13. A loucura.

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Os dias passaram lentamente, não porque estávamos pouco tempo na estrada, mas porque a fome e o cansaço faziam com que o tempo parecesse passar mais devagar do que realmente estava passando.

Nesse período de caminhada sem fim e sem destino concreto, acabei criando uma rotina: eu acordava, ia caçar e montar armadilhas com o Carl ou o Daryl, voltava para o acampamento, brincava com a Judith e a ensinava palavras novas, conversava com as pessoas que me aceitavam no grupo, desenhava, voltava para checar as armadilhas com o Daryl ou o Carl, depois voltava para o acampamento de novo, comia quando tínhamos o que comer, dormia e tinha pesadelos. Depois, no dia seguinte, acontecia o mesmo processo.

Eu não achava ruim a minha rotina, porque pelo menos eu não estava mais só. Mas o único problema em não estar mais sozinha era que agora eu tinha muito com o que me preocupar e também muitas pessoas preocupadas comigo.

Por exemplo: antes, quando aparecia uma horda de zumbis, eu simplesmente me enfiava no meio deles e matava todos, sem me preocupar se seria mordida ou arranhada. Mas agora eu estava com o grupo, eles me ajudavam a matar os bichos e me protegiam de ser ferida por um deles. A verdade era que mesmo eu sendo autossuficiente e ótima em sobreviver sozinha, eles me viam como o que eu realmente era: uma menina.

Eu não achava horrível também, afinal, eu gostava do sentimento de ser tão importante para alguém ao ponto de ser protegida. E enquanto eles continuassem me deixando participar das coisas e tomar minhas próprias decisões, eu não via problema nenhum em ser tratada assim.

- Ei, Fanta laranja! - Carl me chamou, usando o apelido ridículo que tinha escolhido para mim.

Eu o chamava de Rapunzel, mas a questão era que Carl não se incomodava tanto com os apelidos quanto eu. A única forma de atingi-lo, era chamando-o de criança ou insinuando que ele era uma.

- O que você quer, Grimes?

- Daryl me pediu pra te perguntar se você vai sair pra caçar com ele agora. - Disse Carl, se aproximando com passos calmos e me estendendo a mão para me ajudar a levantar.

- Eu vou sim. - Respondi, limpando a sujeira do short de academia. Ele estava começando a parecer desconfortável com os quilos de terra e mato que estavam grudando nele.

- Ótimo, então vamos nós três. - Disse Carl com um sorriso grande.

Peguei os utensílios que iria levar para a floresta e fechei a mochila.

- Nós três? O Daryl deixou? - Perguntei surpresa. Daryl não gostava de ir com o Carl porque, assim como eu também reclamava, Carl fazia muito barulho andando e espantava os animais.

- Ele não disse "não". - Disse Carl e eu concordei com um aceno, antes de ouvir ele murmurar: - Mas eu também não pedi permissão.

- Vamos, capitão rebeldia. Quero ver o Daryl te chutando para longe. - Falei, agarrando o braço de Carl e o puxando para onde Daryl estava.

Algumas pessoas nos cumprimentaram quando passamos e nós respondemos com uma saudação calorosa.

O dia estava bom, nem muito quente, nem muito frio. E tínhamos comido no dia anterior, isso animava qualquer um.

- Bom dia, Daryl! - Cumprimentei quando chegamos perto dele.

- Hum. - Daryl acenou com a cabeça e mostrou um sorriso minúsculo, mas que significava que ele estava feliz em nos ver. - O que o tampinha faz aqui? Carl, eu não vou levar você.

Ok, feliz em me ver ao menos.

- Por que eu não posso ir? - Perguntou Carl, em um tom frustrado.

𝐋𝐞'𝐑𝐨𝐮𝐱 - 𝐂𝐚𝐫𝐥 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬.Onde histórias criam vida. Descubra agora