decidiu que já era hora de irmos.

Andei desanimadamente até o micro-ônibus, cansada de despedidas, mas fui impedida de entrar por Carl que estava bem na porta.

- Não vai se despedir? - Perguntou ele, parecendo um pouco desanimado também. O funeral de Bob não tinha deixado ninguém bem.

- Desculpe. Acho que não aguento mais despedidas. - Admiti, soltando um suspiro cansado.

- Foi muito bonito o que você disse sobre o Bob. - Disse Carl e suspirou cansado também. - Vou sentir falta dele.

- Eu também. Sinto muito por você, Carl. Você o conhecia a mais tempo, deve ser mais difícil para você.

- Já perdemos muitas pessoas. Acho que estou ficando acostumado. - Carl deu de ombros e eu imediatamente pus minha mão em seu ombro, tentando dar algum tipo de conforto.

- Não se acostume, Carl. Logo, logo não vamos ter mais que perder pessoas. Eugene vai garantir isso. - Falei com toda certeza.

- Você acredita nele? Não estou dizendo que é mentira, mas depois de tudo...parece impossível.

Impossível como eu ser imune as mordidas de zumbi? Pensei, pela primeira vez não me sentindo péssima. Na verdade, estava feliz de pensar que eu poderia ser útil em relação á cura.

- Olha, eu já vi coisas impossíveis acontecerem e garanto que a cura é real. Vamos ficar bem, Carl. Não precisa se preocupar.

- Eu vou sentir sua falta também. - Carl admitiu, arrancando batidas exageradamente fortes do meu coração. Que bobeira. - Gostaria de poder ir com você.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora