O dia passou rápido, escorrendo entre meus dedos em um instante. No entanto, não acho que poderíamos ter aproveitado o tempo melhor. A sensação formigante em meu peito permanece, as voltas e voltas que meu estômago dá prosseguem também. No final, o gosto de tudo foi agridoce, mas tudo sobre nós dois sempre é.
Ele tomou um banho exageradamente longo antes do café-da-manhã e depois saiu do banheiro com um dos meus roupões, além de estar calçando um dos meus pares de chinelo, que obviamente eram grandes para ele. Sugeri que ele usasse um de Bandit, mas ele se recusou. Puro orgulho obviamente.
Preparei ovos mexidos, bacon e café, mas ele preferiu tomar apenas uma tigela de cereais, sempre com os olhos em mim, enquanto conversávamos, como se tivesse algo muito interessante a observar. A realidade é que nós mal tocamos no café, antes que ele me chamasse.
— Vem aqui — ouvi sua voz dizer e somente ri, mas ele insistiu. — Anda logo. — Me apressou e eu ergui uma sobrancelha.
Dei a volta na ilha, indo para o lado em que ele estava, me aproximando sorrateiramente, desconfiado.
— Vem aqui — quando estava ao seu alcance, ele me puxou para si, uma mão afundando nos meus cabelos, a outra na minha cintura. Seu calor me envolvendo de uma vez e um dèjá vu poderoso me afligindo. Nós já havíamos feito isso em outro tempo, em outra cozinha, talvez os papeis estivessem trocados, mas os saltos do meu coração eram iguais.
Frank sempre soube me enlouquecer com muito pouco. Ele me fazia ficar tenso, apenas com olhares breves, me fazia questionar todos os meus padrões de moral, apenas com uma risada e o jeito com que com que me tocava, sempre de forma estratégica.
A memória do meu corpo não falha quanto a essas impressões. Os dedos dele deslizando pelo meu pescoço e sua respiração colada no meu rosto causam a mesma coisa, exatamente da mesma forma, que causavam há anos. É como se eu nunca tivesse sido curado da doença que é o desejo que sinto por ele.
Então apenas permiti que ele tomasse conta, se apossando, deliberadamente, de cada pedaço de mim. De novo. Mais uma vez. Outra vez. Mais um beijo, conquistando as estruturas que eu lutei para construir, derrubando qualquer muro que eu possa, miseravelmente, ter erguido.
Nossos lábios se tocaram da mesma forma de sempre, mas tão diferente, tão profundo, como se nada mais existisse, como se não houvesse dano nenhum a curar. Nossas línguas dançavam em completa sincronia, como se nós precisássemos provar um do outro repetidamente, porque o sabor não seria o mesmo de um milésimo de segundo atrás.
Sem pudor, ele agarrou meus braços, afundando as unhas no processo, então puxou minha camisa, me afastando, como se para recuperar o oxigênio, mas eu não pude atender essa necessidade de distância, mantendo meus lábios em sua pele, beijando seu pescoço, marcando tudo que podia encontrar, como um animal faminto.
Tudo o que eu podia distinguir era a forma com que ele me chamava pelo apelido de sempre, uma voz chorosa, quase um gemido, segurando as mechas dos meus cabelos de um jeito quase doloroso, que só me deixaram ainda mais excitado.
Apertei sua cintura, dessa vez beijando seu peito, mordiscando um de seus mamilos e recebendo respostas muito favoráveis em forma de gemidos e mais gemidos, que se tornavam cada vez mais descontrolados. Então a pressão forte dos dedos dele, mergulhados em meus fios, me puxando para baixo e me fazendo entender perfeitamente o que ele queria, sem precisar de mais explicação.
Não foi nada difícil desfazer completamente o laço frouxo do roupão que ele usava e depois arrancar a samba-canção que ele havia pegado emprestado. Segurei seu corpo, fazendo com que ele continuasse sentado no banco da cozinha, exatamente como antes, mas agora suas pernas estavam ainda mais abertas, receptivas para a minha boca sedenta.
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Radioactive
FanfictionTento me afastar, antes que me veja envolto em sua armadilha de novo, mas a minha alma é receptiva, por mais que meu cérebro me alerte para o perigo iminente, até que ele se concretiza e me faz rastejar mais uma vez. [Sequência de Poison]