Harry tentou lhe dar uma explicação sobre o retrato da mãe de Sirius, para tranquilizá-lo já que Draco parecia em estado de choque, mas ele começou a rir nervosamente. Draco o encarou, com uma expressão assustada que achou altamente cômica, sem contar que todo o nervosismo que acumulara parecia fluir dele em forma de risadas nervosas irreprimíveis. Havia a culpa de ter machucado Draco, quase matando-o, a promessa mágica que havia sido feita sem o seu conhecimento — mas que ele pretendia cumprir — o comportamento de Dumbledore, os beijos deles, a fuga de Hogwarts e seu épica viagem no Nôitibus, a conversa estranha que o próprio Harry havia iniciado e finalmente sua chegada ao Largo Grimmauld. Walburga Black interpretando a harpia como sempre, foi apenas a gota d'água que fez transbordar o caldeirão de suas emoções... Essa última imagem de um caldeirão cheio e pronto para transbordar alimentou seu colapso nervoso, enquanto sua mente passava de um assunto para outro freneticamente, privando-o qualquer capacidade de pensar e impedindo-o de se acalmar.
Draco cruzou os braços sobre o peito, estreitando os olhos de forma beligerante, visivelmente irritado com a risada do companheiro, mas Harry não conseguia recuperar o fôlego. Ele tinha lágrimas nos olhos de tanto rir e estava começando a sentir cólicas abdominais. Sua súbita gargalhada teve pelo menos o mérito de interromper a litania de insultos do retrato e Walburga olhou para ele em silêncio, de boca aberta...
Harry sentiu como se nunca tivesse rido tanto em sua vida, mesmo que a situação não fosse tão engraçada. Na verdade, a situação nem tinha graça, muito pelo contrário. Porém, ele teve a impressão de que se parasse de rir seria para começar a chorar ou gritar, todas as suas emoções transbordavam e o dominavam como nunca antes. Ele estava literalmente se afogando, lutava para recuperar o fôlego e seu estômago queimava, mas ele não conseguia parar de rir.
Na frente dele, o olhar chocado de Draco não melhorou as coisas. Harry nunca pensou que seria capaz de silenciar o sonserino assim ou obter esse tipo de expressão dele. Além disso, ele também nunca pensou que conseguiria silenciar Walburga Black, sem precisar dizer uma única palavra.
Respirando forçadamente que queimava seus pulmões, ainda perdido em seu ataque de riso, Harry de repente pensou que Sirius teria ficado encantado ao ver o retrato de sua mãe temporariamente mudo e não conseguiu evitar que uma lágrima rolasse por sua bochecha, queimando seu rosto ao longo do caminho.
****
Draco estava praticamente em choque ao encarar um Potter à beira da loucura. O grifinório parecia completamente descontrolado, rindo histericamente, corado e com falta de ar. No entanto, seus olhos estavam cheios de angústia e lágrimas. Não havia alegria nessa risada forçada e ouvi-la apertou dolorosamente seu coração.
Não era preciso ser um gênio para descobrir que ele estava finalmente desmoronando depois de ter que suportar muita coisa por muito tempo. Com base no que ele entendeu sobre sua vida, Harry provavelmente não teve a oportunidade de lamentar seu padrinho adequadamente por causa de sua família trouxa, que não se importava com ele tanto quanto deveria. Sem mencionar que foi obviamente a primeira vez que ele pisou na casa de Sirius desde da sua morte.
O sonserino não sabia o que fazer para ajudá-lo, mas tinha certeza de que conversar com ele não adiantaria nada. Harry parecia ter aberto todas as comportas de suas emoções e algumas palavras não mudariam seu terrível estado emocional. A única coisa que Draco sabia era que não deveria deixá-lo assim. Finalmente, com um grunhido irritado, Draco ergueu a varinha e apontou para Harry.
— Aguamenti!
Um jato de água fria saiu da varinha e respingou em Harry, interrompendo sua risada. O Grifinório ficou imóvel, encharcado, pingando miseravelmente no carpete empoeirado e desgastado do corredor, olhando para ele com um olhar quase traído e infantil.
Draco balançou a cabeça e deu um leve sorriso zombeteiro, tentando agir normalmente e esconder sua preocupação. Harry parecia perdido e terrivelmente frágil.
— Você precisava de ajuda para se acalmar... Não sou muito bom com ataques histéricos então... Posso muito bem usar o método mais eficaz.
Apesar de tudo, o sonserino suspirou ao ver o olhar miserável de Harry. O jovem estava imóvel, com os olhos vazios, sem reagir às palavras do companheiro. Draco se aproximou lentamente para tomá-lo nos braços, estremecendo ao sentir as roupas molhadas e frias contra ele. Porém, ele rapidamente esqueceu o inconveniente ao sentir Harry agarrando-se a ele quase em desespero. Ele o abraçou de volta, passando a mão suavemente pelos cabelos encharcados e quando o sentiu tremer, se afastou para perguntar onde ficavam os quartos. Harry não respondeu, seus olhos estavam vazios, aparentemente perdidos em sua mente.
Draco não teve tempo de se preocupar com a falta de reação de Harry. Ele ficou surpreso com a chegada de um velho elfo de aparência taciturna, que parecia odiar Harry, se o olhar maligno que ele lhe lançou fosse alguma indicação. Porém, quando o elfo olhou para ele, seus olhos redondos se arregalaram e ele se endireitou, como se quisesse causar uma impressão melhor, provavelmente reconhecendo sua ascendência e querendo impressionar o jovem sangue puro diante dele.
Antes que Draco pudesse lhe dar uma ordem, a criatura se curvou profundamente diante dele, seu rosto enrugado exibindo um sorriso largo, quase presunçoso.
Irritado com o elfo — o estado da casa provava que ele não era exatamente eficaz, sem mencionar a maneira como olhou para Harry — Draco fez uma careta e rosnou com sua voz mais autoritária, desviando o olhar da criatura, recusando-se a mostrar interesse nele.
— Você! Leve-me para o quarto de Harry! Imediatamente!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Promasse de Sang ( Tradução )
Hayran KurguApós a morte de seu padrinho, Harry afunda. Ele se afasta de seus amigos para protegê-los e perde a confiança em Dumbledore por causa de suas omissões. Até que um antigo ritual é acidentalmente realizado, mudando a vida de Harry... ▷► ESSA HISTÓRIA...