XXV - O confronto

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— Sinto muito interromper a conversa — foi o que Swanson disse, quando se aproximou um pouco.

Ele parecia horrível, com o rosto inchado, sangue em seu blazer caro, mancando enquanto caminhava. Realmente ele saiu pior da briga. Na realidade, ele parecia mesmo bêbado.

— Eu precisava pedir desculpas pelo des... Descomedimento. — concluiu com certa dificuldade.

Não soube o que responder, apenas me voltei para ele, observando sua postura — ele estava fora de si e eu não queria ter aquela conversa.

— Gerard, você pode tirar esse cara daqui? —Frank disse em um murmúrio, entredentes.

— Não precisa se preocupar com nada — Swanson ainda balbuciava em sua voz etílica — eu não vou abrir nenhum processo relacionado a isso. Não se preocupe, não vou processar ninguém.

Frank bufou ao escutar as palavras dele, ainda se negando a olhar, como se estivesse realmente se controlando para não reagir de alguma forma mais agressiva.

Foi nesse mesmo momento que dois assistentes, que trabalham conosco, apareceram esbaforidos na porta, entrando e se colocando ao lado do homem mais velho, em toda sua indignidade.

Camille, segurando um dos braços dele, olhou para mim em um pedido mudo de desculpas e eu dei de ombros. Richard se aproximou rapidamente para apertar minha mão, voltando ao seu posto depois, mas eu não disse qualquer coisa, apenas ofereci um sorriso sem graça.

— Nós temos que ir ao médico, Leslie — Camille falou, enquanto o homem afirmava que estava bem.

—De qualquer jeito nós precisamos ir — Richard afirmou com mais veemência, puxando-o com firmeza. — Foi mal por isso, rapazes, ele escapou de nós. — Completou, olhando em nossa direção por um momento.

— Não se preocupem, eu não vou processar você — Leslie Swanson ainda se deu ao trabalho de dizer, novamente, olhando dessa vez para o rosto de Frank, que ainda parecia desacreditado.

Quando eles saíram, me adiantei para trancar a porta, para me certificar de que ninguém mais iria aparecer de surpresa. Ainda consegui escutar Swanson gritando no corredor que 'estava ótimo' e 'não precisava de ajuda'.

No entanto, Frank ainda parecia completamente absorto nos próprios pensamentos e irritação. Antes que eu pudesse perceber, ele tinha, repentinamente, se levantado e com toda sua força acertava uma das paredes. Eu me aproximei, atônito, com a intenção de impedir aquele súbito surto, mas ele parou quando viu que seu punho havia atravessado o drywall, criando um buraco na superfície.

— Frank, você precisa controlar essa raiva, caralho! — eu praticamente gritei, segurando os ombros dele e, em seguida, olhando para sua mão direita, que agora estava inchada. — Você pode me explicar que porra aconteceu? — Pedi mais tentando parecer mais calmo, sabendo que agora não seríamos interrompidos de forma abrupta.

— Esse filho da puta não tem o mínimo de senso, agora vai pagar de bêbado confuso! — ele cuspiu raivoso.

Depois de um momento em silêncio, em que tentamos respirar e voltar a um nível de sobriedade emocional aceitável, ele começou a contar:

— Pra minha infelicidade estávamos conversando em grupo e esse imbecil estava por perto, chegou com toda essa ladainha de que nós fizemos um ótimo trabalho e o caralho. No começo ele já fez questão de deixar a vocalista da outra banda desconfortável, comentando sobre a roupa dela, como se fosse uma ótima piada.

— Espera, como assim? — questionei confuso.

— É isso mesmo. Ele perguntou se ela se besuntava de vaselina pra entrar naquela calça de látex — Frank contou, sorrindo irônico, com pura chateação, pelo tamanho do absurdo. — A verdade é que só ele riu disso e deixou todo mundo sem graça. Eu estava tolerando tudo, porque hoje é o seu dia e eu juro que não queria atrapalhar as coisas com um escândalo, mas a verdade é que a raiva foi mais forte. Ele parou ao meu lado pra "conversar" comigo — ele disse formando as aspas no ar com os dedos — e começou a elogiar você; os elogios vazios de sempre. Mas a cereja do bolo foi quando ele perguntou como eram as coisas entre nós.

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