Amargo, Harry encolheu os ombros.
— Ele arriscou a vida por minha causa, porque eu não dei ouvidos a Snape. E ele morreu por minha causa, porque sou estúpido demais para diferenciar entre uma armadilha e uma situação real.
Tonks suspirou tristemente, seu cabelo ficando opaco, e ela bagunçou o cabelo dele.
— Nesse caso, você deveria culpar Sirius também. O professor Snape pediu para ele se afastar para não arriscar a vida desnecessariamente e ele ainda correu de cabeça quando soube que você estava no ministério cercado por Comensais da Morte. Então, muitos magos muito mais poderosos caíram em armadilhas muito menos elaboradas do que esta.
Harry parou e cerrou os punhos, seus olhos verdes brilhando de lágrimas.
— Você não entende Tonks! Ele… eu só tinha Sirius sobrando! Ele foi minha última família e eu causei sua morte!
A aurora ficou em silêncio por um longo momento, então ela finalmente disse, em voz baixa.
— Você pode optar por se torturar a ponto de enlouquecer, arrepender-se de todas as suas ações e viver no passado imaginando o que poderia ter acontecido se você tivesse agido diferente. Você vai desgastar sua saúde imaginando o que deveria ter mudado, o que deveria ter feito... Ou... Você pode simplesmente aceitar que Sirius te amou o suficiente para se sacrificar voluntariamente, assim como seus pais, e que ele ofereceu a você uma chance preciosa de continuar lutando, em nome dele. Você pode aceitar que ele queria que você vivesse e honrá-lo aceitando seu presente e sendo feliz.
Harry abriu a boca e depois fechou, confuso. Vendo que ele estava pensando, Tonks acrescentou, com um meio sorriso.
— Sirius era meu primo. Nós realmente não nos conhecíamos... bem, obviamente porque as circunstâncias o levaram a ficar trancado em Azkaban todos esses anos, mas eu sei que ele odiaria ver você chorar por ele daquele jeito. Sirius disse que perdeu muito tempo nesta prisão para continuar perdendo tempo deprimido... Então... Agora, que tal você me contar o que aconteceu com você? Eu acho que você não tropeçou acidentalmente?
Apesar de tudo, Harry soltou uma leve risada e mexeu nervosamente na gola ensanguentada da camisa. Então, ele encolheu os ombros e corou levemente, sentindo-se um pouco estúpido por suas ações. Finalmente, ele suspirou.
— Eu acredito que Malfoy é um Comensal da Morte.
Tonks riu.
— Não é nenhum segredo que Lucius Malfoy é um Comensal da Morte, Harry. Além disso, ele está em Azkaban se você se lembra bem, por ter sido pego com a parafernália do vilão perfeito na frente do nosso querido ministro que já foi tão cego.
Harry balançou a cabeça nervosamente, e franziu a testa.
— Não estou falando de Lucius. Estou falando de Draco Malfoy, seu filho. Ele mudou.
A jovem parou de repente, surpreendendo Harry, e seu cabelo ficou vermelho brilhante. Ela olhou fixamente para ele, com as sobrancelhas franzidas.
— Droga Harry! Você já brigou com ele? Ouvi falar da sua animosidade mútua, mas isso é pior de tudo que ouvi! O ano nem começou!
Harry gemeu, irritado porque seus amigos haviam falado tanto sobre sua rivalidade com Malfoy que o assunto havia virado piada até para um Auror como Tonks. Ela era provavelmente a pessoa mais mente aberta que ele já conheceu, mas imaginou que ela estava culpando Malfoy pelas brigas estúpidas deles.
— Estou te contando sobre a marca no braço dele!
Tonks torceu o nariz e cruzou os braços sobre o peito, sem tirar os olhos dele.
— Você viu com seus próprios olhos? Sua marca?
Harry corou levemente e balançou a cabeça, olhando para baixo.
— Não. Eu queria... ouvir as conversas dele e usei a capa da invisibilidade, mas ele me notou e... pronto.
Tonks balançou a cabeça e sussurrou, evitando os olhos do jovem à sua frente.
— Harry. Deixe Draco Malfoy em paz. O pai dele está na prisão e ele está lidando com... muita decepção, eu acho. Ele pode querer ser desafiador para restaurar a honra perdida, mas ignore-o. É o melhor que você pode fazer, por você e por ele.
— Mas…
— O fato de vocês serem rivais é conhecido. Não tente... vingar Sirius atacando outro adolescente, tão perdido quanto você. Tudo bem? Remus me contou sobre... o modo como seu pai e Sirius trataram o Professor Snape em Hogwarts. Eu sei que você sabia disso e desaprovou. Não faça a mesma coisa só porque é guerra e ele tem sobrenome de Comensal da Morte.
Harry abriu a boca, indignado por ter sido acusado dessa forma, então a fechou com força e enfiou as mãos nos bolsos e abaixou a cabeça, todo o seu corpo tenso enquanto ele fazia uma careta. A raiva voltou para ele, quando mais uma vez ele não foi ouvido. Para seu alívio, eles chegaram aos portões de Hogwarts e ele pôde ver Snape esperando, com sua cara de durão. Filch estava segurando Malfoy e tentando confiscar a bengala de seu pai, que ele parecia querer usar. Luna Lovegood esperava, um pouco atrás, com ar sonhador, girando, indiferente ao que acontecia ao seu redor.
O jovem lançou um olhar desapontado para Tonks — ele pensou que ela acreditaria nele, o levaria a sério — e murmurou um agradecimento por tirá-lo do trem e acompanhá-lo até os portões de Hogwarts. Ela respondeu com um sorriso triste, visivelmente hesitante em falar, mas Harry se virou e atravessou os portões de Hogwarts antes que ela pudesse continuar a lhe dar um sermão.
Como ela era o membro da Ordem com a menor diferença de idade em relação a ele — além dos meninos Weasley — ele sempre a achou legal e achou que seria mais fácil conversar com ela. Como ela era parente de Sirius e tinha um envolvimento amoroso com Remus, ele imaginou que ela iria ouvi-lo seriamente. Contudo, ele não esperava o pequeno discurso moralizante que ela lhe fizera. Eventualmente, ele descobriu que Tonks o via exatamente como os outros: como um garoto bobo e um pouco caprichoso.
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Promasse de Sang ( Tradução )
FanficApós a morte de seu padrinho, Harry afunda. Ele se afasta de seus amigos para protegê-los e perde a confiança em Dumbledore por causa de suas omissões. Até que um antigo ritual é acidentalmente realizado, mudando a vida de Harry... ▷► ESSA HISTÓRIA...