X - A fraqueza

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Quase não me reconheci quando convidei meu chefe para "sair", mas essa foi a melhor forma que encontrei de frustrar os planos de Frank. Se ele achava que iria conseguir o que quisesse de mim estava enganado. Eu queria deixar bem claro que a partir daquele momento tudo era profissional e que não havia mais espaço para nada além disso. Então nós mal trocamos algumas palavras.

Swanson adorou a ideia de me acompanhar ao show. Ele é aquele tipo de homem arrogante e que se acha especialista em tudo, pensa que é amado por todos, mas ninguém o suporta.

Mas as minhas ideias não se realizaram exatamente como eu gostaria, principalmente porque eu não contava com a capacidade de Frank Iero de ser um ator tão profissional. A minha intenção era deixar que Leslie Swanson infernizasse a noite dele com suas conversas inconvenientes, mas eles estavam rindo tanto juntos que eu quase acreditei que eles estavam se divertindo.

De qualquer forma, depois que o show acabou e eu entreguei Iero nas mãos de Swanson, dessa vez, fui eu quem sumiu. É errado que eu tenha convidado o funcionário mais bonito da equipe para nos acompanhar também? Acredito que não, até porque era só isso que Oliver era: um rostinho bonito. O cara não é lá uma cabeça pensante, é a perfeita definição de um americano médio, que acha que nunca será afetado pelas mudanças climáticas do planeta e não sabe dizer onde fica a Austrália no mapa.

Na realidade, eu acabei me enfiando em uma situação torturante sem querer, tendo que ouvir todo tipo de histórias estúpidas de um cara mais burro que uma porta.

- Então eu e meu amigo da equipe criamos um projeto espetacular pra marca... - Ele conta sobre seu emprego anterior e eu finjo prestar atenção. O show já está acontecendo, mas nós estamos no espaço reservado para os profissionais.

- Que projeto era esse? - pergunto levando o cigarro aos lábios e olhando intensamente para o rosto dele, como se tivesse qualquer interesse.

- Ah, eu não posso falar, tem toda essa questão de direitos autorais e tudo mais.

Mentiroso. Mas um mentiroso bonito. Cabelo escuro, curto, com um caimento interessante. Sardas no rosto e uma boca rosinha. Será que sabe fazer alguma coisa além de falar? A gola da blusa dele revela que as sardas não ficam só no rosto. Talvez eu gostasse de ver o resto ou talvez eu só esteja me distraindo como posso de toda essa bobagem.

- Ah, vocês estão aí - uma voz me tira dos meus devaneios, mas eu quase agradeço por isso.

- O que você achou de tudo, Swanson? - Oliver questiona colocando um braço sobre os ombros do homem mais velho. Puxa-saco.

- Gerard, você fez muito bem em me apresentar pro seu amigo e a banda dele. Eu adorei o show, acho que era isso que nós estávamos procurando. Eu conversei com alguns fãs também e eles têm alguns grupos online, você devia verificar isso e incluir no documentário. Vou compartilhar na nossa planilha. - Swanson está mesmo empolgado. - Eu não esperava nada diferente de você, mas realmente tudo tem funcionado muito bem.

- Nós vamos filmar nos últimos shows aqui em Los Angeles, vamos acompanhar a gravação do álbum e vamos fechar as filmagens com a tour daqui a dois meses - repasso os planos e ele parece contente.

- Já disse que confio em você - ele diz apertando o meu ombro, da forma que eu tanto odeio. - Mas um velho tem que dormir cedo. Precisam de carona? Vou em direção ao Hancock Park.

- Eu aceito - Oliver diz imediatamente com um sorrisinho adocicado. Nojento.

- Eu vim de carro, mas agradeço - sorrio da melhor forma possível e me despeço.

Não posso evitar respirar aliviado quando os vejo partindo. Caminho até o meu carro e estou orgulhoso de mim mesmo. Eu fui profissional e não agi de forma imprudente. Um ponto pra mim.

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