VII - A diversão

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- Agradeça a Bandit - respondo tentando não ser ácido demais. - Ela me encheu o saco até conseguir o que queria. - Explico, sem muita emoção.

- Ah, então você não queria vir? - ele encena uma expressão triste e eu sorrio, dando um gole na bebida, agora em minhas mãos.

- Cansaço da semana, sabe como é - minha justificativa é meio robótica e eu tento focar em parecer normal dessa vez, não como um garoto sem o mínimo de traquejo social.

- Entendi... Bom, mas o que importa é que você veio e seria bem legal se a gente pudesse conversar... - as palavras dele me preocupam, mas logo são interrompidas por Evan, Evan Nestor, que surge ao seu lado e Evan, Bandit e Cia. que surgem perto de mim.

- Frank, tem lugar pros convidados na van? -o suposto cunhado questiona, olhando para Evan e depois para mim.

- Ah! - ele se volta para mim novamente, batendo na testa, como se lembrasse de algo. - Eu queria muito que vocês estivessem na afterparty, mas infelizmente só maiores de idades podem entrar - Frank diz lamentoso, olhando para B, mas ela não parece chateada, pelo contrário, seus olhos se arregalam e ela começa a falar.

- Vocês dois podem ir, não é? - ela aperta meu ombro e olha para mim, depois segura a mão de Evan, balançando de um jeito infantil.

- De jeito nenhum, eu trouxe vocês e vou levar as três pra casa - respondo de imediato.

- Pai! Eu tenho carteira, posso muito bem levar seu carro de volta! - não é possível que minha filha esteja questionando minha autoridade na frente de todo mundo, na verdade é sim e está acontecendo.

- Nem sonha com isso, Bandit - pontuo.

Fica óbvio que ela quer se livrar de mim e ficar com a casa só para ela e suas amigas, mas e se ela estiver planejando chamar garotos? Se decidir roubar minhas bebidas? Lindsey me mataria se acontecesse qualquer coisa.

- Pai, por favor! - ela implora entredentes, mas isso seria uma irresponsabilidade.

- É óbvio que não. Além de que o Evan vai voltar com a gente e ele trabalha amanhã cedo. - Justifico, mas tudo que recebo é um olhar de insatisfação.

- Não tem problema, Gerard, a gente fica um pouco, depois pegamos um táxi. A B dirige muito bem, afinal, fui eu quem ensinou. - Evan fala com um sorriso condescendente, piscando para Bandit, e depois olhando para mim.

Frank parece desconfortável com a proximidade deles, o que me deixa levemente satisfeito, mas pode ser só minha imaginação querendo um pouco de apaziguamento para minha mente aflita.

- É, pai - ela insiste e já que Evan, a pessoa mais responsável do planeta (quase um chato) concordou com a sugestão, decido aceitar.

Não estou fazendo isso porque gostaria de passar algumas horas em um lugar cheio de estranhos suados, bêbados, ou usar um banheiro onde há pessoas ganhando boquetes em cabines ou esmagando comprimidos de oxicodona na pia, mas sim porque não estou a fim de criar um drama desnecessário com a minha filha.

Então nós as levamos para o estacionamento, nos certificamos de que elas entrem no carro e as observamos partir.

- Nunca mais faça isso - digo quando o carro desaparece.

- O quê? - Evan parece chocado.

- Você acaba com a minha autoridade na frente dela.

- É claro que não! Eu só tô tentando te fazer sair desse fundo do poço, Gerard. Acorda! São semanas que você anda por aí com essa cara de merda e você precisa viver. Precisa deixar sua filha viver também, porra! - As palavras dele me deixam completamente chocado, mas era claro que até o meu amigo mais próximo, que é sempre compreensivo, iria perder a paciência também. O problema é que isso me deixa puto, mas eu não me vejo no direito de responder.

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