XIV - O sucesso

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A minha vida realmente se tornou quase um sonho nos últimos meses, como se todas as coisas boas que pudessem acontecer decidissem explodir sob meus olhos em um festival de fogos de artifícios.

As gravações das cenas para o documentário começaram e, junto com minha equipe, acompanhamos de perto o registro do primeiro álbum da Cellabration e, depois disso, colocamos o pé na estrada para uma turnê curta, mas bastante intensa.

Eu nunca me senti tão jovem quanto agora, é como se eu pudesse realizar todos os meus sonhos de adolescência, mas sem meus pais para me controlar. É óbvio que é cansativo e muitas vezes desgastante, mas no final sempre vale a pena, porque eu tenho a sensação forte de que algo está sendo construído.

A única parte frustrante é ter que passar tanto tempo longe de B, mas sei que ela vai sobreviver. Nós até pensamos em estratégias para que ela viesse comigo, mas seria impossível, por causa da escola — obviamente Lindsey não concordaria e eu também não acho prudente. Então combinamos de que ela viria para o show final no World Vibe, que é em festival de rock alternativo.

A melhor parte de tudo é a sobremesa. Depois de tanto trabalho e cansaço eu tenho a oportunidade de fugir e encontrar com Frank quando temos algum tempo livre. É claro que a equipe desconfia um pouco dos meus sumiços, principalmente quando me convidam para visitar algum ponto turístico das cidades que visitamos, mas eu não posso evitar.

Toda essa adrenalina é excitante. É óbvio que ninguém pode saber algo sobre o nosso caso, isso foderia com meu trabalho, mas, ao mesmo tempo, não tem nada de errado nisso, além de algumas questões éticas.

Muitas vezes nós nos despedimos dos outros em público, apenas para nos encontrarmos meia hora depois. Às vezes no quarto dele e às vezes no meu. Em certas ocasiões nós precisamos dividir com outras pessoas e isso acaba atrapalhando um pouco, mas esse não é o caso agora.

Sinto minhas mãos tremerem um pouco, enquanto me esgueiro pelos corredores do hotel, torcendo para não encontrar com alguém e precisar inventar uma desculpa qualquer. Antes de me aproximar envio uma mensagem e eu assisto a porta se abrir discretamente. Eu a empurro, sentindo sua superfície rígida sob meus dedos — ok, minha mão está levemente úmida, ainda não consegui superar isso.

Entro e fecho a porta atrás de mim. Essa deve ser pelo menos a sexta vez que nos encontramos desse jeito durante essas semanas. Excluindo todos os amassos escondidos nos banheiros de clubes e camarins desativados. O único problema é que nunca sobra muito tempo, então nós nos beijamos, fodemos, trocamos algumas palavras gentis e cada um segue o próprio caminho.

O fato é que nós passamos mais tempo tendo conversas sérias por mensagens, do que quando nos encontramos pessoalmente, o que me incomoda bastante, mas não o suficiente para me fazer dar um ultimato. Nós estamos fazendo isso e estamos nos divertindo, por que estragar?

— Finalmente! Pensei que minha groupie favorita não iria vir me ver hoje. – Ele disse com um biquinho e eu apenas sorri com sua expressão infantil.

É claro que nós não temos um relacionamento oficial, mas a nossa proximidade aumentou bastante, por mais que nosso contato seja muito mais baseado na nossa atração física um pelo outro.

— Que decadência! Então eu fui rebaixado a groupie? – reclamo falsamente indignado, já tirando os sapatos para me acomodar de um jeito confortável na cama. Dessa vez ele ficou no hotel bom, enquanto minha equipe está no econômico, às vezes o orçamento nos obriga a economizar.

— Rebaixado? É claro que não, você é o único – ele sorri e pisca para mim, engatinhando na cama e colocando seu corpo sobre o meu.

O calor dele me invade e seu cheiro me encontra rapidamente. Não consigo cansar de olhar em seus olhos de esmeralda, sempre tão bonitos, não importando o horário, sempre se apresentando em diversas nuances. Eu nem consigo acreditar que ele usa essas mãos para me tocar, não consigo imaginar como ele pode me desejar tanto, apesar de toda nossa experiência juntos.

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