22. A prisão.

57 7 2
                                    

Já faziam algumas horas desde que eu estava sozinha na minha prisão cinco estrelas. Daryl tinha vindo me ver na mesma hora em que Maggie e Glenn apareceram para me trazer o meu almoço. Conversamos um pouco sobre Maeve e ele admitiu que sabia o que eu faria porque tinha escutado nossa conversa na enfermaria, e falou que estava do meu lado e que eu também tinha feito a coisa certa. Ele também disse que ele não era a única a pensar assim, que Aaron e o namorado dele, Eric, estavam do meu lado mas tinham pedido para eu ficar na minha e não arrumar confusão até que a situação toda fosse explicada.

Logo depois ele avisou que não poderia ficar comigo, porque Aaron e ele iam sair atrás de pessoas. Eu não gostei nada daquilo. Depois da morte do Noah, eu estava preocupada com quem mais eu poderia perder, mas não tinha nada que eu pudesse fazer para impedir Daryl de tomar suas próprias decisões, então eu só demonstrei que estava emburrada e o deixei ir.

Ouvi uma movimentação do lado de fora da minha prisão particular, o que sempre acontecia toda vez que alguém pedia para me ver. Os dois homens armados do lado de fora sempre faziam um escândalo revistando meus visitantes, com medo de que eles me trouxessem uma picareta escondida dentro da bota.

- Tem certeza disso? Ela ameaçou o seu pai. - Pude ouvir um deles dizer e rapidamente entendi que quem tinha vindo me ver era Sam.

Abri um sorriso pequeno, porque apesar de estar com medo do que Sam poderia achar das minhas ameaças e do meu mais recente assassinato, e apesar de eu ainda estar irritada com a morte do Noah, eu ainda queria vê-lo.

A porta foi aberta, mas quem entrou não foi Sam, foi Ron. Meu sorriso diminuiu, mas não morreu completamente. Era bom vê-lo também, apesar de toda a situação.

- Eu queria saber se estavam tratando você bem aqui. - Foi a primeira coisa que Ron disse enquanto analisava os móveis -um colchão com travesseiro e cobertor, um livro sobre autoestima e autoconhecimento que tinham deixado aqui para eu não morrer de tédio, uma garrafa com água e a minha mochila, sendo que todas as minhas facas tinham sido retiradas para a "minha própria segurança".

- Eles tiram as correntes quando eu recebo visita. - Forcei um tom de brincadeira e Ron sorriu, mas seu sorriso foi tão forçado quanto a minha piada e eu logo percebi que ele não tinha ido me ver só porque estava com saudades. - O que mais veio fazer aqui? Como estão o Sam e a Jessie?

- Eles estão bem. - Respondeu Ron, as mãos enfiadas dentro dos bolsos. - O Sam queria vir, mas a minha mãe achou melhor não deixar ainda por causa do que as pessoas podem achar.

- E ela deixou você vir?

- Ela não deixou, eu vim sem ela saber. - Disse Ron e se escorou na parede a minha frente, parecendo incerto. - Eu queria te fazer uma pergunta.

- O que quer perguntar? - Questionei, já imaginando qual seria o possível tópico.

- O jeito que você matou a mãe da Maeve... disseram que o estrago... Bem, falaram que pra ela ter ficado daquele jeito, era porque alguém tinha acertado ela muitas vezes.

- Eu acertei. - Respondi, mas não me senti insegura ou envergonhada apesar de estar sendo obviamente julgada.

Afinal, o que Ron sabia da vida? Tinha vivido boa parte dela dentro de Alexandria e nunca precisou levantar um dedo para ajudar alguém. Eu podia me odiar -e com certeza eu odiava- mas eu tinha feito o que eu precisava fazer. Simples assim.

- E você não se arrepende?

- Me arrependo de não ter feito antes. - Minha resposta assustou Ron. - Se eu tivesse, a Maeve ainda teria o braço dela e não estaria numa maca agora. Eu me arrependo profundamente de não ter feito o que eu fiz antes.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora